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Aquele olhar caiu sobre Amberle que estranhamente mesmo sabendo de todas as histórias sobre a assassina ainda tinha tantas perguntas e estava mais ansiosa do que com medo de estar sozinha em um cômodo com ela.
Eretreia era muito boa em ler as pessoas e saber seus pensamentos, movimentos e até ações mas essa princesa era uma incógnita para ela.

- Então esse é o seu quarto e o lavabo, seus treinos começam amanhã e os horários das refeições estão na parede no começo do corredor.- ela fez uma pausa sentindo a humana a encarar.- olha eu não dou a mínima para esse concurso, e se você for tentar fugir, pelo menos tente não ser morta ou pega, porque seria uma vergonha para mim.- a assassina ainda a encara sem reação.

O silêncio paira no ar e Eretreia começa a observar o quarto passando os dedos pelos móveis.

- Ah, esse quarto é o quarto número 45 do terceiro andar, a minha tia costumava a pintar aqui dentro, por isso dos móveis vintages meio manchados de tinta, espero que goste, a final todo mundo gosta- Amberle disse essa ultima parte mais baixo mas que foi ouvida pela outra garota.

- Por que tem tanta certeza que não vou ficar até o final?- Eretreia perguntou de repente ainda observando o quarto.

Aquela pergunta pegou Amberle desprevenida.

- Eu andei pesquisando sobre você, só não esperava que já a teria conhecido antes.

Essa resposta fez Eretreia relembrar aquela noite, o que respondeu sua alto pergunta de como ela sabia do cheiro de jasmim em seu copo, ela não era uma elfa qualquer, ela tinha sangue real e devem ter-lá preparado para esse tipo de coisa.

- Pois é, mundo pequeno, não é sempre que se encontra uma princesa elfa na floresta de madrugada.- ela diz chegando mais perto da Amberle que não se moveu

- É mesmo, não é sempre que você passa para trás a assassina.- diz Amberle dando um passo para frente também que a fez ficar dois palmos longe da humana.

A princesa não sabia de onde tirava tanta coragem, tudo bem que Amberle não era nenhuma cagona, pelo contrário, mas neste momento sentia que estava brincando com fogo e pior estava gostando.
Para sua surpresa Eretreia deu uma pequena risada e volta seu corpo para perto da janela que havia no quarto.

- Vossa alteza nunca me falou o que fazia naquela floresta de noite.

- E nem pretendo, aliás para que queres saber? - A princesa cruza os braços em quando olha para as costas da humana

- Se eu disser curiosidade você vai acreditar?

A princesa deu umas pequena risada e respondeu.

- Pelo que eu ouvi sobre você curiosidade não é um dos pequenos sentimento que existem e você. - a princesa não foi respondida depois disso.- bom o jantar é às 21:30, mas pelo seu estado eu vou mandar alguém aqui para te limpar e trazer comida.

Logo após o que Amberle disse uma seção de olhares foram lançados, sem ninguém falar nada, deixando a princesa levemente desconfortável, mas Eretreia nem tanto ela por algum motivo gostava de observar a mulher a sua frente que nem percebeu que a estava encarando.

- Bom eu vou para os meus aposentos.- Amberle se virou e abriu a porta, mas parou quando ouvi a voz da humana.

-Não vai me desejar boa sorte?

A princesa virou a cabeça levemente para poder ver-lá.

- Não acho que você precise de sorte.- disse saindo do quarto.

Eretreia ficou mais alguns segundos encarando a porta recém fechada. Se perguntando "Quem era aquela mulher?", quer dizer ela sabia exatamente quem era ela, mas mesmo assim sentia como se não a conhecesse, do mesmo jeito que se sentiu quando a viu pela primeira vez.

Deitou-se na cama para poder descansar já que estava quase desmaiando, e seu último pensamento era foi ela.

