31 de dezembro, 09:00

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Paula sempre havia conseguido tudo o que queria, Isabela sabia muito bem disso, então não se surpreendeu quando sua mãe voltou toda feliz para onde eles estavam.

-Ele cedeu. - ela disse sorrindo feliz.

-Então ele vai guinchar o nosso carro?

-Não exatamente.

-Então como ele exatamente cedeu, querida mamãe? - Isabela indagou.

-Ele vai consertar o carro, mas temos que trazê-lo até aqui.

Isabela riu cansada e voltou a se sentar no pneu.

-Mãe.

-Eu sei, meu amor, mas tenho certeza que seu pai vai ter alguma ideia que irá ajudar. Deixa eu apenas ligar pra Fernanda. - Paula se afastou e Isabela fechou os olhos escondendo o rosto entre as mãos, estava cansada física e emocionalmente.

-A mamãe é perfeita. - Henrique disse.

-Se você acha. - resmungou.

-Não, eu quero saber se a mamãe é perfeita.

Isabela olhou para o irmão.

-Claro que não. Ninguém é perfeito.

-Então por que todos dizem que ela é?

-Perfeição é uma palavra com significados variados. Mamãe pode ser perfeita para muitas pessoas, mas para mim não é. - disse tentando não soar tão ácida para o seu pequeno irmão, Rique não tinha culpa de seus problemas.

-Mas ela sempre tenta fazer o melhor para você.

-E é isso que irrita. - não entraria em detalhes com ele, mas a maneira como foi criada, de uma forma mais liberal do que normalmente é comum para crianças, lhe causou mais problemas do que poderia contar. Seus pais não haviam lhe imposto limites e acabou que ela própria tinha problema em respeitar às regras impostas pela sociedade.

-Tudo pronto. - Paula disse se aproximando deles com um sorriso no rosto. - Seu pai já vem, ele disse que dará um jeito.

-Mal posso esperar para saber qual será a ideia mirabolante dele.

Paula ignorou o seu mal humor e iniciou uma longa e profunda conversa com Henrique sobre seus futuros planos assim que chegasse a casa da amada (ironicamente falando) avó. Isabela apenas queria se enfurnar dentro do carro e dormir, acordando apenas quando chegasse a Vila Boa. Ela não sabia dizer muito bem quanto tempo havia se passado quando ouviu o barulho da buzina se aproximar, ergueu a cabeça esperando avistar o carro andando lentamente sendo empurrado pelo seu suado e cansado pai, entretanto o que ela viu foi o lindo corolla da família vindo mais rápido do que o recomendado em sua direção. Isabela nunca havia sido boa com ações repentinas, respostas rápidas e ácidas sempre foram mais o seu feitio, por isso não se surpreendeu quando sua mãe a empurrou com força para o outro lado deixando o carro se jogar contra a pilha de pneus que antes a mesma estava sentada. Não havia como o seu lindo dia ficar pior.

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