Keep distance, im hurt!

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Mantenho os olhos fixos na TV onde passa um filme muito fofo de golfinhos, Hyunwoo assiste ao meu lado enquanto acaricia meus cabelos. Não me lembro de muitas coisas desde que vim para o hospital mas lembro o suficiente para evitar dormir todas as noites.
Recebi visitas dos meus amigos que tiveram o completo cuidado ao se aproximar de mim, mas quando Hyungwon foi se despedir se aproximou para me dar um beijo e eu me encolhi fazendo meu bichinho se sentir mal. Choro baixinho, estou com medo de não ter minha vida de volta, estou com medo disso me dominar, e se acontecer de novo? E se vierem atrás de mim? Eu prefiro a morte do que ter de passar por aquilo de novo. A única pessoa que permito um pouco mais de contato é com a minha sogra, mas não tanto ao ponto de abraçá-la e todas as excessões de antes, agradeço aos sedativos noturnos que me dão e mais ainda por quem cuida de mim ser médica mulher, mas meus agradecimentos por esse pequeno fato muda quando começo a considerar que ela está fazendo isso de propósito.
Vejo que lança alguns olhares furtivos à Hyunwoo que não dá muita trela, se aproveita da situação pra conversar com ele como já peguei diversas vezes mas como ele é fechado, só conversam o básico sobre meu estado. Se ela me der um medicamento pra me dopar e acontecer algo, ou comigo ou com os dois? E se ela tiver contato com aqueles caras? E se eles descobrirem onde eu estou? Me sento na cama com fortes dores no corpo, estou cansado de ficar deitado, tento  levantar me apoiando no suporte de soro mas despenco no chão sem firmeza. Hyunwoo sai do banheiro e se aproxima, arregalo os olhos me encolhendo para que não me machuque e não me toque, ele se abaixa

-Minhyuk? - ele chama, mantenho a cabeça baixa, não consigo manter contato visual - posso apenas te ajudar a voltar para cama? Não vou me aproximar, prometo - pede - faremos assim, você se apoia em mim e volta para cama, tudo bem? - assinto uma única vez, ele vira de costas pra mim ainda abaixado, me apoio nele como o combinado e subo pra cama voltando a me sentar - não pode levantar amor, está fraco - ele me cobre com distância

-Eu tô cansado de ficar deitado - falo baixo

-Vou tentar te tirar daqui pra dar uma volta, mas não agora, precisa de repouso - volto a me deitar

-Ela gosta de você - murmuro

-Ela quem? - aponto pra médica e ele sorri -E eu amo você, não se preocupe com isso, estou bem estando como estou - apenas assinto.

                     ~………………~

A medida em que os dias passam, Hyunwoo começa a se aproximar. Ganho alta do hospital e minha sogra me leva para sua casa já que eu quero distância do local onde aconteceu todo aquele horror. Me sento na cama de Hyunwoo encolhido, eu não quero ficar nesse quarto, eu quero minha casa, minha família, minha mãe... olho a aliança em meu dedo, parece que tudo aquilo que eu acreditava se foi, eu não era santo mas minha inocência se foi, arrancaram aquele Minhyuk de mim da forma mais bruta e animal que alguém pode imaginar e eu só temo pelos que querem meu bem, não será algo fácil, não vai ser mais daquele jeito... nunca mais

-No que pensa?- Hyunwoo adentra o quarto enquanto ainda olho a aliança. Balanço a cabeça, ele se senta à minha frente distante - eu estou aqui, de tantas coisas que passamos nós vamos conseguir passar por isso

-Não Hyunwoo, não vamos! - minhas lágrimas voltam com força - toda vez que fecho os olhos, consigo... sentir aqueles animais me tocando, me segurando, me machucando... eu não consigo deixar que você se aproxime sem sentir medo, é ilusão achar que tudo vai ficar bem, pode ser que melhore, mas ficar bem, não mais - ele suspira, não há nada a dizer, em momentos como esse Hyunwoo não é bom com palavras e tenho dúvidas sobre fazerem algo, adiantaria alguma coisa? 

Recebo a visita de um psicólogo quase todos os dias, à princípio pensei em negar quando Hyunwoo me disse que ajudaria mas não me importei depois, eu tenha um dia só meu e outro com Hyunwoo.

