Namjoon o olhou por um tempo, um pouco decepcionado, mas não afetado. Poxa, Haitai Tigers eram demais, como o outro podia não gostar?
De qualquer forma, Kim tirou um minuto para analisar aquele rapaz tão "aleatório" e notou que este suava um pouquinho, sua testa brilhava um tanto e a forma como lambia os lábios de minuto em minuto não parecia ser apenas hábito, e sim nervosismo. Ele não era um qualquer um, desses caras arruaceiros, isso era nítido, pois sua camisa apesar de não parecer cara, era bem cuidada, e seu cabelo brilhava demais para alguém que não liga para o shampoo que compra, assim como a tigela em suas mãos estava bem embalada por um daqueles plásticos transparentes que agora Namjoon não se recorda do nome. É, esse rapaz provavelmente trabalhava e não era uma vergonha pra família.
— Uh... tudo bem — sorriu de jeito fraco, passando a mão por trás da cabeça. — É... eu gosto. É meu time favorito.
E sentia que o menor não dava a mínima para o papo de beisebol, então logo retornou a falar. — Babaca aquele cara que esbarrou na gente, não é? Se eu o encontrar de novo, eu vou fazê-lo comer um trem inteiro.
Seus olhos moveram-se para os lábios carnudos do outro conforme falava. E não era de uma forma sexual; ele só se interessou pelo jeito que cada fissura da boca dele se movia conforme a voz arrastada saía por ela.
Min lembrou-se do denominado babaca, e tossiu quando sentiu que iria rir. Era impossível comer um trem inteiro. Você morreria antes do primeiro vagão-oh. Ironia.
Ele conseguiu sorrir um pouco (e provavelmente parecia como se ele estivesse chorando, o que quase estava também) e ergueu a mão trêmula que segurava os biscoitos para secar seu rosto. Ele ainda estava suando frio, o que não era um bom sinal, mas conseguir passar a mão pelo rosto já podia ser visto como uma melhora.
— Ele devia estar com pressa também-né? — Conseguiu argumentar, seguindo com os olhos fixos nos movimentos do homem. Ele parecia ser um molecão, pra ser sincero, mas daquele jeito divertido, o tipo de pessoa que faria uma mesa de parentes dar risada à cada cinco minutos.
Min Yoongi nunca seria isso. Primeiro que ele não tinha família, e, bem, ele era chato demais também.
— Eu também estava com pressa, e não estraguei o ano novo de ninguém por causa disso— resmungou Namjoon, se encostando no banco e trazendo uma perna para cima, apoiando o braço dela, os olhos varrendo as paredes extensas dos prédios à frente. — Espero que um desses fogos de artifício peguem no traseiro dele.
Namjoon não tinha um filtro muito bom, tanto que se falasse por muito tempo com um cliente, este ou nunca mais voltaria à loja ou pediria algo fiado.
Mas não estava se importando agora, pois sua noite já estava classificada como uma porra, e ele não tinha nada a perder, se soasse mal educado para o rapaz ao lado, não importaria muito, já que não o conhecia e nunca mais o veria.
Kim estava metendo um "foda-se"? Não. Aliás, gostaria que seu papo com o bonitinho na outra ponta do banco não acabasse errado, pois não gostava de ser desagradável, mas se caso fosse um fiasco, aí sim ele não dava a mínima, pois tudo já estava ferrado.
O mais baixo admirou o perfil dele por alguns minutos. O jeito como ele falava também era engraçado, com um tom de voz revoltado e reclamão.
Mas era verdade, afinal. Ele estava ajudando Min Yoongi a respirar direito de qualquer das formas, e não estragando seu ano novo. Bom, o ano novo mesmo já estava estragado; faltavam menos de 10 minutos para que o ano acabasse.
Min não queria passar o ano tendo uma maldita crise. Conversar com aquele garoto estava ajudando, então, ele deveria continuar.
— Será que vai dar pra ver, daqui? — Yoongi se recosta no banco, encarando agora o espaço aberto que dava visão para o céu semi-estrelado. Ele ainda tinha uma camada fina de suor na testa, mas podia quase respirar normalmente agora.
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a film by quentin tarantino {sugamon}
FanfictionSobre Namjoon, Yoongi, o lançamento perdido de Jackie Brown e a virada de 1998. [a @swagay and @misanthropya short-fanfiction]