7. Tentativas

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"... não tenho medo de mostrar meus sentimentos e de fazer coisas imprudentes, pois acredito que o que não se mostra, não se sente." – Razão e Sensibilidade, Jane Austen.

Miguel estava decidido. Ele não iria desistir fácil. Seu grande erro foi terminar com ela. Seria um erro maior ainda não tentar tê-la de volta.

Quando Julia chegou na sala dos professores na hora do intervalo, se deparou com um grande alvoroço das colegas.

―Tem gente aí que está mesmo com o homem na mão – disse uma delas apontando para Julia.

Julia riu e quis saber qual era o motivo da brincadeira, mas ninguém nem precisou falar nada, pois ela logo viu um lindo e enorme buquê de rosas vermelhas em cima da comprida mesa que ficava no meio da sala.

― É para mim? – perguntou ela sem graça.

― Tem seu nome no cartão, querida – respondeu uma segunda colega.

Julia pegou o buquê e sentiu o perfume delicioso das rosas. Era o buquê mais lindo que ela já tinha visto! Quando ela abriu o cartão e reconheceu aquela letra, ela quase caiu dura para trás!

Havia se passado uma semana desde o encontro desastroso com Miguel no restaurante e ela achava que não o veria de novo, mas lá estava a prova viva de que ele não a deixaria quieta tão cedo.

"Por que ele resolveu me procurar justo agora?"

Julia leu o bilhete e teve todas as suas suspeitas confirmadas:

"Querida Ju,

Eu sei que errei, mas estou humildemente pedindo uma chance pra gente poder conversar. Eu sei que você trocou o número do seu celular, mas eu não troquei. Liga pra mim, me manda uma mensagem, o que você quiser. Só peço uma chance.

Com amor,

M."

Julia ficou pasma com tamanha audácia da parte dele! Era ridículo! Como ele tinha coragem de pedir uma chance depois de tudo o que ele fez?

― É daquele pedaço de mau caminho do Pedro, não é? – perguntou uma das professoras – Ai garota, você tirou a sorte grande mesmo!

Julia ficou vermelha como um pimentão.

― É... tirei... – respondeu sem graça, sentindo-se uma traidora.

Por mais que as flores fossem lindas, Julia deu um jeito de despachá-las antes de chegar em casa para evitar perguntas de seus pais, mas guardou o cartão na bolsa, que estava com o número dele no verso. Ela não sabia por que tinha guardado. O certo era jogar tudo aquilo fora.

O que mais ele poderia ter para falar com ela? Será que ele achava mesmo que poderia algum dia convencê-la a voltar para ele? Será que ele achava que ela era tão burra assim?

― Vai ser preciso muito mais que um buquê e um cartão, seu idiota – disse Julia para si mesma.

Miguel ficou esperançoso. Ele sabia que o buquê era lindo e que ela ficaria mexida. Quem sabe uma mensagem, uma única mensagem, pudesse lhe dar a esperança de que tanto precisava?

Mas não seria assim tão fácil. As horas passaram e mensagem nenhuma chegou para ele. Julia estava muito magoada. E ele percebeu que, por mais que ela já estivesse com outro cara, ela ainda estava magoada com ele. Ele ainda significava alguma coisa para ela.

ArrependidoOnde histórias criam vida. Descubra agora