Corro à plenos pulmões tentando manter minha criança viva, eu tenho que tentar chegar ao hospital, eu preciso chegar lá, eu preciso salvar Minhyuk...
Mas ele me solta antes mesmo que eu tente fazer algo... Ele não pode ter me deixado, ele... Olho pro menino em meus braços, seus olhos estão fechados, e seu corpo sem vida. Meu amor se foi me deixando só... Eu não consegui, não fui capaz de salvá-lo.
Minhyuk em todo esse tempo nunca desistiu de mim, por mais que fosse difícil prosseguir, por mais que quisesse desistir de mim em algum momento, nunca, em nenhum momento desistiu, sempre persistiu e encontrou maneiras de me salvar de mim mesmo. Meu menino foi o meu salvador. No entanto, eu não consegui retribuir o que fez por mim, não consegui salvá-lo da morte, eu não fiz nada... Nada além de correr, correr inutilmente.
Minha mente explode em pensamentos, lembranças, memórias... O que eu vou fazer agora? Eu não tenho nada... Eu não sou nada sem ele.
Tudo a minha volta congela, eu me sinto anestesiado, como se a qualquer momento esse pesadelo pudesse acabar, com um Minhyuk sorridente pulando em meus braços e me enchendo de beijos... Não mais beijos, sorrisos, abraços... Não mais o amor da minha vida dizendo que me ama. Acabou, eu me recuso a acreditar que eu perdi, me recuso a aceitar que eu o perdi. E onde Deus entra nisso? Ele podia ter evitado, Podia ter salvado Minhyuk, mas ao invés disso, o levou de mim. Por que, Deus?
Sou levado para algum lugar, não vejo, não ouço, não sinto. Minhas lágrimas rolam por meu rosto silenciosamente como se pusessem trazer a dor interna para fora, mas é uma ilusão da qual prefiro acreditar. Observo Minhyuk regando as flores com minha mãe lá no jardim, ele sorri... Agora, há apenas um jardim sem cor, e sem a mínima importância.
Minha mãe ficou encarregada de preparar o velório, do qual Namjoon me vestiu num terno de qualquer jeito. Ele está sendo um grande amigo.
Algumas pessoas passam por mim, me cumprimentam, se mostram pesarosas, sentimentais. Vejo o pai de Minhyuk, junto com a mãe, ambos choram. Curioso como as pessoas fingem se importar com a morte de alguém, em vida ninguém valoriza, por que derramar lágrimas na morte?
Recebo um abraço forte de alguém, fecho meus olhos com a força do abraço. Pela primeira vez, volto a sentir calor humano
- Chora, cara, desabafa. Vai te fazer bem. - Takuya me aconselha me apertando mais em seu abraço. Eu não consigo me conter ao ouvir suas palavras, desabo em seu ombro, como uma criança perdida, amedrontada, machucada... Choro como nunca havia chorado antes, choro pela dor que tomou meu coração tão profundamente, que levou embora minha vontade de viver, levou minha força, minha coragem, e tudo aquilo que minha criança me ensinou a ter durante todo esse tempo.
Eu perdi tudo.
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- Papai? Papai?!
- Dá um tapa nele que ele desperta - ouço minha mãe dizer. Não me viro para saber o que está acontecendo, estou entorpecido com a morfina que meu coração liberou por livre espontânea vontade a exato dois meses. Olho o vazio me lembrando da minha criança... Mas sinto alguém cutucar meu braço, viro o rosto e desço meu olhar para baixo, já que a pessoa é pequena, e me deparo com Jungkook me oferecendo a chupeta toda babada. Takuya, Kihyun e minha mãe riem
- Papai tá tísti? - o pequeno vê que não tenho atitude pro seu ato e coloca a chupeta em minha mão, molhando a mesma - pupa pepeta, papai, pupa - ele insiste para que eu coloque a chupeta na boca e a chupe. Jungkook não se contenta quando eu continuo parado, ele puxa minha mão, o silêncio toma a sala onde estamos para observar Jungkook escalar a bancada perto da janela, segurando minha mão, e se sentar em meu colo
- Cara, se esse moleque não fosse meu sobrinho, eu diria que ele é parente do homem aranha - Takuya brinca e ri com os outros dois seres presentes
- Pupa pepeta - o insistente menino toma minha mão novamente
- Chupa logo Hyunwoo! - minha mãe insiste e ri
- Se você não chupar essa chupeta, eu te faço engolir ela - Kihyun ameaça na calma.
Já Jungkook, ergue minha mão até minha boca, e sabiamente, coloca a borracha dentro da minha boca. Olho dentro dos olhos negros do menino, e vejo ali um brilho, um brilho muito familiar, tão familiar, que me surpreendo ao vê-lo ali.
Ele também tinha esse brilho.
- Seu filho precisa de você, Hyunwoo.. Ele só tem você agora. - embora eu queira negar, minha mãe está certa, Jungkook só tem a mim, e vou me esforçar para dá-lo o meu melhor. Ainda dói, essa dor nunca irá embora, mas minha criança me deixou uma parte de sí, e mais uma vez me enganei ao pensar que perdi tudo.
Abraço o menino em meu colo, e recebo um abraço carinhoso do nosso filho. Eu te prometo que vou fazer você se orgulhar de mim, meu amor, eu prometo.
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- Onde estão os blocos de brinquedo que deixei aqui, Hyunwoo? - Kihyun me pergunta bravo
- E por que você acha que eu sei? - questiono sentado no tapete da sala, montando um castelo de blocos com Takuya e Jungkook
- Porque aquilo não daria dentro do seu... - minha mãe interrompe o rosado antes que ele termine
- Armário, está no armário atrás do Hyunwoo. - diz. Rimos
- Pra que tanta rebeldia meu jovem? - Terada implica
- Como vai Yongseok? - Yoo começa
- Aish, você abusa Kihyun! - faz manha
- A manha é de família - comento distraído e ele ri. Um bloquinho de Jungkook rola para o lado esquerdo, o da janela. Observo quando meu filho levanta, colocando o bundão de fralda pra cima -arrancando suspiros de fofura da minha mãe- e caminha até o bloco sorrindo. Mas ele não volta de imediato, ele ri e agradece
- Com quem fala, filho? - questiono
- Tatai tá feíz
- Papai? - Kihyun estranha ao tempo em que meu coração ganha força e velocidade. Num simples canto onde ele adorava olhar pela janela...
- Minhyuk?! - Takuya diz surpreso
- Tatai!
Continua....
N/A: como o prometido, o prólogo. Confesso que estou em lágrimas, My Savior é uma história importante pra mim. Obrigado de coração à quem acompanhou MS, e um obrigado ainda maior a quem não desistiu de ler. A história terá continuação, mas não garanto que será breve, eu estou envolvido com outros projetos até o final do ano, mas talvez ela entre em andamento até lá, porém, só será postada ano que vem. Quem leu My Savior e prestou atenção, sabe que está faltando uma pessoinha que forma um shipper muito fofo com outro biscoitinho fofo, e essas duas pessoinhas serão as principais da continuação. Até a próxima amores ❤️
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My Savior
FanfictionEm um mundo onde a ganância e o poder reinam, poderá o amor existir? Um homem, um anjo, mudanças... -Seja meu criança, prometa que não será de nenhum outro. -Prometo.