Isabela estava sentada em cima de uma pedra segurando sua bolsa com força contra o corpo, Fernanda estava ao seu lado com Henrique no colo, Tiago andava de um lado para outro com o telefone na orelha, já Paula estava no meio fio acenando para qualquer carro que passasse em busca de ajuda.
-Deveríamos ter ficado em casa. - ela resmungou.
-Você sabe que isso não é uma opção. - Fernanda disse.
-Isso é ridículo, estamos indo apenas para mamãe esfregar na cara de tia Carola que Henrique entrou naquela escola de gente rica. Além do mais, Rique só entrou porque papai é amigo do dono.
-Mas ninguém precisa saber, você sabe muito bem como mamãe e tia Carola são.
-Nanda, a gente não vai ser assim, vai?
Fernanda sorriu passando o braço pelos ombros dela.
-Não seu preocupe, já estarei rica quando você entrar na faculdade.
Isabela apenas revirou os olhos para irmã e se levantou caminhando até a mãe. Paula, assim que notou a aproximação da filha, sorriu.
-Entusiasmada para reencontrar seus primos?
-Tanto quanto você está para encontrar seus irmãos. - sorriu falsamente antes de fechar a cara e voltar o olhar para a estrada. - Para um feriado nacional até que a estrada tá lenta.
-Sei que não é assim que você queria passar seu ano novo, mas eu prometo que no próximo ano você pode ir pra onde quiser.
-Por que eu não acredito nisso? - indagou girando os calcanhares e seguindo em direção ao seu pai. Tiago havia parado de andar e agora olhava para o celular, Isabela deu um passo para trás prevendo o que iria acontecer, o aparelho foi jogado com força contra o chão e seus pedaços ficaram espalhados.
-Tiago! - Paula gritou apressando o passo até o marido, Isabela mordeu o interior das bochechas impedindo o riso de escapar de sua boca. - Nada se resolve com violência.
-Mas eles são um bando de filhos da P-U-T-A.
Isabela revirou os olhos, seus pais nunca xingavam na frente deles e quando faziam era soletrando. Ela havia aprendido a soletrar caralho com seis anos e foda-se com nove.
-O que eles fizeram? - Fernanda indagou, Isabela nem havia visto-a se aproximar.
-Disseram que não podem mandar um reboque porque todos estão em suas casas curtindo o feriado.
-E o que vamos fazer agora? - questionou cruzando os braços.
-Acho que tem uma borracharia aqui perto. - Paula disse passando a mão pelo cabelo castanho claro. - Eu e Bela vamos até lá, enquanto vocês ficam aqui de olho no carro.
-Por que eu?
-Vai ser uma aventura.
Isabela olhou para a mãe, não estava com muita vontade de andar muito menos de ir até um lugar sujo, que muito provavelmente estaria fechado. Estava cansada, havia acordado muito cedo para ir até a casa de seus avós, queria apenas dormir no carro e acordar na casa deles.
-Eu posso ir mamãe? - Rique indagou sorrindo para elas, Isabela tinha inveja do bom humor dele.
-Acho que vai ser um pouco cansativo para você, amorzinho. - Paula disse colocando as mãos sobre o joelho e seu inclinando para frente.
-Vamos lá, mãe. Vai ser uma aventura. - imitou o tom de voz de sua mãe e sorriu falsamente. Henrique pulou feliz e começou a seguir em frente, Isabela o seguiu.
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100 batimentos por minuto
Historia Corta"Vamo lá, e seja o que eu quiser E o futuro só pertence a mim"