capítulo 7

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Chase Parks;
Segunda-feira.

Por mais idiota que fosse, eu estava pensando em Malia e em todo o tempo que havíamos passado juntos em sua casa. Suas bochechas coradas quando eu me aproximava, ou seu olhar que desviava do meu, era tão perfeito. Se não me afastasse, até diria que poderia gostar de mim.

Os garotos riam de alguma idiotice, mas eu não os ouvia. Minha cabeça estava em marte, ou melhor, em Malia. Eu não conseguia parar de pensar em sua respiração tocando minha pele.

— Vick é boa pra caralho na cama. - Disse Tyler me tirando da transe. Falavam tanta merda que eu preferia ser surdo para não ter que ouvir tanta baboseira. — Vocês já viram o tamanho dos peitos dela? - Gesticulou com as mãos.

— Não viram aquela novata? - Indagou Ryan com uma expressão maliciosa. — Muito gata! Será que vale a pena?

Eles planejavam pegar qualquer uma que entrasse. Mas, eu sabia de que se tratava especificamente de Malia. Isso porquê já haviam comentado sobre ela antes, e querendo ou não, Malia chamava a atenção de todos com a sua beleza angelical.

— De quem estão falando? - Fingi não saber do que de tratava.

— Da gata loirinha, cinturinha fina, olhos claros... - Acrescentou Tyler.

Não sei porquê, mas o jeito que Tyler falava de Malia como uma qualquer me deixava  incomodado pra caralho. Eu sentia que precisava dar alguma resposta à eles.

— Sem querer ofender, mas, vocês não fazem o tipo dela. - Os garotos se olharam sem entender e uma expressão divertida se formara em seus rostos.

— E desde quando você entende disso? Será que já levou um fora dela? - Provocou Tyler.

— Ou... alguém tá apaixonadinho. - Disse Ryan. Esse comentário havia mexido comigo de alguma forma. Que tolice.

Formei uma expressão séria para ambos.

— Ninguém tá "apaixonadinho", Ryan. E Tyler, respondendo à ti, se eu quisesse ter ficado com ela, já teria ficado.

— Claro que sim. - Caçoou Adriel.

— Não me importa o que pensam. Apenas fiquem longe dela, ok? Ela provavelmente é lésbica. - Improvisei com uma mentira esfarrapada. Até parece que isso iria parar eles.

Os meninos riram e voltaram ao assunto, com certeza não os convenci. Revirei os olhos, puxando um maço de cigarro.

— E como está a vadia da Audrey? Acha que ela ficaria comigo? - Provocou Tyler.

— Não me interessa mais nada que seja relacionado à ela. - Dei de ombros tentando evitar esse assunto que me atordoava.

— O casal do colégio terminou, que trágico meus amigos.

— Talvez o Chase não tenha coragem de assumir que levou chifre.

— Ow, Calma lá né? Deixa o cara. - Disse Adriel cortando o assunto.

— Vocês nem sabem a merda de que estão falando, seus idiotas. Audrey é uma metida do caralho, não quero saber dela e nem me interessa algo que venha da mesma. Se a intenção de vocês é pegar ela, então boa sorte.

Falei antes de me retirar. Os meninos já estavam me enchendo com aqueles assuntos. Não tinha mais saco para aquilo, precisava resolver logo essa questão com Audrey.

~

Passei pelo ginásio e pude ver de relance Audrey conversando com Kaleb e Aria. Provavelmente espalhando mais boatos sobre mim. Fui até a mesma e parei em sua frente, sinalizando para que os demais saíssem.

— Não ficou claro de que terminamos, idiota? - Recebi um franzir de testa.

— Parece que quem não entendeu que a gente terminou foi você. Por que espalha tantas mentiras sobre mim, Audrey? Por que não pode simplesmente me deixar em paz?

— Bom, não é mentira. - Cruzou os braços, com a testa franzida. — Você sabe que todos acham o mesmo de você. Até seus amigos devem te achar um drogado, que não tem para onde ir. - Suas palavras me causavam repulsa.

— Fica fora disso. - Suspirei. — E para de inventar mentiras, só me deixa em paz.

— Como é ser rejeitado pelo papai e ser um drogado de merda morando sozinho? - Audrey formara um sorriso irônico em seus lábios antes de se retirar.

— Realmente não sei como namorei com alguém tão desprezível como você. Você me dá nojo. - Audrey deu de ombros, se retirando.

Audrey sempre fazia chantagem quando algo não era feito conforme sua vontade. Atacava no ponto fraco da pessoa, e até mesmo inventava coisas a respeito delas. Era só mais uma garota carente e mimada desesperada por atenção.

Eu realmente não entendo como chegamos a ter algo. Audrey parecia ser alguém bem diferente no começo. Ela mudou bastante durante o nosso namoro, passou a ser muito controladora e se irritava com tudo. Essa fúria toda dela era por conta de que não aceitava minha individualidade, minha escolha de continuar em uma banda, minhas amizades e além de tudo, dependência emocional.

Meu pai estava realmente pouco se fodendo para mim, ele era um alcoólatra que só arranjava briga e decepção para minha mãe. Quando a traiu, foi o ápice. Minha mãe o proibira de entrar em nossa casa. Ele arranjou outra família com nova esposa, novos filhos, e esquecera da gente, como se nós não fôssemos nada. Não ligava para saber sobre mim ou minha mãe, simplesmente seguiu sua vida ignorando nossa existência. Minha mãe passava os dias chorando na cama, descontando toda sua mágoa em mim.

Comecei a tocar em uma banda que fazia concertos em alguns pubs e assim consegui alguns trocados para me sustentar e morar fora. Não suportava mais aquele convívio. Também recebi uma quantia de dinheiro que minha mãe havia deixado para mim, não era muito, mas quebrava o galho.

Depois que passei a morar sozinho, minha vida se resumia em sair para festas para suprir toda a angústia que sentia. Em muitas das vezes recusei bebidas e drogas que me ofereciam, porém, o cigarro havia me ganhado. Eu me sentia só. Fazia merda como qualquer outro adolescente fodido. Isso tudo era meio que uma escapatória de toda aquela merda de vida. Meus dias não faziam sentido, não tinha ânimo para nada. Meu desempenho escolar ia de mal a pior. O coordenador sempre contatava meus pais para reunião e eu sempre inventava desculpas para não ter que explicar a situação. Doía e era humilhante ter que explicar tudo. Era mais fácil fingir.

Doce Clichê - Em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora