Capítulo 5

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Depois das brincadeiras com os meus sobrinhos fui dar uma volta no dia seguinte.

Sozinho caminho pelas ruas de Porto Alegre, sem saber ao certo onde irei parar. Vejo no meu caminho o Filipe, que me perguntou o que se passa comigo. Decidimos ir a um café para conversar. Já eram nove horas, da terça feira.
    
       - Meu amigo, o que é que se passa contigo? - perguntou o Filipe muito preocupado com o amigo e sua saúde. - Já a dias que não te vejo assim!

      - Eu estou bem. Só...... Bem eu tive um sonho ontem, e foi muito estranho, - respondeu o Fred com os olhos esbugalhados. - parecia que ela ainda estava viva.

      - Ela quem? - questionou o Filipe.

      - A Marcia. Foi com ela que eu sonhei ontem. Ela ainda vive dentro de mim, - respondeu o Fred choramingando. - pode até parecer bobagem para você mas é verdade, e eu sinto a falta dela.

      - Ainda gostas dela? - perguntou o Filipe com dor ao ver a situação.

     - Ela era o meu bem mais precioso, e ainda só me resta as lembranças, e agora este sonho, sem explicação.

     - Depois do seu casamento com a Marcia, eu não fiquei muito tempo aqui, mas não sei se é pedir muito, mas, gostaria de saber um pouco mais sobre ela, - exclamou o Filipe. - para poder entender sua situação!

      - Bem, a Marcia é e sempre será uma grande mulher. Desde o dia em que a conheci, foi tudo um grande prazer, - desabafou o Fred. - vivemos bons momentos, até teve um vez em que fomos a praia e ficamos deitados na areia quente, e depois de alguns minutos ela ficou vermelha como uma pimenta, mas o lugar onde a minha mão se encontrava ficou normal, mas com o formato completo das minhas mãos. Eu a tinha provocado, e ela correu a minha trás para me pegar, foi demais. Corremos até que ela desistiu e eu parei para ela me pegar. E sobre a areia quente nos rebola-mos ao encontro das águas do mar. Também teve uma vez em que estávamos a cozinhar juntos, foi um desastre total, e eu é que estava a comandar as panelas. Tivemos que ir comer fora. Quando voltamos a sujeira que tínhamos feito, ficou seca e tudo estava sujo, demorou dias para limpar aquilo. Mas falando do seu, caráter, a sua bondade e compaixão e compreensão, ela é sublime. Ela é um resplendor de amor, e um doce de mulher.

É foram conversando até muito mas tempo que esoerava, e só estávam a falar da memórias com a Marcia, que o Fred carregava. E vieram, mais, e mais, e mais, e ainda mais, o suficiente para formar um rio e encher um mar. Mas ainda faltava coisas faltavam palavras gestos, não sei, a única coisa que sabia é que não chegou na metade do caminho.

      - Continuando, ainda, a falar da Marcia, é como falar do sol e a lua, das estrelas e do azul do céu, do mar e das ondas, de tudo um pouco que á no mundo para ser descoberto. Ela era meiga, doce, delicada, frágil, carinhosa, e muito especial e também tinha muito esperança. O que ela mais queria me dar era um filho, ou mais, só que não deu tempo. Estive sozinho a dias e noites passados, que sempre me fazia esquecer quem sou, ou porquê estou ainda a viver. Já pensei várias vezes em me matar mas não consegui ir em frente com as ideias que atormentavam o meu pensamento. Tinha pensados constantemente, ou melhor quase sempre. Mas o engraçado é que eles sempre não me deixava morrer, estava sempre a ser salvo, e a voz da Marcia no meu ouvido sempre me dizia para não morrer porque ela também estava viva, e que logo voltaria. E também me dizia que estava grávida de um filho meu, e que o mesmo está saudável na sua barriga, para que eu me preocupe. E sempre foi assim, todas as noites. Mas ouve uma noite em que no sonho ela chegou para mim e me disse que o nosso filho já nasceu e que é um rapaz bem forte e bonito como o pai, - continuou Fred. - mas ela não me mostrou o rosto dele, e desde lá nunca mais apareceu.

      - Pelo visto, - perguntou o Filipe. - tu ainda gostas dela, não é?

      - Sim, e pode parecer loucura para você, - e os olhos do Fred brilhavam quando falava.  - mas tenho quase certeza que a verei de novo.

      - Bem, e a Paula, - questionou o Filipe. - como fica no meio disto tudo?

      - Eu sempre a protegerei  - respondeu o Fred. - para que não lhe falte nada.

Ainda fomos falando da Marcia, e só paramos quando eu estava em casa.

      - Bem, eu só tenho a agradecer pela sua disponibilidade e atenção em me ouvir, acho que isso me fez sentir bem. - agradeceu o Fred.

      - Não a problema, - respondeu o Filipe.  - pois os amigos sao para isso.

      - Estou contando com você para a ceia de natal em minha casa! E não aceito - obrigou o Fred. - não como resposta!

      - Estarei presente. Adeus Fred. - disse o Filipe se afastando.

      - Adeus. - disse o Fred.

Entrando na casa o Fred vê a Paula se divertindo com as crianças.

      - Tío. - grita a pequena Abdinay correndo na direção do Fred com um lindo sorriso.

      - Olá minha sobrinha,  - perguntou o Fred. - como foi a noite?

      - Foi boa, mas o que mais gostei - respondeu a pequenina. - era quando estávamos a jogar as escondidas.

      - Se quiseres podemos jogar de novo, - exclamou o Fred - ou que tal agora mesmo! 

E enquanto falavam, o Júlio e a Abigail também se aproximam.

      - Oba. - responderam cheio de entusiasmo.

Enquanto eles preparavam tudo eu foi ter com a Paula para lhe contar onde estava. Não contei sobre o sonho e nem da minha conversa com o Filipe, pois pedi ao mesmo para não contar a ninguém. A Paula reagiu bem a mentira que inventei e fomos todos jogar as escondidas. Foi uma das melhores tardes da minha vida.

A Dor de Um EsquecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora