capítulo 2

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sexta.
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Mais um dia que tive que abrir mão da minha vontade de ficar grudada o dia todo na cama me enchendo de doces. Fazia isso pelo meu pai também, que só queria estar certo que estava fazendo o melhor para mim e eu preferia deixar assim. Eu sentia falta de uma figura materna mas em compensação tinha meu pai presente ali. Não exatamente presente porque não nos falávamos tanto mas, ele ainda estava ali. Não havia me deixado como minha mãe. Saber que minha mãe havia escolhido morar com outro cara e que não fazia questão de sua própria filha, foi um choque muito grande para mim. Meu pai e o Apolo já me davam muita força para não desistir.

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Cheguei na escola e mesmo com 3 dias de aulas, não tinha conseguido me virar sem um guia naquele colégio. Ainda tive que pedir ajuda a outros alunos que encontrava pelo colégio para ter certeza de que eu estava no caminho certo.
Adentrei na sala e assim que vi as meninas falando empolgadas sobre algo, corri até as mesmas.

— Chegou na hora certa, estamos fofocando! - Sorriu Ragna, me pedindo para sentar com elas.

— Posso saber do que tanto falam? - Sorri.

— Hoje é a social na casa do Ryan, esqueceu? - Disse Ragna com um sorriso largo.

— Ah, é mesmo. - Sorri sem graça. — Vocês vão mesmo? - Provavelmente meu pai não iria me deixar ir, ainda mais nesse horário tão tarde.

— Claro! É questão de popularidade! Minha reputação está em jogo. - Disse Ragna sorrindo.

— Shakespeare perde feio para os seus dramas, Ragna. - Disse Ava.

— Estou ansiosa, não sei mais com qual roupa eu vou. A que eu tinha separado já não tá mais legal. - Disse Ragna. Revirei os olhos sorrindo e abri o livro para revisar o conteúdo dado na aula passada. Não estava conseguindo pegar a matéria dada e isso estava me consumindo. O conteúdo era muito avançado e eu não tinha cabeça para estudar naquele momento, por mais que eu tentasse.

— Meninas, viram isso?! - Perguntou Vick me tirando da transe. — O casalzinho perfeito do colégio terminou. - Arregalou os olhos.

— CHASE E AUDREY? - Gritou Ragna chamando atenção de vários alunos.

— Precisa gritar para que todos saibam que estamos falando deles? - Disse Ava.

— Então quer dizer que agora tenho chances. - Disse Ragna, convencida com um sorriso largo.

— Não se iluda amor. - Disse Vick cortando o barato. A porta bateu e todos desviaram a atenção para os quatro rapazes que entravam debochando de algo.

— Mas não ficou com aquela puta, não é? - Perguntou um dos rapazes quase gritando. Idiotas, estava claro de que queriam atenção.

— Fico apenas com virgens cara. - Caçoou um outro rapaz do grupo.

— Olha o Chase ali! - Disse Ragna apontando com o queixo. Olhei na direção em que ela apontava e vi de que se tratava de um dos quatros idiotas que haviam entrado.

— É algum daqueles imbecis? - Perguntei sem muito interesse depois do que tinha escutado.

— Não fala assim, Chase é o mais legal. - Disse Ragna.

— Chase é o que está na ponta, o de jaqueta preta. - Disse Ava. Chase andava logo a frente dos amigos, suas mãos guardadas nos bolsos de sua jaqueta, fones de ouvidos e a sua feição séria, não parecia muito interessado no assunto dos amigos.

— Igual a todos, fala sério. - Dei de ombros e voltei minha atenção ao livro. Sinceramente não me surpreendia, garoto padrão.

— Ai, mas olha o Ryan, meninas. Ele tá um gatinho. - Disse Vick apontando discretamente para o garoto de moletom verde. Ragna revirou os olhos e começou uma "discussão" para convencê-la de que Chase era o mais bonito. Todos me pareciam idiotas, nada além. O bom foi que se sentaram do outro lado da sala, assim não teria que passar a aula toda ouvindo assuntos idiotas.

— Mas e você, Ava? - Perguntei para a mesma que tirou um dos fones para me ouvir. — Gosta de alguém daqui?

— Ah, eu... - Sem que pudesse completar sua fala, Ragna a interrompeu.

— Ava tem crush na Krystal e não tem coragem de chegar nela, digo mesmo.

— Ragna! Porra, será que tem como falar mais baixo? - Disse Ava sussurrando.

— Que fofo. - Sorri. — Quem é Krystal?

— Aquela ali da outra ponta. - Vick apontou quase que indiscretamente. — Ela não é da nossa sala, também é do último ano.

— Pois é, toda sexta a Ava fica nervosa porque dividimos aula com o último ano. - Disse Ragna fazendo Ava corar suas bochechas.

— Isso não é verdade, ok? E eu nem sei se ela curte garotas. - Disse Ava envergonhada.

— Ela claramente gosta. Isso já tá nítido, você que usa isso como desculpa para não chegar nela, Ava. - Disse Vick.

— Vou voltar a ler aqui, valeu. - Disse Ava colocando de volta seus fones.

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O sinal soou para o final da aula e todos se levantaram. Os garotos idiotas saíram arremessando bolinhas de papel uns nos outros, pareciam crianças. Arfei e guardei o estojo na mochila.

— Que horas você vai? - Perguntou Vick.

— Nem sei se realmente vou. - Desconversei. —Preciso falar com meu pai, depende dele.

— Não me convence assim, dona Malia. - Disse Ragna franzindo o cenho. — Você vai! Não é? Seu pai não precisa saber. - Arqueou a sobrancelha para um sim. Ok, ela estava em convencendo. Sorrimos e seguimos para a saída.

— Olha, pensando bem agora, recomendo que não vá. - Disse Ava. — Vou te falar o que rola.

— Não começa Ava. - Disse Vick revirando os olhos.

— Nessas festas tem brigas, drogas, bebidas e até mesmo pessoas transando na frente de geral. - Franzi o cenho abismada. — Joguinhos e desafios imorais que você deve cumprir, caso contrário, ficam na sua cola o resto do ano, te zoando.

— Não liga para a Ava, ela só está falando isso para você não ir. - Disse Vick sorrindo.

— É, ela está exagerando, nem sempre é assim. - Sorriu Ragna. — Tem muita energia, música alta, pessoas novas, e o melhor... Garotos.

— Como que garotos pode ser o melhor? - Disse Ava. — Resumindo, Ragna e Vick são desesperadas para fazer sexo. - Deu de ombros.

— E você não? - Vick arqueou a sobrancelha.

— A Ava é amargurada assim porque não tem coragem de chegar na crush platônica dela. - Caçoou Ragna.

— Vocês são tão engraçadinhas. - Desdenhou Ava. — Malia, se algum idiota na festa tentar te convencer de...

— Eu sei, fica tranquila. - Sorri. — Não vou cair na onda de nenhum ali e muito menos me sentir forçada a algo. Qualquer coisa, eu te chamo para a gente acabar o cara.  - Sorrimos.

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Doce Clichê - Em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora