よん

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👘QUATRO👘

Aquele que é de Deus, ouve as palavras de Deus.
(João 8:47a)

Algumas semanas depois

Chegou a semana da prova de seleção que preciso fazer para ser ingressa no curso de medicina. A Todai exige que seja feito uma prova aqui mesmo para poder entrar no curso, como um comprovante a mais de que estou apta para tal.

Esses dias foram de muito esforço, e praticamente não saí para lugar algum revisando tudo o que é necessário; porém, nestes últimos sete dias, não quis encher minha mente de informações. O que eu tinha para revisar já o fiz. Além disso, realizarei a prova na própria língua japonesa, já que aprendi a falá-la e escrevê-la com mais fluência rapidamente.

Minha tia me auxiliou algumas vezes tirando certas dúvidas quanto a algumas palavras em kanji – Uma das três escritas japonesas. Hiragana e Katakana são as outras duas. A Hiragana se usa para palavras nativas e a Katakana para palavras estrangeiras. Ela também me ensinou outras coisas utilitárias para se fazer enquanto eu estivesse em casa, além das que eu já pus em prática. Aprendi a preparar yakisoba – macarrão frito provido de pedaços de carne de frango ou de boi junto a diversos legumes; o norimaki – uma espécie de sushi em que o arroz recobre as algas, que, por sua vez, são recheadas com vários tipos de peixes, legumes e até mesmo frutas; e, por fim, a tempura que são frutos do mar e vegetais empanados fritos. Haja fritura, mas tenho que admitir que são deliciosos.

[...]

Dia da prova e busco controlar a minha ansiedade. E, antes que eu esqueça, coloquei um currículo semana retrasada em um pequeno restaurante e espero ser chamada.

— Querida, já está na hora de você ir — responde, minha tia.

— Eu sei. — Pego a bolsa, conferindo os materiais. — Sayonara, oba! (Tchau, tia!)  digo, depositando um beijo em seu rosto.

Em dez minutos, ponho meus pés mais uma vez em Bunkyo, no entanto demoro um pouco para chegar na universidade. Quando contemplo a mesma, encontro, na entrada, vários outros estrangeiros dialogando entre si. Fito os dados descritos no papel e logo adentro já procurando o módulo onde eu farei a prova. E, ao chegar no meu destino, entrego minha ficha e minha documentação. Minha localização é no auditório e os orientadores já se encontram em nossa espera.

Passa-se cerca de trinta minutos, e, assim que começa, rapidamente procuro responder as questões que considero mais fáceis, deixando as mais duvidosas e complicadas por último. Pensei que seria mui difícil a prova, mas não foi. No término, respiro fundo e entrego o gabarito e a prova, saindo regozijada e confiante.

Permaneço na estação, esperando dar o horário do metrô chegar, e enquanto não aparece, pego meu celular e jogo um pouco, apesar que, as vezes, observo de soslaio a minha volta para ver quem se acerca de mim, até porque ainda não estou acostumada a não estar tão preocupada em ser assaltada ou não. Infelizmente no meu país natal, seria um risco eu estar com meu celular exposto e desatenta ao meu redor.

Mais uns instantes escorada no banco e meu transporte se aproxima. Ouço dar o sinal para entrar e eu logo espero. Quando entro, busco um assento e repouso ali, por alguns minutos, até escutar o aviso.

Vivendo em TOKYO Onde histórias criam vida. Descubra agora