なな

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👘SETE👘

A conclusão dos assuntos é melhor que o seu início, e a paciência vale sempre mais do que a arrogância.
Não permitas que a irritação tome conta do teu espírito rapidamente, pois a ira habita no coração dos insensatos!
(Eclesiastes 7:8.)

Duas semanas depois

Estou começando as aulas na universidade de Tóquio – Todai – e confesso que está sendo incrível, no entanto ainda não fiz amizade com nenhuma pessoa nesta primeira semana de estudos que se iniciou. Amanhã, estarei também começando o trabalho no restaurante em que eu havia colocado meu currículo há algum tempo. Depois de bastantes dias, fui admitida.

Sem delongas, visualizo os corredores do campus onde há várias pessoas conversando e passo por entre elas, segurando o papel guia nas mãos, até mirar o número da sala onde eu ficarei junto a mais de 28 alunos. Adentro a porta, fazendo uma breve saudação para os colegas, procurando um assento com o olhar e, assim que encontro, rapidamente vou até ele. Pouco tempo depois, o professor entra na sala, fazendo uma reverência breve, e nos dá as primeiras instruções para o primeiro e longo período.

[...]

Em casa, somente há a minha pessoa. Portanto, compreendo que minha tia está no trabalho ainda e minha prima, na casa de alguma amiga. Acelero os passos para o quarto, e coloco a mochila próximo do futon – colchonete. Em seguida, procuro uma roupa casual para vestir e penduro-as no ombro. Depois, busco roupas íntimas e toalha e então sigo para o banheiro. Após meu banho, sigo até o quarto, abro meu futon e deito, pois me dera um sono! Suspiro fundo, mas, antes que eu feche meus olhos, meu celular apita. Quando olho, não é nada mais, nada menos que mensagens dos meus best friends brasileiros, o que me leva a sorrir ao lê-las:

"Prima, saudades."

"Sinto sua falta. Canta para mim?"

"Sua vaca! Me responda. sabe me deixar no vácuo."

"Pastel de flango, cadê você?  :'( "

Bem, é verdade que esses tempos não tenho dialogado muito com eles e os tais amam me bullingarem – essa palavra é inventada – porém retribuo da mesma maneira, afinal cada um leva numa boa a informalidade. Sorrio mais uma vez, e logo sinto uma pontada no pé da barriga. Alerta quanto a isso, olho a data no calendário e percebo que é exatamente a dona encrenca realizando a limpeza uterina. Odeio cólica menstrual e não tem coisa pior do que ir à universidade e ainda trabalhar nessas condições. Baforo desgostosa quanto.

Logo, levanto e vou à cozinha. Abro uma das abas do armário e  pego um comprimido para amenizar minhas dores, que começam a aumentar, e ponho goela abaixo, junto com a água. Veio a cólica, mas não a menstruação. Aproveito para colocar um absorvente, murmurando comigo mesma, e retorno ao quarto, deitando-me no colchonete novamente, adormecendo em poucos instantes. Eu estava cansada, afinal. Como primeiro dia de aula na universidade, achei desgastante pelo enorme falatório de um único professor só hoje. Minha mente se encontra extremamente exausta de tantas informações acumuladas. Contudo, meu sono é interrompido, pouco tempo depois, com um imenso barulho de furadeira, provavelmente do vizinho da esquerda. Tento tornar a repousar, mas o barulho incômodo não permite que eu o faça. Sendo assim, levanto angustiada e baforando, com os cabelos desgrenhados. Ao olhar-me no espelho, passo a mão por dentre meus cabelos, enluvando-os para arrumá-los, e sigo até a frente de casa em pequenos passos para não aumentar a dor pelo estresse acumulado. Minha dedução foi certa. Um senhor de idade está a consertar algumas tábuas do seu estabelecimento. Olho com um pouco de desgosto e entro murmurando, mas mal me assento no sofá e escuto Kenji bater na porta e me gritar, mais precisamente.

Vivendo em TOKYO Onde histórias criam vida. Descubra agora