Deito na cama e me encolho coberto, ele dorme comigo no quarto mas se acomodou no chão pra me dar espaço, escuto a porta do banheiro abrir

-Hyunwoo?

-Sim? - estico a mão colocando ao lado no colchão - está tudo bem amor - insisto e olho pra ele - tem certeza? - afirmo, seu travesseiro e cobertor vem pra cama igualmente ao seu corpo

-Não me toca, por favor - peço num sussurro

-Não tocarei - garante, me aproximo e volto a me encolher próximo à ele

                   °•••°°°•••°

Na madrugada de um dia qualquer, nos deitamos tarde por meu sono ter simplesmente sumido e a volta dele tarda a voltar, a sonolência me embala e finalmente consigo dormir...

"Acordo no quarto do apartamento, vejo os cômodos revirados e quatro pernas aparecem em meu campo de visão, olho as duas pessoas e vejo aqueles... caras, engulo seco congelando, um deles sorri de uma forma nojenta pra mim e o outro começa a tirar o cinto me olhando com desejo, minhas lágrimas voltam novamente, meu coração se debate de medo me deixando sem ar, volto a sentir a mesma falta de ar daquele dia, tento berrar mas não tenho voz, me levanto correndo me tremendo mais do que corda bamba mas mesmo com a distância que ambos tem de mim eles conseguem me pegar pelo cabelo, me arrastam pra cama, meu corpo se debate enquanto tento arrumar voz pra alguém escutar meus berros, minhas lágrimas lavam meu rosto, minha roupa é arrancada e sinto as mãos nojentas dele passando por meu corpo até que..."


-MINHYUK! - escuto Hyunwoo me chamar, pulo no colo dele agarrando seu corpo com todas as forças me derramando em lágrimas

Foi um pesadelo.

Mais um entre tantos.

Hyunwoo me acaricia e lembro do homem me acariciando, empurro ele com força me afastando o máximo possível

-O que está acontecendo? - sra. Son adentra o quarto como foguete, preocupada

-Amor, sou eu, Hyunwoo, não vou te machucar. - ele tenta falar comigo mas meu pavor é maior do que minha consciência, tenta se aproximar e eu me afasto mais, me balanço na cama encolhido

O que vai ser de mim agora? Logo vão achar que sou louco se isso continuar e eu não posso nem ir embora, estou com pavor de sair desse quarto. Fecho os olhos com força lembrando das cenas e ao contrário do que pensei, sra. Son acaricia meus cabelos, olho para ela que sorri e me oferece seu colo, fico receoso mas me deito nele, com toda calma e paciência do mundo ela começa a me contar das travessuras de Hyunwoo quando criança, à princípio não surte efeito nenhum mas depois começa a me distrair arrancando um sorriso meu. Após, cantarola uma cantiga suavemente para que eu durma, seus carinhos em minha cabeça são tão maravilhosos e a paz como a cantiga soa me embalam amolecendo meu corpo e fazendo minhas pálpebras pesarem, e assim, dormindo em seu colo.





                           ~××××~

Me sinto mal por não poder ajudá-lo, no entanto só agora percebo que a ajuda materna à Minhyuk seria uma saída para seu trauma. Vejo que dorme no colo da minha mãe, ela pede que eu o ajeite na cama e assim faço, cubro minha criança deixando um beijo em sua testa

-Me machuca vê-lo assim - comenta

-A mim também, acho que vou atrás da família dele, talvez a mãe dele possa ajudar

-Consulte o psicólogo antes, muitas vezes a aproximação da família atrapalha - olho ela confuso - quando a barreira da família é superprotetora demais para evitar danos, o problema piora com a chegada de uma depressão - explica - não me importo em cuidar dele

-Em pensar que eu poderia ter evitado tudo isso

-Ei! Você não teve culpa pela besteira que Kim Sue fez, você o salvou de ter acontecido coisa pior - minha mãe briga baixo para não acordá-lo, suspiro - deite, descanse e cuide do seu menino. Ele precisa de você forte para ajudá-lo. -me deito na cama o abraçando enquanto recebo um beijo de minha mãe na cabeça, ela se retira. Vejo a expressão serena da minha criança... volta para mim meu amor, você é a única pessoa que me mantém nisso, preciso de você.

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