O Livro Negro {✔}

13

Eu e James estávamos na loja de brinquedos, no fim, eu acabei por sair com ele. Ele precisava de ajuda para comprar alguns brinquedos para algumas crianças do orfanato onde ele é voluntário.

-Você parece uma criança olhando os brinquedos.-ele ri.-Quer comprar esse ursinho?-ele faz voz de criança.

-JAMES!

Depois de comprarmos todos os brinquedos, saímos da loja. James olhava as sacolas alegres o tempo todo.

-Milly, muito obrigada. Eu não ia saber o que comprar e as crianças iam ficar triste.-ele agradece pela milésima vez.-Quero te dar esse doce por ter me ajudado.-ele procura algo na bolsa e me entrega.

Agradeço e ele diz que é um doce muito popular. Ele era bonitinho e parecia delicioso.

-Comer muitos doces pode ser perigoso. Tenha cuidado.-ele alerta e eu não consigo entender muito bem o que ele quis dizer com isso.

Após isso, ele se despediu e se afastou rápido. Comecei a andar e quando me encontrava em uma rua pouco iluminada, meu celular tocou.

-Alô?

-Sou eu.-a pessoa responde, era Michel.-Já terminou suas compras?

-Já.

-Ótimo, onde você está?

-Não precisa vir me buscar, eu sei o caminho.

-Essa é a hora onde o anjo está mais ativo.

Nessa hora um anúncio de uma estação de trem próxima é ouvido. Suspiro.

Passo o endereço e sinto algo ou alguém segurar meu braço com força me fazendo largar o celular no chão.

-Me larga!-grito enquanto a pessoa que está me segurando me arrasta para um beco.

-Livro. Negro. Matar...Matar.-ele fala pausadamente.

-Me solta!-grito de novo.

-Me entrega. Livro negro.

Enquanto eu grito inutilmente uma sombra pula encima da criatura e eu me arrasto pela parede ficando sentada no chão, minhas pernas estavam bambas demais para ficar em pé.

-Tudo bem?-ele pergunta.-Se levanta.-nesse momento tive vontade de pular encima de Michel, mas não o fiz.-Você me invocou.

-Mas eu não...-começo massageando o lugar onde o criatura apertou.

A pessoa que me arrastou se levantou e carregava um enorme pedaço de cano.

-Michel! -grito.

Ele se vira para trás mas é acertado com o cano na cabeça. Cambaleia para trás e pega uma arma de debaixo da jaqueta de couro que ele usa.

-Imbecil.-ele grita-então vai ser assim?

A arma que ele pegou era diferente de todas que eu já havia visto. Era grande e parecia ser muito pesada. Seu formato também era estranho. E ela dava medo. Muito medo.

A criatura imediatamente correu para fora do beco.

-E ninguém precisa morrer.-ele diz e guarda a arma se virando para mim.

Uma parte de seu rosto estava sujo de sangue.

-Levanta.-ele diz firme, estendendo uma mão que eu recuso, continuando sentada.

Aquela arma era muito pesada e mortal. Ele podia quebrar todos os ossos da minha mão apenas com um aperto involuntário.

-Está com medo de mim?-ele pergunta e eu nego frenética demais.

-Você podia ter morrido! -exclamo, por algum motivo essa frase pareceu familiar para mim.-Pensou nisso? Você está sangrando!

-Isso não é nada.-ele se ajoelha a minha frente.-Pare de preocupar tanto sem propósito.

-Sem propósito? Você ao menos está se ouvindo?-pergunto irritada.-Você está sangrando! E não é pouco. Você pode morrer por falta de sangue, ou por alguma infecção se não cuidar disso!

-Você é fotógrafa, não médica. Não pode passar tantos diagnósticos assim.

-Até uma criança pode fazer esses diagnósticos, você que é louco e não tem medo de morrer.

-Eu tenho que me preocupar com os contratantes, desde que eu possa salva-los.-ele diz se levantando.

-Nossaaa.-prolongo sarcástica.-Herói.

-Eu estaria mais para vilão.-ele diz e continua murmurando:-Você concordaria se soubesse meu passado.

Lógico que essa última parte me deixou confusa, o que ele queria dizer com isso? Iria perguntar, mas alguém me chama antes:

-Milly! Você está bem?-Kimi pergunta.-O que você fez?-ela pergunta para Michel.

-A protegi?-ele pergunta sarcástico.

-Sua blusa está suja de sangue!-ela exclama apontando para Michel.-Você sabe o quanto é difícil tirar manchas de sangue?

-Desculpe, mãe. Mas eu precisava proteger ela.-ele aponta para mim revirando os olhos.-Vamos para casa.-ele me puxa começando andar, Kimi murmura alguma coisa incompreensível do meu lado.