Prólogo

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— Você está louco? Não podemos ignorar isso?

— Luhan, você sabe que eu não posso.

— Uggh.. .— Luhan geme e cai no sofá, antes de olhar rapidamente e com olhos zangados para seu irmão mais velho. Junmyeon, seu meio-irmão coreano, tinha sido sempre o certinho, muito bom para seu próprio bem, mas agora ele decide ir contra a sua mãe.

— Luhan, eu não posso me casar com ele. Você sabe quem eu amo...

— Enfie o amor no cu, Myeon! Você e eu sabemos que o amor é uma besteira.

— Não para mim, querido irmão.

O nariz de Luhan infla em raiva quando Junmyeon abana a cabeça e deixa o escritório para participar de uma reunião. Sua empresa era uma daquelas humildes de marketing. A Sra. Kim, sua mãe, herdou o negócio depois que seu marido morreu quando Junmyeon tinha apenas cinco anos e ele era o próximo herdeiro da linha.

Luhan, ao contrário, não era nada além de um garoto bastardo, vindo de um ficante bêbado de uma noite qualquer da Sra. Kim. Se o seu pai biológico o conhecesse, se o amor fosse verdadeiro, então ele teria aparecido em algum momento de sua vida. A confusão toda deixou para Luhan nada além de desgraça, sua mãe ficou com ele porque ela está presa a ele. Era sua responsabilidade imprudente, mas seus parceiros de negócios e o mundo de fora sempre foram contra Luhan tendo quaisquer direitos na empresa pertencentes à dinastia Kim.

Luhan suspirou e balançou a cabeça antes de apanhar o jornal que Junmyeon estava olhando. Nas manchetes diziam "O som cego da leitura''. Riu da frase brega que descrevia o desempenho do potencial noivo de Junmyeon.

Oh Sehun. O maior pianista da sua idade. Cego, mas cheio de amor e paixão pela vida. É como o jornal fala sobre o homem alto e de cabelo escuro.

Os olhos de Luhan demoraram-se na foto do pianista cego. Ele estava mostrando seu perfil lateral, nariz afiado com um queixo mais nítido, seus olhos estavam fechados e um sorriso sereno brincando em seus lábios. Seus longos dedos estavam brincando nas teclas, como se ele estivesse pintando um quadro para as melodias.

É o que também estava escrito lá, mas Luhan ficou verdadeiramente espantado com a elegância do homem. Apesar de sua deficiência, Oh Sehun ainda parecia destacar-se ao máximo em seu campo, sendo respeitado e admirado.

Ele era apaixonado por sua música.

Luhan não era apaixonado por nada.

— Luhannie?

— Ma — Luhan cumprimentou sua mãe com um pequeno beijo na bochecha dela antes que a mesma o conduzisse para se sentar. Ela parecia poderosa e intimidante, mesmo chegando aos seus cinquenta, porém, seus olhos estavam sempre tristes. Luhan não sabe se isso é por causa do cansaço, o marido falecido ou o filho bastardo que ela teve que manter e que ainda luta para criar um nome para ele. — O que foi, mãe?

— Eu... Luhan — a Sra. Kim sorriu amargamente e segurou sua mão. Luhan não pôde deixar de sorrir de volta. Ela era a mãe dele, afinal, o que ele aguentou por ela, não poderia ser mantido por ninguém. — A proposta de casamento do Junmyeon foi cancelada.

— Por quê?! Ele é idiota, Ma. O homem é rico e famoso, sua reputação pode levar o nome da sua empresa ao ápice.

— Eu sei, filho. Mas Junmyeon não é mais uma criança, ele sabe o que fazer para parar de forçar as coisas contra a vontade dele.

— Ele que vá e se afogue naquele amor do Yifan — Luhan cuspiu aquelas palavras como se estivessem envenenadas.

— Filho, eu... queria te perguntar uma coisa.

Luhan pareceu cético quando os olhos de sua mãe evitaram os dele. A mão dela estava agarrada à dele em nervosismo, tremendo e instável.

— O que foi?

— Não precisa acabar por aqui.

Os olhos do Luhan se arregalaram, ligando os pontos.

— Eu... Eu devo muito ao Senhor Oh...

Estas palavras novamente. Ele não estava autorizado a perguntar.

— Ma...

— Ele precisa de alguém que cuide de seu filho, e nós... eu preciso assumir essa proposta.

— Você quer que eu...

— Sim, Luhannie — sua mãe sorriu tristemente. — Você não se importa, certo? Você mesmo disse: ele é rico e famoso.

Luhan olhou nos olhos suplicantes da mãe. Ele tentou estudar o mistério que se colocava abaixo das palavras da mais velha. Entretanto, ele pensou nele mesmo. No seu nome, no seu futuro. Uma vida cheia de nada além da riqueza, só precisaria assinar alguns papéis, agir amorosamente e carinhosamente.

Os lábios de Luhan curvaram-se em um meio sorriso divertido e logo se alargou.

— Eu concordo — não vai ser tão difícil assim.

Certo?

— Eu vou me casar com Oh Sehun.


♬♬♬♬♬


— Sehun-ah!

Seus dedos pararam de se mover sobre as teclas ao ouvir seu nome ser chamado. Sehun colocou um sorriso no rosto antes de inclinar seu corpo para cumprimentar seu pai. Seus olhos inúteis estavam virados para cima, tentando parecer tão indiferente quanto possível para não acionar a culpa que ele sempre sentiu emanar do mais velho. Podia não enxergar, mas Sehun sempre sentiu as emoções do outro como uma explosão de ondas.

Às vezes, isso podia ser sufocante. Na maioria das vezes porque... as pessoas sempre sentiram... pena dele.

Se alguém tinha pensado que Oh Sehun tinha tudo, então eles estão terrivelmente enganados.

— O que é, pai?

Pela primeira vez, Sehun ouviu a felicidade no tom do seu pai.

— Eles aceitaram sua proposta.

Sua proposta. Sehun quis dizer.

— Sério?

— Sim! — seu pai gritou e Sehun podia ouvir as lágrimas de alegria em sua voz. Realmente valeu tanto a pena?

— Isso é... bom.

— O nome dele é Luhan, filho. Aparentemente ele é filho do segundo marido da Sra. Kim.

Luhan.

Sehun gostou do nome.

— Eu o conheci, ele parece tão agradável e muito bonito, se você me perguntar — seu pai ri depois disso, mas logo o silêncio cresce, provavelmente percebendo seu erro. — Uhh... enfim, filho, eu tenho certeza que Luhan vai gostar de você... do jeito que você é.

Os lábios de Sehun curvaram-se em um sorriso apertado, apenas para ceder ao seu pai esperançoso. Ele não era uma criança, tinha vivido o suficiente no escuro, em um mundo em que era cruel com pessoas como ele.

Sehun assentiu silenciosamente com a cabeça e começou a tamborilar delicadamente os dedos nas teclas de seu precioso piano. Seu único companheiro.

Ele gostava do som do seu piano, Sehun perguntou-se se ele iria gostar da voz de Luhan também.

Sonata do Amor [TRADUÇÃO PT-BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora