Preto

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A primeira letra surgiu quando eu tinha nove anos. Um K de coloração preta, e a primeira pessoa que o viu foi uma empregada durante meu banho.


Na minha família, assim como outras muitas conservadoras do mundo, as marcas eram pura besteira. Sequer era estranho minha letra estar arrodeada em preto e gravada em um mais escuro: essa é a cor dos que nunca poderão corresponder seus amados.

Foi durante o maldito (glorificado) festival esportivo, mais especificamente no espaço de tempo de minha última luta e enquanto estava no pódio que senti uma leve brisa no local onde esta se situava. O que era estranho; além de vestido, a letra rejeitada ficava na minha metade quente.

Olhei para cima: o primeiro lugar pertencia à Bakugou Katsuki. Mesmo amarrado e entre gritos, ele me pareceu um anjo como os citados nos livros. Tive que me controlar bem para não sorrir de frente à minha descoberta; minha alma gêmea estava ali, e era bela mesmo com uma focinheira arrodeando-lhe a boca.

Nunca tive a oportunidade maior de me aproximar dele... Além da proibição que me assolava, sua personalidade era complicada de lidar mesmo como um colega de classe.

O que surpreendeu mesmo foi quando Midoriya olhou-me, olhos como os apaixonados que às vezes eu direcionava ao próprio Bakugou. Pasmo, então, fiquei ao corresponder seu beijo, ou vê-lo beijar em seguida meu amado. Mas eu nunca senti ciúme; a felicidade de duas pessoas com as quais eu me importava juntas (mesmo que o sentimento direcionado ao Midoriya fosse tão novo quanto tudo à minha volta), após o tremor que transpassou-me, fez o maior sorriso que nunca poderia conter estampar-se em meus lábios. E quis beijar aqueles lábios macios novamente, assim que estes anunciaram seu amor por mim e meu querido Katsuki.

Então separei-os e arrastei para meu quarto. Me sentia estranho pela exposição de sentimentos, e precisava ter certeza sobre eles — nós — o mais rápido possível.

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