as good as it gets 📼 [3]

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Todos os anos, a única coisa que a família de Yoongi ousara permitir que fizesse foram as simples Yakgwa. Desde que ele saiu de casa e conseguiu alugar seu pequeno apartamento, havia sobrevivido de comida de rua, e mal sabia cozinhar arroz direito.

Não que Min comesse muito; Acordava sempre com preguiça e atrasado, enfiando os suspensórios sobre a camisa (cuja era outro motivo para se atrasar, pois sempre deixava as roupas para serem passadas de manhã) e em um último segundo, tropeçando no degrau de diferença na sala para agarrar um sobretudo e correr para Sunny.

Sunny era o Mustang velho dos avós de Min, cujo havia ganhado há quase dez anos atrás, logo que chegou a maioridade. O Ford era quase como um bichinho de estimação para ele. Tinha alergia a gatos, e não gostava de cachorros; o que tornava Sunny – o carro – quase um membro da família.

E Sunny costumava nunca o deixar na mão. Podia chover muito, ou derrubar café no motor pela ventoinha enquanto fingia rir de uma piada de um dos seus amores da faculdade, sentados sobre o capô; Ela nunca parava de funcionar por tempo suficiente para ferrar com os horários do moreno.

Mas pelo visto, até Sunny havia desistido dele.

Tentou ligar o carro inúmeras vezes. A coitada da Sunny fazia um som de engasgo e morria, não ia pra frente nem pra trás e as horas estavam passando. Eram 23h15 e cá estava ele; longe do Kyungpook N.U. Hospital. Longe daquelas velhinhas sorridentes que se aglomerariam ao redor de Yoongi e sua avó, roubando suas Yakgwa antes das 12h.

Pela primeira vez em anos, a frustração dele era tão grande que acabou fazendo algo que nunca imaginara; ele se viu batendo contra o volante de Sunny uma, duas, três vezes e nada daquele sentimento inconstante e assolador de quem estava fracassando ir embora.

Só conseguia pensar em quão falso o carro que ele cuidou com amor e carinho era. Quando Yoongi saiu daquele escritório, vendo quatro faixas ao invés de duas de tão cansado, Sunny deslizou suavemente até seu apartamento.

Agora, ela simplesmente não se movia e, mesmo que tivesse um carro há quase uma década, nada havia lhe preparado para momentos como aquele.

Foi assim que, sufocando o medo crescente de grandes veículos de transportes populares cujos poderiam explodir a qualquer momento, agarrou seu Walkman com a fita de The Bends, o pote dos biscoitos de mel e se dirigiu até a estação.

Em um dia comum, após sair da espelunca que era a lojinha de conveniências do sr. Chung, Namjoon estaria neste exato momento comprando fichas para jogar no fliperama, mas agora, não era nenhum personagem correndo para matar um zumbi, e sim ele mesmo, correndo pela calçada com uma garrafa de champanhe na mão, tentando não tropeçar em nenhuma elevação estúpida.

Se recusava a passar a virada de ano sozinho, era carente demais para ouvir os fogos explodirem ao céu e não ter uma viva alma para desejar um bom ano.

Por isso, mesmo odiando se aventurar, ele pulou uma cerca que dividia uma via e outra, por estar sem tempo para andar até a passarela e atravessá-la, ele pulou, rasgou uma parte da calça e esperou os carros darem um espaço mínimo para que ele corresse e chegasse ao outro lado (não façam isso, crianças).

De repente, o caminho que ele pegava todo santo dia, parecia muito maior que o normal, e ele queria ter os poderes de algum X-men.

Mesmo sem fôlego, ele segurou firmemente sua garrafa e continuou a correr, desviando de quem aparecia em sua frente.

Aumentando as esperanças de atrasado, ele viu a placa da estação quase como a tábua que Rose ocupou sozinha em Titanic. Aquela exercício todo estava cansando as já cansadas pernas de Yoongi.

a film by quentin tarantino {sugamon}Onde histórias criam vida. Descubra agora