Meio de gente aparentemente feliz, 11 de janeiro de 2018.
Prezadas (ou não) pessoas que já estiveram ao meu redor,
Eu provavelmente não fui a mais espontânea do mundo com nenhum de vocês. Devo ter sorrido quando não queria falar nada, dado as respostas mais previsíveis e talvez até mantido uma postura arrogante, mas eu juro que não foi por mal.
Me perdoe se você me pegou rindo sozinha. Caso você seja inseguro como eu e tenha pensado que era de você, garanto que não. Ou, caso tenha me achado louca (muito mais provável), bem... aí não tenho muito a dizer.
Podia não fazer sentido para você, mas fazia pra mim.
Era minha maneira de não sucumbir. De não ficar só lamentando, minha maior habilidade até uns anos atrás. Então, para não sofrer com a realidade, eu criava outras. Fingia que eram reais, e vivia feliz nelas.
Cá entre nós? Ainda faço isso às vezes.
Talvez você me chame de fraca, e talvez eu concorde. Não havia nada tão grave acontecendo na minha vida, e hoje vejo que para ser feliz é preciso simplesmente estar feliz. Não o tempo todo, mas em momentos o bastante para que seu cérebro entenda que sua vida não é uma desgraça. A minha nunca foi.
Estou fugindo do foco, porém. Meu objetivo nunca foi contar essa parte da história. O que eu queria dizer, o que eu realmente mataria para que alguns de vocês soubessem, é que nunca foi por mal.
Nem sei se pareci grossa. Ou louca. Ou esquisita. Ou só tímida. Na minha memória, já fui todas essas coisas, mas descobri que ela não é tão confiável assim. O que vocês comentavam sobre mim quando eu não estava ouvindo? Já imaginei tanta coisa...
Eu imaginava esses mundos nos quais eu era sorridente e espontânea porque eu queria muito que aquilo fosse real. Se eu fui arrogante contigo, foi porque vivia insegura: as pessoas eram sempre uma ameaça e eu vivia na defensiva. Se me recusei a manter uma conversa, provavelmente eu estava com as mãos tremendo nos bolsos, ou com a garganta fechada a ponto de vomitar.
Antes eu dizia que tinha medo das pessoas. Agora digo que tenho medo de mim mesma. Do que posso dizer, ou fazer. É o auge da insegurança, e ele ainda me visita às vezes.
Qualquer que tenha sido a conversa, ou a amizade, que tenhamos tido, saiba que sofri por não ter sido tão eu. Obrigada por ter sido você, se é que foi.
E, se algum de vocês esteja escondendo os mesmos medos que eu, deixa claro aqui que tudo, absolutamente tudo, é reversível.
Sinceramente,
A garota que você nunca conheceu.
Day 10: escreva uma carta.
Bem, esse desafio também foi bem difícil, embora não tanto quanto o anterior. Já havia escrito algumas cartas para a escola, mas todas tinham um lado mais argumentativo e racional, que eu não estava muito a fim de trazer pra cá.
Acabei abrindo meu coração em uma espécie de desabafo um pouco mais pessimista do que costumo ser. Não esperava que o texto fosse ficar tão pessoal, e pensei várias e várias vezes antes de publicá-lo (e também de fazer esse comentário).
Mas a escrita sempre tirou o melhor e o pior de mim, e não vou me mostrar pela metade por meio dela.
Obrigada por ter lido, e vote no capítulo caso tenha gostado!
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30 Days Writing Challenge
Non-Fiction30 desafios. 30 dias para cumpri-los. Uma escritora explorando as loucuras da própria mente.