Os meus olhos abrem e piscam devido à luz no quarto. Adormeci novamente, esta última semana tem sido terrível, exames atrás de exames, consultas atrás de consultas para explicar os procedimentos da operação e o tratamento de quimioterapia. Ainda não me sentia pronta para o que aí vinha, mas acho que nenhuma mulher está pronta para isto.
Os miúdos já perceberam que eu não estou bem, a única coisa que sei fazer desde há uma semana para cá é chorar e pensar no pior. Sei que não devia pensar assim, devo ter esperança, mas ao mesmo tempo, não consigo. Um cancro muda uma pessoa, em termos físicos e psicológicos. Lembro-me da minha vizinha do quinto andar. Teve um cancro e ficou desgastada, só voltou a ser ela mesma ao fim de cinco anos.
A Eleanor passa mais tempo a perguntar-me como me sinto do que a discutir com o Edwin por alguma coisa, o que eu achava que era impossível. A Charlotte faz-me todos os dias um desenho da nossa família aparentemente feliz, como se não houvesse nada para nos abater. Ela disse-me que quando eu ficasse boa queria ir ao parque que desenhou. O Edwin está constantemente a dizer que gosta muito de mim e que eu sou a mãe mais forte do mundo que vai ultrapassar isto com uma perna às costas. É bom ver que os meus filhos me apoiam e têm esperança, dando-me esperança.
O Zayn não me larga a braguilha, só falta vir dormir para a mesma cama que eu e ir comigo à casa de banho. Ainda ontem quando me levantei do sofá para ir à casa de banho ele levantou-se num ápice e perguntou-me onde é que ia. Respondi-lhe que ia à casa de banho e se ele me queria ajudar a baixar as calças. Ficou furioso comigo por estar a desvalorizar a sua proteção, segundo ele. Ou seja, a única coisa boa naquele momento foi o facto de ter feito a casa inteira rir. E claro, o facto de ter tido um momento de privacidade que só tinha quando entrava na casa de banho.
O Harry voltou à sua fase de melhor amigo protetor e pretende roubar o lugar do Zayn. Às vezes, penso que são os dois meus irmãos. O Liam e o Louis estão preocupados, como toda a gente, mas não são o exagero, como o Harry e o meu irmão. As raparigas estão a provar-me que são mesmo as melhores amigas que podia ter, não que precisasse de provas. Já tinha tido demasiadas provas de que a nossa amizade é tão forte quanto Hércules.
E o Niall... O Niall tem sido tão querido e atencioso para mim, faz-me lembrar dos nossos momentos enquanto marido e mulher. Nas tardes em que me sinto cansada, talvez de chorar, e vou dormir, oiço de cinco em cinco minutos a porta a abrir e sei perfeitamente que é Niall que me vem ver.
A porta do quarto abre e eu viro a cabeça para a mesma, encontrando Niall.
"Já acordaste." Diz com um sorriso e fecha a porta, caminhando até à cama. "Os miúdos estão a ver um filme com o Lucky." Informa e eu sorrio.
"Aposto que é 'A Dama e o Vagabundo'." Tento e ele ri-se, sentando-se ao meu lado. Só aí é que me apercebo que tem uma caixa na mão.
"Acertaste." Confirma e eu aponto para a caixa nas suas mãos.
"O que é isso?" Pergunto e ele abana levemente a caixa.
"Comprei para ti." Responde e eu ergo-me, ficando sentada.
"Não era preciso dares-te a esse trabalho." Digo.
"Apesar de te ter oferecido diversas coisas do género, isto é uma coisa simples que eu gostava que usasses como uma forma de eu estar sempre contigo." Explica e eu rio-me, abanando a cabeça.
"Diversas?" Interrogo, percebendo que ele se refere a algum tipo de jóia. Aliás, o embrulho não engana. "É mais milhões." Ele ri-se.
"Eu adoro oferecer-te coisas, sempre adorei." Confessa e eu ergo a sobrancelha.
"Porquê?" Pergunto.
"Porque gosto de ver o teu sorriso de surpresa. Mesmo que tu já saibas o que é, não deixas de sorrir surpreendida." Responde e eu desvio o olhar, suspirando.
"Eu fico surpreendida porque penso em como será possível ter alguém como tu a meu lado." Justifico e sinto os seus dedos agarrarem o meu queixo e virarem-no para ele.
"Tu mereces o mundo, Rita." Diz. "Tu salvaste-me a vida, isso foi a maior prova de amor que alguém podia dar." Acrescenta.
"Tu sabes que faria isso e muito mais." Digo em voz baixa.
Apesar de tudo, eu ainda não sei se devia reatar com Niall, quer dizer, vou estar a prendê-lo a mim por causa desta doença.
"Ei." Ele chama. "Tu és tudo para mim, eu nunca te vou deixar, percebes? Agora que tu sabes a verdade, eu não faço tenções de te deixar escapar por entre os meus dedos." As suas palavras são como tiros contra os meus pensamentos estúpidos.
"Eu não quero ser um fardo para ti por causa desta doença." Digo e ele abana a cabeça.
"O quê?" Pergunta incrédulo. "Tu não podes dizer isso, tu não és fardo nenhum, tu és o amor da minha vida." Coloca o meu rosto entre as suas mãos, fazendo com que olhe nos seus olhos. "Ouviste? Tu és tudo para mim, eu vou estar ao teu lado nesta fase má, tal como estarei para sempre." Assegura e encosta as nossas testas. "Porque quando duas pessoas se amam, devem ficar juntas." As suas palavras fazem-me sorrir e, pouco depois, os meus lábios estão juntos aos seus.
Ele é tão bom para mim. Niall ama-me tanto, ele sabe sempre o que dizer e quando dizer. E eu agradeço tanto por tê-lo na minha vida. Por mais que o afaste, ele volta sempre, ele luta para ficar. E eu sou uma estúpida por o afastar devido aos meus demónios.
"Eu amo-te." Sinto o sorriso de Niall formar-se ao ouvir as minhas palavras, o que me faz sorrir também.
Olá!!! Espero que tenham gostado!
Beijinhos
Xx
VOCÊ ESTÁ LENDO
Tied Up |N.H| - Sequel of "A Concert Changed My Life"
FanfictionSete anos depois, a vida de Rita está diferente. Muito diferente... A sua relação com os rapazes continua ótima, mas o mesmo não se pode dizer do seu casamento... Estavam na crise dos treze anos. Será que não passa apenas de uma mera crise? "Eu nunc...