6. O reencontro

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"Supõe-se que as mulheres devem ser bem calmas, geralmente, mas elas sentem o mesmo que os homens." – Jane Eyre, Charlotte Brontë.

Passou a se tornar uma rotina para Miguel passar em frente à escola que Julia trabalhava à tarde. Tinha esperanças de que pudesse encontrá-la. Mas não saber os dias e horários em que ela trabalhava dificultava suas tentativas. Porém ele sabia que esses dias não eram em vão, pois lhe davam tempo para pensar no que lhe diria.

Como lhe pedir desculpas? Como dizer à ela o quanto estava arrependido? Como fazê-la terminar aquele terrível noivado e ficar com ele?

Por mais que Miguel pensasse em mil coisas diferentes, nenhuma delas lhe dava certeza de que ela iria aceitá-lo de volta.

Correr atrás do prejuízo era muito difícil, ele logo percebeu.

Através das redes sociais, Miguel descobriu que o noivo de Julia se chamava Pedro e era dono de um café, e que eles estavam juntos o tempo todo. Gustavo era seu informante, pois ela tinha lhe excluído e bloqueado de todas as redes sociais que possuía.

Ele pediu para que Gustavo estivesse sempre de olho para que pudesse lhe dizer se ela iria a algum lugar onde ele pudesse lhe encontrar. Demorou um pouco para que a oportunidade surgisse, mas quando Gustavo lhe mandou uma mensagem dizendo que ela estaria em um restaurante para encontrar algumas amigas, ele não pensou duas vezes. Precisava ir até lá.

Chegou apressado do trabalho, jogou uma água no corpo, colocou uma camisa polo amarelo claro, jeans e tênis branco. A chance de encontrá-la sem nenhuma das amigas era pequena, mas ele tinha que tentar.

Conseguiu uma vaga para o carro perto do restaurante e ao se aproximar da entrada do estabelecimento, a viu. Ela estava sentada sozinha, lendo um livro. Pelo visto as amigas ainda não tinham chegado. Ele se apressou para entrar. Foi andando na direção da mesa onde ela estava.

Até que ela levantou a cabeça do livro que estava lendo.

E o viu.

Ambos sentiram a mesma coisa. Um frio na barriga, um arrepio percorrendo a espinha, o coração acelerado.

Quando Julia percebeu que ele estava indo em direção à sua mesa, ficou apavorada. Não sabia o que fazer. Seu desejo era fugir, não queria falar com ele de jeito nenhum, mas suas pernas não se moviam. Ela queria fingir que não o conhecia, tratá-lo com indiferença, mas como, se seu coração já estava pulando dentro do peito?

― Oi, Ju.

Ela olhou para ele. E naquele primeiro momento, sua vontade foi de dar um soco bem no meio da cara dele. Ela não respondeu.

Ele se sentou na cadeira em frente a dela.

― Como você está?

"É sério que ele está me perguntando isso?" – pensou ela indignada.

Depois de aguardar um bom tempo sem resposta, Miguel ficou mais sem graça do que já estava, mas precisava muito aproveitar aquela oportunidade. Não podia deixar para depois.

― Ju, eu preciso muito conversar com você – começou ele nervoso. – Será que você poderia me ouvir?

Ela pensou em ignorá-lo, mas isso seria muito infantil de sua parte.

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