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-E o que aconteceu  com a mulher? -pergunto

-Ela não se lembra de nada. Nem que usou a droga, nem de quem a comprou.-ela responde.

-Ela pode estar inventando isso.-Michel diz desacreditado.

-Pensei isso também, mas aí fui vê-la.-ela responde.

-Mas ela não estava presa?-pergunto

-Tenho algumas conexões.-ela responde misteriosa.

Nunca quero ter ela como inimiga.

-Quando fui vê-la, adivinha a expressão que fez.

Ódio ou culpa?

-Os olhos dela brilharam.-ela responde e poderia imaginar meu queixo cair ali mesmo.

-Do tipo:"Dessa vez eu te mato"?-Michel pergunta.

-Ela não é esse tipo de psicopata.-Kimi repreende.-Quando conversamos descobri que ela é uma boa garota. Se inspirou em mim para ser modelo, mas as coisas não estavam indo bem ultimamente.

-Ela pode está fingindo ser legal, tentar ganhar sua simpatia.-Michel continua desacredito.

-Acha mesmo que ela conseguiria me enganar?-Kimi pergunta convencida.

-Talvez.-ele diz mas sua expressão diz "Nunca"

-Ela explodiu á quase um mês atrás, ela foi chamada como modelo para uma marca famosa. Mas foi forçada a se demitir dias antes.

Ser demitida de repente. Ver suas esperanças acabarem. Deve ter sido um grande choque.

-Ela disse também que suas memorias depois daquilo eram vagas, como se estivesse em um grande sonho.-ela continua.

-Tudo que eu ouvi até agora, foi que uma mulher se desesperou após ser demitida e usou uma droga. Isso não explica ela atacar vocês duas.-Michel reclama procurando um caminho com menos carros, mas provavelmente acho que vamos ficar presos no trânsito.

-Resumindo. Ela foi demitida e me colocaram no lugar.-Kimi finaliza ignorando Michel.

Como é ter seu trabalho tomado por alguém que você admira?

Deve ser horrível. Raiva, tristeza, decepção...

-E daí?-Michel pergunta indiferente.-Se você não quer perder seu trabalho, precisa ser o melhor. Descontar nos outros é preguiça.-ele faz uma expressão de desdém.

Não consigo nem concordar nem discordar. Michel está certo, mas não consigo culpar a modelo.

Todos tomam decisões erradas na vida, principalmente no desespero.

Nem todo mundo é forte que nem ele.

-Ela usou uma droga, Michel.-Kimi revira os olhos.-Ela esteve viciada na droga desde que foi despedida.

-Fugindo da realidade.-ele retruca.

-Porque você sempre tem que levar para o lado negativo? Você deveria melhorar.-Kimi aconselha séria.-Ela não tinha nenhuma intenção de tomar a droga. A mente dela ficou vazia, como se estivesse no limbo.

Kimi começou a rolar uma caixinha pelos dedos.

-O que é isso?-pergunto.

-Um doce.-ela respondeu.-Ela me falou que alguém deu para ela.

Vendo a embalagem fofa, algo vem em minha mente. Memórias.

-Quero te dar esse doce por ter me ajudado.

-Outras modelos que também foram presas, dizem coisas semelhantes.-ela continua.

Aperto com força minha bolsa, tem a mesma coisa dentro dela.

James está espalhando a droga? Não pode ser ele, ele é bom, e não tem nenhum motivo para isso.

Ele me pediu para ajudar a comprar presentes para crianças, ele é voluntário em um orfanato. Ele não faria isso.

-Ei!-Michel me chama.

-Algo errado?-pergunto, mas meu tom de voz saiu estranho.

-Você está pálida, está enjoada?-ele pergunta.

-Acho que sim. Um pouco.-respondo tentando afastar meus pensamentos.

-Descanse. Vamos demorar.-ele aconselha e vejo que estamos em um engarrafamento.

Cochilo e algum tempo depois, chegamos em casa.

Kimi me entregou um remédio para enjoo que eu fingi beber, mas joguei fora por não estar enjoada.

-Você precisa relaxar.-Kimi diz sorrindo.-Está cansada e estressada. Michel pode fazer uma massagem, ele é bom nisso.-Kimi me empurra para Michel.

-Não, não!-nego rapidamente.-ele deve estar cansado.

-Bobagem!-Ela diz sorrindo e vejo Michel levantar uma sobrancelha.-O que é uns minutos sem dormir?

Kimi começa a falar tanto que acabo que no fim aceito, com vergonha é claro.

-Ótimo, vou tomar banho.-Ela diz indo para seu quarto e saindo com uma toalha na mão.-Porque ainda estão aí?-ela reclamou nos empurrando para meu quarto e depois indo em direção ao banheiro.

-Ela é cabeça dura, não da para tirar nada da cabeça dela.-Michel comenta.-Enfim, deite ai.

Me deito na cama, tensa.

-Como você acha que vou fazer massagem com você deitada desse jeito?-ele pergunta.

-A é.-me viro.

Não da para fazer massagem se você estiver com a barriga para cima, Milly. Penso.

Michel passa a mão na minha costa. Como eu havia visto na televisão, era preciso fazer isso para saber como era a costa da pessoa. Mas isso acabou sendo embaraçoso.

Michel deve fazer bastante massagem na Kimi, então deve ser ruim fazer massagem eu mim já que estava acostumado a massagear a Kimi, e somos diferentes.

Digo isso para Michel.

-Eu acho você linda do jeito que é, então não sei porque você anda se lamentando.-ele diz e sinto minhas bochechas esquentarem.

Céus, isso não é bom para meu coração e olha que eu nem tenho problemas cardíacos.

-Além disso, Kimisuki é alta e encorpada, é mais difícil fazer massagem quando a pessoa é desse jeito. Você é pequena.-ele diz e chega perto do meu ouvido sussurrando:-Você cabe melhor nas minhas mãos.

Dito isso, ele se afasta e eu me arrepio.

Caber melhor nas mãos dele. Isso está tomando um rumo que não deveria.

-Pare de se preocupar. Essa pressão está boa?-ele pergunta.-Não está doendo?

-Não, ela é boa.-respondo.-Onde aprendeu fazer massagem?

-Lugar nenhum, acho que nasci sabendo.-ele responde.

-Eu poderia dormir agora mesmo.-falo enquanto bocejo.

-Não me importo se dormir.

-Mas eu quero ficar acordada.

-Não precisa ficar tão tensa na minha frente, relaxe.

Após alguns minutos, acabei adormecendo.

***
Pois é. Eu não sei o que ando escrevendo.

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