Nota Histórica

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A dinâmica entre a população civil (chamados de 'paisano') e os cangaceiros e volantes era marcada pela violência. Fosse ela tácita, em forma de ameaça, na maioria do caso para os primeiros, ou a violência escrachada e "autorizada" pelo Estado, no caso dos segundos.

As volantes eram a força da lei especializada em caçar os bandos de cangaceiros e efetuar prisões ou execuções. Os grupos de soldados empreendiam campanhas empregando os mesmos conhecimentos mateiros dos bandidos. Por vezes vestiam as mesmas roupas decoradas e adotavam o armamento dos criminosos. De fato, muitos ex-cangaceiros foram utilizados pelas volantes para rastrear e capturar os bandoleiros.

Se um paisano dava abrigo, alimento e provisões a um cangaceiro ele era chamado de coiteiro.

Os coiteiros auxiliavam os bandidos por medo de sofrer represálias e serem vítimas de crimes bárbaros - assassinato, estupro, sequestro à resgate. Por vezes o coiteiro era parente de algum cangaceiro e não lhe negava auxílio, por vezes o coiteiro era um grande latifundiário, um padrinho, e utilizava o cangaço como arma política, mantendo sua reputação ilibada.

Se uma volante desconfiasse da qualidade de coiteiro de alguém, eles empregavam métodos de tortura para descobrir informações dos bandidos.

Episódios de violência policial e 'pacifismo' de foras-da-lei fazem perdurar no imaginário popular a lenda de que o cangaceiro era um herói do povo. Nada mais distante.

Realmente existiu uma volante chamada de 'Os Nazarenos', mas eles não eram ligados à igreja nem se vestiam de branco, detalhes adicionados à história para transformá-los em paladinos sertanejos. A volante d'Os Nazarenos reais recebeu esse nome por ser formada, inicialmente, por moradores dos arredores de Nazaré do Pico, região de Pernambuco. Os personagens dessa história que aparecem como nazarenos são fictícios e não foram baseados em nenhuma personalidade real, nazareno ou não.

Há registros de pequenos tremores de terra no Nordeste, nenhum que tenha reduzido uma cidade inteira a pó. Mas também não temos registros de nenhum ser humano capaz de causar dores de cabeça em alguém, não é verdade?

Raimundo Batalha é um personagem fictício cercado de fatos históricos, como por exemplo, a Guerra do Paraguai e o corpo de Voluntários da Pátria. Como foi a dinâmica desse grupo durante o sangrento período e por que eles se recolheram no interior do Nordeste é algo que desejo descobrir junto com vocês. Obrigado pela leitura!

Raimundo Batalha contra Cangaceiros e VolantesOnde histórias criam vida. Descubra agora