Dia 57 - Prainha

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Depois de horas de viagem em uma estrada esburacada, chegávamos ao nosso oásis particular. A praia era grande, a maior do mundo, uma vasta extensão de areia branca e fina. Reta. Lá não havia enseada e todas essas coisas de cartão postal. Era apenas umas casinhas de madeira, logo em seguida as dunas, imensas, quem nem aquelas do filme dos Trapalhões, aquele mesmo que a Xuxa era uma princesa, lembram?, e depois um imenso tapete de areia branca, fina e dura, já que durante as noites a água avançava e deixava tudo úmido.

Para nós, era um paraíso. Fomos crianças lá, adolescentes. Naquela época, sem Face, Orkut e essas coisas, falávamos no mIRC mesmo, no canal #amigosdaprainha, combinávamos tudo, e aguardávamos o ano inteiro para ver aqueles amigos de verão, os mesmos de toda infância, cada ano um pouso diferentes, uns mais magros, uns mais gordos, uns mais altos, outros continuavam baixinhos, as meninas criando corpinhos e os meninos apaixonados, mas sempre deixados de lado pelos surfistas mais velhos. Até que um dia aconteceu. 

O luau era deles, dos surfistas, mas nos convidaram. Acho que as gurias pediram. Aquele dia tomamos nossa primeira caipirinha, voltamos de manhã pra casa, dores de cabeça memoráveis. Primeira vez que nos sentimos adultos. Uma pena que quando crescemos um pouco mais, fomos indo pra outras praias, deixando as casinhas da Prainha fechadas, até desaparecerem. Talvez, se vocês procurarem, era um lugar bonito, entre o litoral sul e norte, as casinhas devem estar lá, empoeiradas, perdidas entre as dunas. Mas no fundo estão lá, tenho certeza. Assim como a gente.


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Tema: Luau

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