O tempo não tem tempo

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Era mais um dia de sol quente. Deveria ser o início do outono, porém o Rio não sentia essa temperatura. Para ajudar, Marina andava inquieta de um lado para o outro dentro do consultório.

-Marina pelo amor de Deus, sossega antes que eu te amarre nessa cadeira. – Clara ralhou com a mulher. A fotógrafa olhou para a morena e sentou ao seu lado.

-Que demora, aquela mulher tá lá dentro umas três horas, veio fazer ultrassom ou ter o filho? – Marina falou olhando para a porta.

-Primeiro filho? – Tinha uma mulher junto com as duas na sala de espera. Ela sorriu ao ouvir a conversa e acabou perguntando.

-É sim. – Clara sorriu. – Descobrimos semana passada.

-Parabéns. E podem relaxar que é só um ultrassom de rotina, meu sobrinho não vai nascer hoje não. – A moça sorriu.

-Obrigada. – Clara respondeu e olhou para Marina. A fotógrafa tinha ficado um pouco envergonhada e ficou calada. Não demorou muito para a paciente sair e Clara ser chamada. A morena trocou de roupa, enquanto Marina já foi falar com o médico.

-Vamos lá Clara. – O doutor sorriu e esperou a morena se deitar. Passou o gel e ligou o aparelho. Marina olhava de Clara para a tela e da tela para o médico.

-Então...tem um bebê aí? – A fotógrafa não conseguiu ficar calada por muito tempo.

-Tem sim Marina. – O médico riu. – Deixa eu mostrar, estão vendo esse pontinho aqui? – Ele apontou na tela e as duas concordaram que sim. – Então, aqui está o bebê de vocês.

As duas sorriram. Marina segurou as mãos da esposa e sentiu Clara apertar de volta.

-E vocês estão vendo isso aqui? – O médico apontou em outro ponto. Marina gelou. Clara levantou a cabeça querendo ter certeza que estava olhando para o mesmo lugar. – Isso é outro bebê. Parabéns. – O médico olhou sorrindo para as duas.

-São...tipo...são gêmeos? – Clara gaguejou ao falar. Olhava surpresa para o médico.

-Sim, são gêmeos. Isso é comum acontecer em inseminações. E já podemos dizer que são bi vitelinos.

-São...eu doei os óvulos...- Marina falou ainda assimilando a notícia. Estavam prontas para um bebê, estavam montando um quarto, discutindo um nome, era inevitável o choque.

-Não dá para saber qual o óvulo fecundado. Não tem uma certeza aqui, talvez os dois sejam dos seus óvulos, talvez sejam dos da Clara, sejam um de cada, eu não posso dizer quem é a mãe biológica nesse momento.

-Isso não importa, é só que estamos chocadas. – Clara respondeu e olhou apreensiva para Marina.

-É natural. Mas podem comemorar, inseminações às vezes desenvolvem até cinco fetos...- O médico falava quando Marina o interrompeu.

-Mas são só dois né? Você contou direito, certo?

-São apenas gêmeos. Parabéns mamães.

Clara apertou mais uma vez a mão da fotógrafa, atraindo seu olhar para ela. A morena sorria agora. Marina não conteve o sorriso também. As duas tinham lágrimas de emoção. Clara trocou de roupa, e assim que encontrou a mulher no lado de fora do consultório, as duas se beijaram.

-Gêmeos. – Clara disse rindo.

-Duas meninas. – A fotógrafa falou rindo.

-Vamos ver, senhora vidente. – Clara respondeu e beijou novamente a esposa. Saíram do consultório direto para a casa da mãe da morena.

Se Non Te parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora