chapitre 02: c é l e s t e

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Adrien

Desperto com algo fazendo cócegas no meu rosto. Abro os olhos lentamente e pisco algumas vezes. Tudo estava escuro e por um segundo esqueci-me de onde estava, até sentir algo... ou melhor, alguém se remexer sobre o meu corpo.

Marinette estava dormindo enquanto me abraçava e alguns fios do seu cabelo faziam cócegas no meu rosto. Acabei sorrindo com aquela cena.

— A bela adormecida acordou? — a voz irônica de Plagg me assustou. — Se eu não acabasse com a transformação, você não acordaria. — falou impaciente.

Ele estava na altura do meu rosto, encarando-me enfurecido, apesar de falar baixo para não acordar a garota em meus braços.

Olho para o meu corpo e finalmente noto que a transformação tinha acabado.

Se Marinette acordasse e descobrisse que eu, Adrien, sou Chat Noir, teria sérios problemas.

— Você vai mesmo ficar aí deitado?

Ainda não tinha movido um músculo. E se ela acordasse? Eu estaria em maus lençóis, literalmente.

Seguro-a com cuidado e deito-a ao meu lado. Marinette suspirou e aconchegou-se no colchão, puxando o cobertor para si.

Beijo a sua testa e digo:

— Bons sonhos, princesa.

Após ir para a varanda, Plagg me transforma novamente.

Estava pronto para ir embora quando ouço um barulho em um dos prédios da frente. Por um momento, pensei ter visto uma sombra correndo de volta para a escuridão. Assustei-me com aquilo e olhei para a porta que dava para o quarto de Marinette. Era meu dever checar.

Pulo para o outro prédio e dou algumas voltas pelo telhado.

Não me surpreendo ao perceber que não era nada e não passava da minha imaginação, afinal, tinha acabado de acordar, encontrava-me sonolento ainda.

Provavelmente eu estava apenas sendo paranóico e protetor demais.

Suspiro e jogo-me na imensidão de Paris, indo diretamente para o vazio da minha casa.

***

Pela manhã, ouço Nathalie me chamar, dizendo que era hora de ir para o colégio, mas o que ela não sabia é que eu já estava acordado. Há muito tempo.

Depois que voltei da casa de Marinette não consegui mais dormir. Não por ter estado com ela, e sim por ficar relembrando todos os acontecimentos do dia anterior.

Minha mãe estava morta. Meu pai me ignorava mais ainda. A garota que eu amava me deu um fora. Machuquei uma amiga por causa dessa garota. Ignorei o meu melhor amigo por causa dessa garota, também.

Eu me sentia horrível. Na verdade, eu sou horrível. No que eu estava me transformando por alguém que eu não conheço?

Apaixonar-se é como voar com as asas de um anjo e poder tocar as nuvens, é um sentimento celestial que escapa do entendimento humano, é um sinônimo de magnificência. Você coloca a pessoa amada em um pedestal, lá ela parece tão perfeita quanto uma pintura de Botticelli, tão divina quanto uma Vênus. Até que você consegue enxergar os defeitos que tanto mascarou. E então você cai.

Eu não faço ideia de quem Ladybug é e mesmo assim coloquei meus sentimentos por ela na frente de tudo. Eu me tornei um cego. Alguém que eu não conheço me fez machucar quem eu conheço. Marinette não deveria sofrer por um erro meu. Eu não deveria tratar meus amigos de forma grosseira sempre que Ladybug me der um fora, afinal, estarei agindo com eles da mesma maneira que ela agiu comigo.

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