Capítulo 2

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Capítulo 2

Meus olhos se abriram e eu fitei o céu azul acima de mim, eu usava um vestido longo e preto, estava deitada, em um jardim, um lindo jardim com flores vermelhas, me levantei e comecei a caminhar por entre as flores, admirada com tamanha beleza. Senti alguém puxar meu braço, me virei para olhar me deparei com ele, os olhos num pavor enorme, olhei para seu corpo e havia sangue em sua roupa, ele estava ferido, eu me apavorei, mas era tarde, seu corpo tocou o chão que já não era mais florido, olhei minhas mãos e nelas estavam o seu sangue. Fitei o lugar ao meu redor, e não era mais o mesmo. O céu estava negro, o antigo jardim florido,agora era um cemitério aberto, com diversos corpos caídos á minha volta, lá estavam todos que um dia fizeram parte da minha vida. E eu estava marcada, com o nome de cada um.

...

Acordei em um pulo, assustada com o pesadelo que acabara de ter, levantei correndo e desci as escadas, não havia ninguém na sala, subi novamente, abri a porta do quarto de minha avó e suspirei aliviada ao ver que ela ainda dormia, então tive certeza de que aquilo foi somente um sonho.

Tomei um banho e me arrumei para a escola, o dia estava quente, então me atrevi a retirar um vestido de estampa indiana da gaveta com um casaco fino por cima, era outono e eu era uma pessoa que sentia muito frio, então saía de casaco mesmo em dias de sol. Desci as escadas e comecei a fazer o café, já que ainda era cedo, sei que dona Eleonora provavelmente se sentiria mal por eu ter feito algo que ela se sente na responsabilidade de fazer, mas não iria me arrancar um braço fazer o café hoje.

− Já acordada querida? – Ouvi a doce voz que me acompanha desde que me conheço por gente.

− Bom dia vovó! Fiz o café pra senhora hoje. – Eu disse e lhe dei um abraço rápido.

− Christie, não precisava. – Ela disse com um sorriso. −Você já tem tanto para fazer.

− Vovó! Já conversamos antes e eu já disse que não me incomodo.

Ela sorriu e eu me despedi, decidi ir para aula mais cedo, na esperança de encontrar com Daniel antes do pessoal chegar, queria conversar com ele, a respeito do que aconteceu no dia antecedente e sobre o sonho, no qual ele fazia parte.

Quando cheguei, a escola ainda estava fechada, decidi me sentar na escada que havia em frente à entrada, e comecei a observar tudo ao meu redor, havia arvores, flores. Parecia um lugar calmo. Era diferente, não parecia aquele lugar infernal, cheio de pessoas vazias, que só querem o mal umas das outras, parecia um lugar de paz, onde eu podia ser o que eu quisesse. Notei entre as arvores a presença do mesmo corvo que nos observava ontem, aquele corvo era extremamente estranho, era um animal, mas a profundidade do seu olhar fazia com que eu me sentisse vigiada por ele.

Algum tempo se passou e avistei Daniel, usava uma calça jeans com alguns rasgos no joelho, uma camisa vermelha com um pentagrama invertido estampado. Achei bonita e ao mesmo tempo cômica, era como dizer "sou rebelde". Seu cabelo estava solto e se movimentava com a brisa leve que soprava.

− Christie? Está um pouco cedo, não acha? – Ele disse sentando-se ao meu lado.

− Sim, eu decidi vir mais cedo para ver se te encontrava. – Respondi meio envergonhada.

− Me encontrar? Pra que? Aconteceu algo? – Ele soou meio preocupado.

− Não! Quer dizer, sim, mas não nada sério. Ta talvez seja sério. Mas talvez seja somente uma bobeira. – Eu disse tão rapidamente que mal consegui entender minhas palavras.

− Christie, primeiro se acalme. – Ele me interrompeu. − Organize seus pensamentos e me conte o que aconteceu.

Eu puxei o colar do bolso e notei seus olhos brilharem ao vê-lo. Comecei a contar sobre o homem na locadora, sobre o colar, sobre a ida ao mercado e sobre o sonho, mas escondendo sua participação no mesmo, ele me ouvia atento, quando percebi a escola já estava lotada.

Em Busca do OcultoWhere stories live. Discover now