Rio de Janeiro, 1º de Outubro de 2017
Querida eu do passado,
Desculpas, sabe?
Desculpas por tudo.
Desculpas pelas lágrimas. Desculpas pelos soluços. Desculpas pela grosseria.
Desculpas pelo desinteresse. Desculpas pela má vontade. Desculpas pelo desânimo.
Desculpas pelas várias vezes que quase desisti. Desculpas pelas reclamações incessantes.
Mas é que tem sido tão difícil. É muito para suportar, para aguentar. E eu sou apenas uma. Às vezes, não sei se eu sou capaz de chegar até o fim.
Desculpas pelo mau humor matinal.Desculpas por ser, ao seu ver, tão dramática. Eu juro que não é drama. É que eu não aguento mais.
Eu, simplesmente, não aguento mais.
Todos os dias, na frente do espelho, eu digo para mim mesma o quanto sou forte, o quanto sou capaz. Mas, de um tempo pra cá, eu não tenho mais acreditado nisso.
Então, desculpas por ser assim.
Tão fraca. Tão frágil. Tão indefesa. Tão chorona.
Desculpas se tudo me dói. Desculpas se não consigo mais dormir Desculpas se não sou a garota forte que todos acham que sou. Desculpas por estar tão cansada.
Desculpas se te decepcionei.
Eu apenas não consigo mais continuar.
Eu apenas não vejo mais motivos para tal.
Desculpas caso eu não sorria mais com a mesma frequência. Desculpas caso tenha deixado de ser engraçada. Desculpas caso não tenha mais paciência para fazer as coisas.
E desculpas, principalmente, por não ser quem você achou que eu seria.
Eu realmente sinto muito.
Então, apenas, me desculpe por tudo isso e mais um pouco.
Atenciosamente,
Você do futuro.(Texto Autoral)
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Words Aren't Always Like Cotton.
PoesíaPalavras nem sempre são como algodão. Às vezes, elas são duras como rochas. Outras, são como chuva de canivete. Palavras, meu bem, não são como algodão. Não são macias, não são confortáveis, não são adoráveis. Palavras machucam. Ou, apenas, um co...