Capítulo 10 - Esgoto

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     Tudo já está escuro e esse é o momento certo para sair e colocar meu plano em prática, se tudo ocorrer bem, chegarei aqui em casa antes do shopping explodir.

     Visto uma roupa preta, impermeável, coloco botas de borracha e visto um casaco impermeável por cima pra não deixar a roupa de baixo ficar fedida.

    Antes de sair deixo um bilhete para meu marido, avisando que vou buscar nossa filha e que não precisa se preocupar, pois eu tenho um ótimo plano e vou tentar ficar salva.

     Saio de casa e levo o mapa do esgoto da cidade, fiz uma breve busca e achei um esgoto mais perto, ele ficava a 1 quarteirão da minha casa, então fui andando normal pra não levantar suspeitas.

- tia Lana? - uma voz ecoou e fiquei esperando ser apenas uma ilusão da minha cabeça - o que está fazendo aqui a essa hora? - me virei e vi o Dudu parado me encarando

- eh...eu fui passear um pouco, tô cansada de ficar em casa o tempo todo - falo tentando fazê-lo acreditar

- mas já são 22:21 - diz olhando pro relógio em seu pulso

- é, agora é a melhor hora pra sair, mas e você? O que faz aqui a essa hora? - digo tentando mudar de assunto

- acabei de vim do treino de basquete, tem o campeonato daqui a 5 dias - diz tristonho - queria que a Narcisa estivesse aqui, eu não consigo ficar uma hora sem pensar nela e em como eu fui tolo em deixá-la sozinha naquele lugar com aquelas pessoas, eu só queria que ela estivesse aqui comigo, eu me sinto um irmão tão irresponsável - diz deixando lágrimas rolarem em seu rosto, me fazendo chorar também

- não se preocupe, estou dando um jeito, vou buscá-la logo, ela vai voltar logo, ela vai estar bem - digo me aproximando e o abraçando

- e se ela não voltar?

- se ela não voltar eu também nunca voltarei - digo o soltando e dando um beijo na bochecha - tchau meu filho, a tia te ama tá? Adeus - disse saindo e indo rápido pra não fazê-lo me seguir

- tia Lana! Volta aqui, pra onde a senhora tá indo? - diz vindo correndo e me escondo perto de um beco, o vejo vasculhar os lugares próximos e vai embora confuso pra casa, isso me dá um alívio

     Continuo o meu plano e entro rápido no esgoto, meu estômago quase embrulhou ali mesmo, coloquei minha máscara para não cheirar esse cheiro horrível, coloquei uma lanterna na cabeça, segurei outra lanterna e abri o mapa, que indicava que eu precisava ir para a direita daquele túnel, comecei então meu trajeto, indo pra direita e quase caindo sobre aquela água suja quando vi um rato morto na minha rota.

***

     Os homens terroristas estavam cada vez mais agressivos conosco, só esta noite eles bateram em 5 crianças, 2 mulheres e 4 homens, não sei o motivo deles, mais isso me deixa mais irritada, se ele ousar bater em mais alguma pessoa, juro que eu mesma bato nele.

     Tento me acalmar e pensar em outras coisas, tento me animar um pouco, penso na Wemely e no Dudu e em como eles sabem me acalmar quando mais preciso, espero que eles estejam bem, queria eles aqui comigo, mas é melhor assim, eles não precisam sofrer tudo isso que estou sofrendo agora, pode parecer infantil da minha parte ficar assustada assim, mas isso é uma tortura muito grande.

     Já era noite, dava pra perceber pelas luzes fracas que iluminava o local, já jantamos e agora estamos deitados em nossas camas, quer dizer, nesses colchonetes desconfortáveis, eu não consigo dormir, eu não consigo ficar de boas nesse lugar, com essas pessoas, com suas atitudes, ah como eu odiava esse lugar, mas uma pessoa me fazia ficar feliz aqui, só essa pessoa, só o Jonas, eu não sei de onde ele veio, nunca nem o vi, mas ele chegou e me fez tão feliz, que ahh, ainda bem que eu tenho ele comigo nesse lugar, quer saber? Vou dormir.

72 horasOnde histórias criam vida. Descubra agora