20. Eu tive medo de admitir

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Então eu contei toda a história, focando nos detalhes. Admiti que na primeira noite na capital eu saí para beber, então contei que fui no ginecologista e descobri que fui estuprada.

Falei dos enjoos recorrentes, do cansaço, sobre as consultas médicas, sobre o exame de sangue e que me isolei do mundo nas últimas cinco.

Era um tanto constrangedor falar sobre a minha vida sexual com os meus pais, mas ninguém engravida tomando água e eles precisavam saber como eu tinha acabado desse jeito.

Por fim, coloquei várias fotos das minhas ultrassonografias mostrando o desenvolvimento do bebê. Abaixei a cabeça e aguardei em silêncio o julgamento deles:

- Por que escondeu isso da gente por tanto tempo? - meu pai perguntou.
- Medo
- Medo do que? - foi a vez da minha mãe perguntar.
- Medo de ter que admitir que fui estuprada em voz alta e eu sei que a responsabilidade é toda minha, eu não deveria ter bebido.

Um longo período de silêncio seguiu a minha frase e eu fiquei quieta encarando a toalha xadrez da mesa. Por fim, decidi levantar a cabeça e vi meus pais observando as fotos e comparando o crescimento do neto de uma semana para outra:

- O que você fez não foi certo, exagerar na bebida, confiar a outra pessoa a chave do apartamento, abandonar o curso de direito, mas a coisa mais errada nessa história toda foi não ter confiado na gente - meu pai disse.
- Somos seus pais, te amamos e te apoiaremos independentemente da sua decisão - minha mãe disse - já está feito, não tem como voltar atrás.

Comecei chorar e meu pai me abraçou e disse:

- Nunca mais ache que nós iremos te pré julgar ou te rechaçar...
- Tá bom...

Minha mãe nos abraçou e perguntou:

- Tem alguma chance desse filho ser do Lucas?
- Tem 1% de chance dele ser filho do Lucas, na última vez que nós transamos, há exatas nove semanas, a camisinha estourou.
- Então a primeira coisa a fazer é um teste para descobrir quem é o pai - papai disse.
- Mas de qualquer maneira esse vagabundo desse estuprador não deve sair impune - minha mãe disse - ele pode fazer outras jovens sofrerem como você está sofrendo.

Depois de muita choradeira, nos sentamos na mesa e então eu perguntei:

- Sobre o que vocês queriam falar comigo?
- Você não é a única que vai ter um bebê - minha mãe colocou a mão no ventre e eu comecei chorar.

- Sobre o que vocês queriam falar comigo?- Você não é a única que vai ter um bebê - minha mãe colocou a mão no ventre e eu comecei chorar

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O melhor de nós dois - Livro 02 (Série Família Cavallero) [Concluído] Onde histórias criam vida. Descubra agora