A Decisão do Destino

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Era uma sexta-feira bastante nublada quando Mark terminou a sua última aula do dia. Guardava os materiais que estavam espalhados em cima da mesa e ao redor de sua cadeira enquanto seu grupo combinava os detalhes do trabalho que mais valia nota no semestre. Mark assentia quando ouvia uma afirmação, porém, sua cabeça estava longe dali. Seu rosto não deixava transparecer nenhuma emoção além de foco, o que talvez impedisse as pessoas de interromperem a conversa e perguntar se ele realmente prestava atenção no que estava sendo dito.

Assim que fechou o zíper de sua mala, a colocou sobre um ombro e se despediu de quem ainda estava na sala, deixando o ambiente com pressa. Precisava sair logo de lá, queria chegar o quanto antes onde precisava.

Desceu os andares da faculdade em questão de minutos e logo achou o seu carro no estacionamento. Era o carro de seu pai, mas um sorriso orgulhoso sempre brotava nos lábios de Mark por notar que ele sabia dirigir. Uma realização pessoal muito importante para ele.

Verificou se nada havia sido esquecido e mandou uma mensagem de texto para seus pais, avisando que passaria o fim de semana fora de casa. Sem esperar resposta, ele começou a dirigir. O relógio já marcava três e vinte e sete da tarde e o lugar que desejava visitar exigia uma hora e quarenta minutos de viagem. Sua ansiedade não gostou de lembrar desse fato, mas não tinha o que fazer quanto a isso.

Com o rádio ligado e os vidros fechados para que pudesse aproveitar o som ao máximo, Mark dirigia no limite da velocidade permitida por lei, sem enfrentar engarrafamentos ou acidentes no caminho. Parou uma vez em um restaurante na estrada para ir ao banheiro — apesar de nublado, o dia estava quente e seco, ele bebeu meio litro de água e mais uma lata de refrigerante em menos de uma hora. Aproveitou para comer alguma coisa e voltou para o carro. Ainda tinha quarenta minutos pela frente.

Dessa vez, colocou a playlist que ele mesmo havia criado para tocar. As músicas do rádio eram melancólicas demais para alguém que já estava preenchido com muita melancolia e angústia, Mark queria ouvir rock.

Vez ou outra lançava rápidos olhares ao espelho retrovisor no teto do carro. Olhava para seu cabelo em sua cor natural, preto, e ainda se estranhava. Passou bastante tempo com a cor azul enfeitando sua cabeça, agora ele mal se reconhecia. Sentia falta da antiga cor, mas ela o trazia lembranças ruins.

Faltando vinte minutos para chegar ao local desejado, Mark parou no farol vermelho e pegou seu celular para verificar se tinha alguma mensagem importante. Encarou a tela de bloqueio sem nenhuma notificação, apenas uma foto dele e de Donghyuck no dia em que fizeram 1 dia de namoro. Seu peito se apertou com força ao rever o sorriso que ele tanto amava e sentia falta. Passaram-se dois meses desde o acidente.

Logo após o farol abrir, Mark acelerou o carro e chegou à cidade que queria em poucos minutos. A cidade litorânea onde acontecera o casamento. Reparou em uma barraca de flores em uma das calçadas e estacionou o carro, indo em direção aos buquês procurar girassóis. Eram as flores preferidas de Donghyuck. Acabou por comprar margaridas, as segundas flores preferidas do Lee mais novo, pois os girassóis já haviam se esgotado.

Antes de voltar para o carro, sentiu um arrepio percorrer sua nuca. Não havia reconhecido o lugar em que estava, mas o poste de luz amassado e as marcas de pneu no asfalto e na faixa de pedestre o alertaram: a rua onde tudo aconteceu. Deus, como Mark odiava passar por aquela rua. Sua mente sempre tentava se esquecer e seus olhos sempre se encontravam com os resquícios da cena, era algum tipo de autossabotagem.

Dirigiu o mais rápido que podia para deixar aquela rua para trás. Se tudo ocorresse como planejava, a última vez que a veria novamente seria na volta dessa viagem. Depois, nunca mais pisaria ali.

Mais dez minutos e Mark estacionou novamente. Saiu do carro carregando as flores e caminhou olhando para o chão. Seus sentimentos estavam bagunçando os movimentos do seu corpo, ele quase tropeçou em seus próprios pés. A ansiedade exigia que ele andasse rápido, o medo o puxava de volta, pedindo mais alguns minutos para juntar coragem. Ao ver o carro de Jaemin estacionado do outro lado da rua, Mark inspirou todo ar que podia e o soltou depois de segurá-lo por alguns segundos. Então, entrou no hospital.

Goodbye, My Love × MarkhyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora