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O trânsito das grandes metrópoles é colossal, sempre foi, mas diferente de outras eras, e ainda que o fluxo fosse muito superior, era raro haver congestionamentos.

Quase não há pilotos humanos, todos os carros são geridos remotamente pelas concessionárias que administram as vias. Tudo é automatizado e as chance de haver falhas é próxima de zero.

São casos excepcionais, mas de vez em quando o GPS de algum veículo dá problema criando uma reação em cadeia em toda a malha.

Hoje é um desses casos.

— O que houve? — Pergunto para Filipe tentando me esticar para ver o que acontecia logo a frente. Há um mar de carros parados na via nos impedindo de prosseguir.

— Estranho — respondeu ele mexendo em seu terminal — a concessionária não informou nada a respeito de erros ou obras na rua.

Curiosa coloquei a cabeça para fora do carro e vi que logo atrás de nós havia se formado filas e mais filas a se perder de vista de veículos parados.

— Nunca vi isso acontecer na minha vida. — Exclamou espantado Filipe.

O próprio ficou impaciente e começou a desatar o cinto de segurança. Imediatamente alertas saltaram diante das vistas dele o avisando que aquela atitude era perigosa e que ele deveria declinar.

Ele se atrapalhou um pouco com o cinto tentando afastar todas aquelas malditas janelas. Novas mensagens ordenavam que ele se sentasse e esperasse por instruções da concessionária.

— Eu é que não vou ficar aqui de braços cruzados. — Ele reclamou e sumiu com todas as mensagens conseguindo enfim se soltar do cinto e usar seu terminal de RA.

— O que vai fazer? — Questionei.

— O que acha? — Ele me olhou com repreenda. — Vou olhar lá fora.

Ele abriu a porta e saiu bruscamente do veículo.

Ele se colocou ao lado do carro. Assim como ele inúmeros outros motoristas fizeram igual.

O céu estava com um tom avermelhado de fim de tarde cuja beleza era ofuscada por aquele emaranhado de arranha-céus que nos cercavam

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O céu estava com um tom avermelhado de fim de tarde cuja beleza era ofuscada por aquele emaranhado de arranha-céus que nos cercavam. Mesmo ao céu aberto dava para se sentir oprimido, como se tudo fosse claustrofóbico. Ao sair do carro Filipe com certeza não estava prestando atenção nisso, pelo contrário, seu olhar para o céu era de preocupação ao avisar inúmeras moto-drones de patrulhamento da polícia se aproximando.

Ele cessa de olhar para a patrulha aérea e se foca no barulho de confusão mais adiante.

Parece que tem algo acontecendo a nossa frente.

Algo sério.

— Está vendo algo? — Pergunto ansiosa.

— Não, não vejo...

Quem me matou? (1º Lugar no 4º ScifiBR)Onde histórias criam vida. Descubra agora