terça, 21 de janeiro.
Despertei com o barulhinho da chuva que fazia lá fora. Respingos de chuva batiam em minha janela. Inverno, como eu te amo. É sem dúvidas a melhor estação do ano. Poder tomar chocolate quentinho, dormir cheia de cobertas e meias estampadas. Hoje seria um dia diferente, mas não por ser inverno, e sim porque seria o primeiro dia de aula em uma escola nova. Confesso que esse era mais um dos motivos que vinha me fazendo roer as unhas nos últimos dias.
Apolo saltou na cama me tirando de transe. Ele estava um amor de gravatinha azul com listras brancas. Apolo era um husky siberiano com pelos brancos e lindos olhos com heterocromia. Acariciei seus pelos macios e fiz cócegas em sua barriguinha rosada, Apolo era dengoso, sempre que podia pedia carinho. Meu celular alarmou com uma notificação e pude ver o horário. Faltava não muito mais que uma hora para que a aula começasse.— Já de pé? - Meu pai sorriu encostado na porta.
— A culpa é da chuva. - Apontei para a janela sorrindo.
— Vou fazer nosso café, tudo bem? - Assenti e o mesmo se retirou. Desde o divórcio, meu pai andava cabisbaixo, sozinho e desanimado com tudo. E foi aí que resolvi adotar um cachorrinho, Apolo foi um ótimo companheiro para ele nessas horas. Após o término, ele teve outros curtos casos amorosos, mas nenhum que o realmente fizesse abrir o mesmo sorriso de antes.
Chequei a mochila várias vezes para ter certeza de que eu não estava me esquecendo de nada. Isso porque eu já me conhecia em relação a esquecer as coisas nos lugares. Me asseei e voltei para o meu quarto novamente. Sentei na penteadeira e me encarei por alguns segundos. Incrível como meus traços eram uma perfeita combinação de meus pais. Talvez por isso doesse ao meu pai me ver sempre e lembrar de minha mãe.
Corrigi as minhas olheiras com o corretivo e finalizei a make tingindo meus lábios de vermelho. Depois de alguns minutos, meu pai me chamou para comer e eu segui para a cozinha. Ele havia preparado pães torrados com ovos mexidos para o café. Comi tudo depressa, estava ansiosa para conhecer a nova escola. Não ficava muito longe da minha casa, eram cerca de doze minutos com o trânsito.~
— Depois do trabalho eu venho aqui te buscar, combinado? Boa aula. - Disse meu pai parando próximo a escola. Assenti e o mesmo se despediu dando partida no carro. Não conhecia ninguém ali, estranhava o novo ambiente. O colégio era muito bonito, suas cores vibrantes com aparência de tinta fresca, cartazes na maioria das paredes e vários alunos divididos em grupos, trocando conversa. O colégio era imenso, poderia me perder facilmente. Fui na salinha da coordenação e me informei com a auxiliar, que pelo visto todos babavam nela. Uma loira alta, de óculos, trajava camisa social branca e uma saia preta, um pouco acima do joelho.
A mesma me recebeu com simpatia e me levou até a sala do segundo andar. Antes disso, me apresentou o ambiente e me deu um guia para não se perder pela escola. A moça abriu a porta suavemente e me convidou para entrar. Nervosa, dei passos rápidos, pois sentia todos os olhares sobre mim. Ainda com o coração acelerado, sentei na penúltima carteira e encostei minha mochila. Senti alguns olhares pesarem sobre mim. Encarei todos ao redor e pude perceber que todos se dividiam em grupos diferentes até dentro de sala. Ao meu lado.. Não sei especificar, apenas garotas que provavelmente eu me daria bem.
— Oi, eu a sou Ragna. - Disse uma garota de cabelos castanhos escuros cacheados. — É caloura, acertei? Nunca a vi por aqui. - Assenti, retribuindo o sorriso.
— Sim. - Sorri sem jeito. — Me chamo Malia, prazer.
— Estas são Ava e Vick.
As mesmas acenaram e eu acenei de volta.
Vick tinha seus cabelos castanhos enquanto Ava tinha o seu tingido de rosa, mas parecia estar desbotando.— Amei a cor do seu cabelo, é a cor dele natural? - Assenti para Vick que fazia cara de surpresa ao tocar em minhas mechas loiras. — Arrasou. - Fez biquinho.
— Para tudo! - Protestara Ragna batendo na mesa. — Foto nova do meu namorado. - Cantarolou apontando para um garoto em seu celular. Todas levaram o olhar para o garoto na foto.
— Vocês falam com se a novata conhecesse. - Disse Ava.
— Malia, o Chase é do último ano e as vezes dividimos aula com ele. Ragna que é iludida, ele nem sabe direito da existência dela. - Disse Vick.
— Assim você me humilha. - Disse Ragna revirando os olhos. — Olha que perfeição. - Apontou para a foto em seu celular.
— Fala sério. - Sorri. — Ele não me parece ser isso tudo. - desdenhei.
— Isso é porquê você não o conhece. - Afirmou Vick. — Todas as garotas do Blake babam por Chase Parks. É um mulherengo idiota, mas gostoso.
— Você também é galinha. - Provocou Ragna para Vick que revirava o olhar.
— Por quê as meninas o endeusam tanto? - Perguntei dando de ombros.
— Por ter boa ''fama'' com as garotas, simplesmente idiotice. - Disse Ava caçoando. — E também por ele ser bom em tudo o que faz...
— Isso é ridículo. - Sorrimos.
— Sexta, social na casa do Ryan. - Disse Ragna ignorando nossa conversa. — Quem vai? Todas levantaram a mão. Fiquei as observando enquanto notava que a única deslocada ali era eu mesma. Todas já tinham planos, amigos e eu nem sabia que dia era.
— Você vai, não é? - Indagou Ragna. —Sempre que o Ryan resolve dar festa, todo o terceiro ano aparece. Vaaaamos, você vai gostar. - Insistiu. — Vai conhecer muita gente!
— Parece ser legal, mas eu não conheço ninguém e.. - Falei, não convencida.
— Você tem que ir, sério. - Disse Vick, me interrompendo. — Sempre tem os gatinhos do terceiro nessas festas.
— Ok, vou pensar no caso. - Rimos.
— É, não liga pra elas.. Costumam ser bastante inconvenientes. - Brincou Ava. — Você não precisa se sentir obrigada a ir.
— É, talvez seja uma boa eu ir, sei lá. - Suspirei. — Eu preciso sair, sabe? Passo muito tempo sozinha trancada no meu quarto, nem falo direito com meu pai que mora na mesma casa que eu e isso é estranho.
— Sei. - Falou sem jeito. — Se você acha que é o melhor, então tudo bem. Eu só acompanho as meninas por não ter nada melhor pra fazer e também porque gosto de ver as idiotices do ensino médio. - Riu. — Então se quiser ir, será bem vinda, posso fazer companhia se não quiser ficar pela festa sozinha.
— Entendi, valeu. - Sorri sem jeito. — Acho que sair de casa para ver adolescentes idiotas fazendo coisas idiotas pode ser menos entediante.
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Doce Clichê - Em revisão
RomanceMalia Hazel, uma garota doce e ao mesmo tempo geniosa de dezessete anos, que conquista todos ao seu redor. Malia se muda de cidade após o divórcio de seus pais e passa por todo um processo de readaptação. Ela faz em seu novo colégio ótimas amizades...