Foi tudo obra dela. A Barbara engendrou tudo isto, o fim do meu casamento, o rapto das minhas filhas, o meu sofrimento. Ela drogou o Niall, levou-o para o quarto e fez-se passar por mim, seduzindo-o. Ela foi a causadora de todo o meu sofrimento nos últimos sete meses.
Mas agora que sei a verdade, já não estou tão certa de querer estar sozinha. Niall foi uma vítima no meio disto e, na minha perspetiva anterior, ele tinha-me traído sóbrio e consciente. Acho que está na altura de ter outra perspetiva. Mas não tenho a certeza de que voltar para ele já é o melhor, acho que preciso de um tempo sozinha para pensar bem naquilo que quero. Acabei há pouco tempo com Dylan, preciso de uns tempos sozinha para assimilar tudo o que aconteceu e tudo o que eu sinto. A minha cabeça está uma confusão e eu não quero que o Niall esteja nela.
Os meus olhos encaram o teto branco do hospital, não sei há quanto tempo estou acordada, mas sei que ainda não vi ninguém e isso preocupa-me. A porta do quarto abre e eu desvio o olhar para a mesma, encontrando os meus três filhos.
"Mãe!" Chamam em uníssono e correm até mim. Edwin abraça-se ao braço que não está ao peito, Eleanor senta-se na cadeira e coloca Charlotte no colo dela. Esta agarra a minha mão e deixa um beijo na mesma.
"Como é que vocês estão?" Pergunto e acaricio a mão de Charlotte.
"Estamos um pouco assustadas com tudo isto. Mas, e tu, mãe?" Pergunta Eleanor.
"Estávamos tão preocupados contigo, mãe." Edwin diz e eu sorrio.
"Eu estou bem, dói-me um pouco o ombro, mas estou bem." Asseguro e mordo o interior da bochecha, tentando não perguntar o que quero perguntar. "O pai?" Não resisto.
"Está lá fora a falar com o médico." Edwin responde e eu assinto ao mesmo tempo que a porta abre, revelando Niall e o médico.
"Meninos, podem deixar o pai falar com a mãe?" Pergunta, noto a sua tristeza de imediato, o que me deixa nervosa, quase em pânico.
"Vamos comer." Edwin beija a minha bochecha e afasta-se da cama, passando pelo Niall e pelo médico. "Espero que hajam coisas boas para comer neste estabelecimento." Acrescenta e eu não evito rir da escolha de palavras caras do meu filho, assim como Niall, Eleanor e o médico.
"Ed, espera!" Eleanor chama e levanta-se a seguir à Charlotte. As duas beijam a minha bochecha e saem do quarto. Olho para Niall, que se aproxima de mim e agarra na minha mão.
"O que é que se passa?" Pergunto ao olhar mais uma vez para os olhos tristes do meu Niall.
Ele não é meu
"Miss Malik, o Mr. Horan disse-me que há alguns tempos que a senhora anda com dores num dos seios." Começa o médico e eu engulo em seco, lembrando-me de uma das vezes que eu e Niall estivemos juntos, há umas horas atrás.
As mãos de Niall passam pelos meus seios e apertam-nos, fazendo-me libertar um som de dor.
"O que foi?" Pergunta, parando de imediato os seus movimentos com as mãos.
"Nada, é só que magoaste-me." Respondo e ele apalpa com suavidade o meu seio esquerdo, franzindo o sobrolho.
"O que é isto?" Pergunta e eu uno as sobrancelhas.
"Isto o quê?" Pergunto e ele volta a apalpar o meu seio, mas centra os dedos na parte lateral.
"Isto aqui." Responde e eu levo a mão ao encontro da sua, apalpando também. Sinto algo duro, mas, naquele momento, não queria saber, queria Niall perto de mim.
"Não é nada." Descarto a situação.
"Não, isto é alguma coisa, claramente. Devias ir ao médico." Aconselha e eu suspiro.
"Depois." Resmungo e puxo-o para mim, beijando-o, mas ele não responde.
"Estou a falar a sério. Tens dores?" Pergunta e eu bufo.
"Tenho tido algumas, mas não é nada de mais." Respondo.
"Promete que vais ao médico." Pede e eu bufo.
"Está bem." Cedo e ele ergue a sobrancelha, o que me faz rolar os olhos. "Eu prometo que vou ao médico." Prometo e ele assente. "Agora, beija-me." Mando e puxo-o para mim. "Beija-me!" Ordeno e beijo Niall. E, desta vez, ele responde ao beijo.
"Sim." Confirmo as palavras do médico.
"Bem, eu aproveitei e mandei fazerem-lhe umas análises aos seios e..." Começa e passa a mão pela barba perfeitamente aparada e de um tom grisalho misturado com algum castanho.
"E?" Incentivo.
"Foi detetado um Carcinoma Lobular Invasivo." Revela e a minha cabeça anda à roda.
"Isso significa que..." Começo e aperto a mão de Niall, que acaricia a mesma.
"Significa que é um cancro. Iniciou-se nas glândulas produtoras de leite, mas está a espalhar-se pelo tecido adiposo do seu seio esquerdo, mas tem uma dimensão pequena." Explica e oiço um pi constante, enquanto a voz do médico ecoa na minha mente. "É operável, mas irá ser necessário fazer tratamento."
"Que tipo de tratamento?" A voz de Niall soa com eco.
"Quimioterapia e em seguida Radioterapia." Responde o médico.
"Amor, não chores." Niall pede com a voz fraca e só aí é que me apercebo que estou a chorar.
"Lamento muito, Miss Malik." O médico diz. "Não perca a esperança, a sua situação não é difícil." Garante e o pi constante aumenta o volume e é a única coisa que oiço.
Era verdade que há umas semanas que sentia uma dor no seio, mas não liguei muito, nunca pensei que pudesse ser um cancro. Nunca pensei que pudesse ser algo tão grave e sério. Não estava à espera de uma notícia destas, o que vou dizer aos miúdos quando tiver de rapar o cabelo para me adaptar porque, mais tarde, irei ficar completamente careca?
Já passei por tanta coisa na minha vida, tinha agora de vir mais um problema para me deitar abaixo. Mal tinha acabado o problema de Barbara e dos seus sentimentos obsessivos por Niall, entro de carrinho num cancro da mama. Como o médico disse, é operável e relativamente fácil. Mas a quimioterapia é um tratamento desgastante, vai levar muito de mim, tanto a nível físico como a nível psicológico.
Mas, sei que vou ter o apoio das raparigas e dos rapazes. E do Niall, especialmente do Niall. Sei como ele é, vai estar lá para mim sempre e isso não me podia deixar mais feliz e esperançosa.
Olá!!! Espero que tenham gostado! Se tiverem alguma dúvida sobre os conceitos médicos, eu esclareço!
Beijinhos
Xx
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Tied Up |N.H| - Sequel of "A Concert Changed My Life"
FanfictionSete anos depois, a vida de Rita está diferente. Muito diferente... A sua relação com os rapazes continua ótima, mas o mesmo não se pode dizer do seu casamento... Estavam na crise dos treze anos. Será que não passa apenas de uma mera crise? "Eu nunc...