Capítulo 14 - Perdendo o Controle

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Parece uma loucura tudo o que vem acontecendo nos últimos dias, apesar de ter tido um início de adolescência conturbado, assim que Pietro me salvou, minha vida tornou-se tranquila. Assumo que tudo está indo além das minhas capacidades, é quase que surreal.

Tomar à rédea da situação e levar Karin ao hospital foi arriscado, não a conhecia e nem sabia do que ela era capaz. A convivência, por anos, com uma pessoa alcoólatra, mostrou-me o quanto elas ficam fora de si e cometem atrocidades. Como devo agir agora? O médico a liberou.

— Posso saber qual é o seu interesse em me ajudar? Qual seu nome mesmo? Desculpe, a Gaby disse, mas eu estava muito chapada para guardar — Karin me perguntou, levantando-se da maca e ajeitando a roupa, maltrapilha, para sair.

— E por que alguém precisa ter algum interesse para ajudar a outra? — perguntei, inclinando a cabeça para olhar dentro dos seus olhos, incrivelmente parecidos com os de Bryan. Será que é de família ter esse olhar firme e penetrante? É intimidante, preciso controlar-me para não mostrar insegurança. Ela arqueou as sobrancelhas, com os olhos todo borrado de sombra preta e subiu levemente o canto dos lábios, em um sorriso irônico.

— A não ser que a pessoa queira ser a próxima Madre Tereza de Calcutá, ninguém. Principalmente uma desequilibrada, sem interesse algum. Você nunca me viu, por que iria querer se arriscar voluntariamente? — Já vi que essa garota não é fácil, será que ela tem essa língua afiada com o Bryan? Duvido que ela o enfrente dessa maneira.

— Vamos Karin, vou terminar de cuidar de você para entregá-la aos seus pais. E só para refrescar sua memória, eu sou Beatrice, amiga da sua irmã. Estou fazendo isso por ela, já que você quer tanto um motivo pela minha atitude.

— Como assim... Terminar de cuidar de mim? Sou bem grandinha para me cuidar. Só preciso de dinheiro para pegar um taxi. — Puxou o braço das minhas mãos. Parei em sua frente, cruzei meus braços, olhei bem dentro dos seus olhos, e continuei:

— Com quem você acha que está lidando? Pensa que eu nasci ontem? Acha mesmo que vou te dar dinheiro? Quem garante que vai voltar para casa? Está enlouquecendo seus irmãos e seus pais, com seus sumiços.

— Ehrá! Espera aí... — Aproximou o rosto do meu. — Como assim meus irmãos? Então conhece o Bryan? Estou começando a entender a situação, você deve ser o casinho – do momento –, do Bryan. Está querendo fazer bonito para ele? Nem perca seu tempo, ele não fica mais que uma semana com uma pessoa. Já te levou para cama? — Bufou e gesticulou, com descaso, terminando de descer da maca.

Meu sangue se agitou, senti meu rosto pegar fogo. Minha vontade era de dar um belo tapa na cara dela. Que abusada! C.A.L.M.A, Beatrice. Lembrei-me do Ethan me chamando de esquentadinha. Respirei bem fundo, limpei a garganta e cerrando os dentes prossegui:

— Olha garota, eu realmente não vou perder meu tempo com sua falta de educação. Gosto muito da sua irmã e me propus ajudá-la, portanto, não crie caso e venha que vou te levar. — Peguei novamente em seu braço, saímos andando. A coloquei dentro do carro, travei a porta e fui para o lado do motorista. Assim que entrei meu celular tocou.

— Oi Gaby,

— Beatrice... Ufa! Graças a Deus que você atendeu! Está tudo bem com você?

— Sim. Por que a preocupação? Eu que deveria estar preocupada. Melhorou?

— Estou ótima, preciso saber onde você está para nos encontrarmos, tirar essa louca do seu lado. — Tirar a louca do meu lado? Como assim? O que ela pode fazer? Será que essa garota é violenta? Dei uma olhada para o lado e Karin estava vidrada, olhando para mim, tentando entender o que a irmã falava. — Pensei em levar ela para o meu apartamento, ela precisa de um banho. Posso emprestar alguma roupa. Não vai chegar em casa assim.

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