———

Dormir naquela noite certamente não era uma missão fácil, pelo menos não para Amberle, além do fato de que o palácio estava cheio de criminosos, tinha 10 vezes mais guardas que não paravam de patrulhar, o que deixava a princesa levemente irritada já que se respirasse fora de seu quarto, algum guarda seria obrigado a acompanhar-lá ( ordens de seu queridíssimo avô).
Graças aos deuses que ela lembrará de de pegar seus livros da biblioteca do palácio, se não estaria encarando o teto de seu quarto nesse momento.
Claro que sua insônia não era fruto só desses motivos, a ansiedade do dia de amanhã era forte, já que era o primeiro dia de treino e Amberle estava se perguntando de como a assassina se sairia.

Enquanto estava em sua varanda, recebendo uma pequena brisa em seu rosto, e se deliciando com aquele novo livro que havia importado de um pequeno escritor elfo, ela percebeu que sua varanda dava a visão completa da janela de onde era o quarto de uma das razões que a tirará o sono.
Ela observou o local e a escuridão que aquela janela proporcionava.

Em um piscar de olhos Amberle sentiu os pequenos raios de sol batendo em seus olhos, ela havia passado a madrugada toda em uma troca de devaneios e leitura, o que não a deixou nem um pouco preocupada já que fazia tempos que passar a noite acordada era sua rotina.

Já Eretreia por outro lado, foi acordada com barulho de algo indo ao chão, e em um piscar de olhos já está de pé com os punhos levantados, criando escapatórias, sua mente se acalmou quando viu uma mulher loira e baixinha, totalmente assustada se acolhendo na parede.

- PERDÃO senhora por favor não me mate.- ela disse com a voz trêmula e olhos molhados- eu estava arrumando seu café e acabei derrubando a xícara. Se a senhora quiser eu me retiro, mas preciso te dar o café primeiro. - a menina baixinha a sua frente falava aquelas palavras tão rápido que Eretreia mal entendia o que ela falava.

-Não!... tudo bem, eu só me assustei. - ela disse relaxando sua postura.

- Perdão!- ela diz rápido e fazendo uma reverência prolongada

- Não a necessidade para isso.- a assassina disse, voltando a se "jogar" na cama enquanto observava a criada a servindo, quando percebeu umas pequenas e finas cicatriz na palma da mão da moça que arrumava a bandeja.
Estranhou um pouco mas não perguntou nada pois cada um tem seu passado obscuro e não era de sua natureza se importa qual era o da criada.

- A senhorita deve estar bem animada para o começo do torneio.- a moça disse com uma voz levemente alegre, como se minutos atrás não tivesse morrido de medo de Eretreia.

- Acho que animada não seria a palavra que eu usaria, mas sim . - Eretreia falou enfiando a primeira coisa que achou de comida naquela bandeja em sua boca.

Enquanto comia feroz mente, engolia cada pedaço sem ao menos mastigar direito, de tanta fome. Observava a criada abrir o guarda roupa e retirar peças de roupas, não eram nem um pouco desconhecidas para a assassina.
Quando viu aquelas roupas Eretreia se engasgou com a comida e começou a tossir locamente, o que deixou a criada desesperada.

- A senhora está bem? Precisa que eu chame alguém? Acho que os médicos do torneio já chegaram! Eu posso chamar-los?- a empregada disparou a perguntar

- Não- Eretreia disse tentando se recuperar- Eu só fiquei um pouco surpresa só isso.

A moça em frente a Eretreia passou de uma expressão de preocupação para dúvida.

- O que?- a assassina disse a olhando.

- Nada, vamos precisa se apressar, vá se banhar e se troque que já estamos quase atrasadas para o seu primeiro treino.- disse a criada enquanto abria. A porta do banheiro.

A humana entrou, mas antes de fechar a porta voltou a olhar a mulher a sua frente.

- Posso saber seu nome pelo menos?

Pega de surpresa a loira demorou um pouco para responder.

- Ah, claro, meu nome é Allyson Broke, sou mestiça, filha de uma elfa cozinheira do palácio, e um humano, serei sua criada, fui designada especialmente pela princesa Amberle.- ela disse em um fôlego só.

- Preser, sou Eretreia.- disse dando um leve sorriso antes de fechar a porta deixando Allyson encarando a porta.

- Não é possível que ela seja a assassina, uma assassina não seria tão... legal?- disse a moça em seus devaneios enquanto arrumava a cama.

Trono de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora