C a m i s i n h a
Verão; 2 0 1 7.
Tão lindo.
Era somente essa a narrativa. Isso era tudo que Taehyung conseguia suspirar toda a vez que passava por aquela farmácia.
— Tão lindo — disse pela milésima vez naquele mês. Milésima.
— Se toda vez que viermos para esse ponto de ônibus você ficar olhando para aquele atendente com cara de bobo apaixonado e ficar suspirando no meu ouvido, eu juro que compro um carro e deixo você vir para esse ponto de ônibus sozinho — ameaçou Baekhyun, seu irmão mais velho, severamente impaciente.
Estava um dia quente. As mochilas pesavam recheadas de livros e conteúdos insubstituíveis em ambas as costas largas. O sombreiro naquele ponto de ônibus nem sequer estava adiantando de algo, unicamente pela bendita posição do sol que, aquela altura, castigava o couro dos meio irmãos.
Taehyung e Baekhyun estudavam juntos na faculdade no centro de Busan. Não era lá uma das melhores faculdades, mas o ruivo conseguiria ser fotógrafo com as aulas de lá, e seu irmão também.
Toda a tarde depois do almoço os dois saíam da faculdade e iam para o ponto de ônibus da rua de trás, mas um belo e maravilhoso dia — quase que fatídico —, descobriram que na rua da frente, em frente a uma farmácia, tinha um ponto de ônibus que passava o mesmo automotivo, porém, com menos pessoas, após dois meses, e então decidiram ver se era verdade. Quando Taehyung olhou pelo enorme vidro daquele estabelecimento, avistou uma figura diminuta, preso numa faceta de tédio estranhamente atraente, atendendo e agindo como se tudo no mundo fosse entendiante demais e como se nada nunca fosse o surpreender. Carregava, vez ou outra, um sorrisinho de canto que, em todas às vezes, machucava o coração de Taehyung.
Ele nunca mais quis saber de pegar ônibus na rua de trás.
Que se dane a rua de trás! Que ela pegue fogo!
— Para de me encher o saco.
— Por que você não vai falar com ele? Ficar com cara de idiota não vai resolver nada, catraca.
— Por que você não manda Chanyeol comprar um carro e te levar para a casa depois da faculdade? Eu posso muito bem ir de ônibus sozinho — revirou os olhos.
Era um tremendo de um mentiroso, porque gostava da companhia do mais baixo. Era seu pintor de rodapé favorito.
A maioria das vezes seu irmão descia no mesmo ponto que ele para lhe fazer companhia pela esquina e depois cada um ia para sua casa. Isso quando ele não estava muito cansado e ficava no ônibus mesmo para parar no próximo ponto, que era mais perto de onde morava. Baekhyun só residia à algumas ruas depois da sua, e o fato de estudarem na mesma faculdade e morarem perto o ajudou a ter companhia no ônibus. Na verdade, essa aproximação nunca foi coincidência, foi sua mãe que os obrigou a não perder o contato familiar, já que ela morava na rua de trás. Bem próximos, não?
— Por mais que eu queira isso, não posso. Ele está economizando dinheiro para comprarmos uma casa — sentou-se no meio fio. O namoro do seu irmão estava ficando cada vez mais forte. Iam até morar juntos. Grande merda. — Olha, faltam uns dez minutos ou mais para o nosso ônibus chegar, por que você não vai lá dentro puxar assunto?
— Você acredita ser simples assim? Chegar e dizer "e aí colega, meu nome é Kim Taehyung, como vai?" — brincou com as cordas vocais ao engrossar a voz.
— Ué? Me parece simples.
— Não, não é simples. Ele vai me achar um estranho.
— Então por que você não finge que vai comprar algo e puxa assunto quando ele estiver passando a sua compra? — a sugestão deu um brilho diferente aos olhos do Kim, que deixou um sorriso em concordância escapar. Isso era perfeito.

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Senhor Camisinha ⁺ vhope (Revisão)
FanfictionOnde Taehyung compra camisinha para impressionar Hoseok.