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A luz da lua banhava as ruas vazias da cidade. No parquinho, ouvia-se o ranger das correntes de um balanço já antigo. As folhas das árvores dançavam no ar, levadas pela brisa fria da noite. O homem sentado no banco da praça não parecia se incomodar com o frio, nem com o barulho incessante do balanço.

Ao seus pés, um bouquet de flores era desmanchando pelo vento. Ele não se preocupou, muito menos se levantou para impedir que as flores fossem embora.

— Pelo visto elas não foram muito caras. Desperdiça-las seria um prejuízo, não acha?

— Fala das flores?

— Sim. Por que não estão nas mãos de uma bela garota? Ou garoto, talvez.

O homem riu com a pergunta, mas não parecia feliz, era perceptível.

— Suponhamos que um cara achou que tinha encontrado a garota da sua vida, mas estava errado. E as flores... bem, as flores não importam mais. — passou a mão nos cabelos e soltou um riso melancólico.  — Seu único propósito era fazer uma moça feliz, mas outra coisa está fazendo isso, ou melhor, outra pessoa.

— Desconfiei que essa história não teria um final feliz. Humanos são sempre muito complicados.

— Fala como se também não fosse um.

— Posso lhe fazer companhia?

— Fique a vontade.

O estranho sentou-se ao lado do homem, abaixou-se e pegou uma das flores que restavam.

— Esse mundo é cheio de possibilidades, você pode fazer várias escolhas, pode ter vários caminhos para seguir. Diga a esse cara que um coração partido não é o fim, sua alma gêmea ainda o espera.

O homem riu com comentário do estranho, mas levantou a cabeça e o olhou nos olhos.

— O nome desse cara é Dean, Dean Winchester.

— É, eu me lembro.

— Desculpe, já nos conhecemos?

— Você pode estar estranhando minha forma atual, mas nos vimos alguns dias atrás. Meu nome é Castiel.

— Deve estar enganado, não saio do Campus faz dias, está me trocando com outra pessoa.

— Me esqueci que para você se passaram muitos anos, ainda não me acostumei com isso.

— Isso foi estranho! Mas então, de onde nos conhecemos?

— Você ainda se lembra, Dean, basta procurar na sua memória.

Confuso, olhou para as árvores e buscou em sua mente alguma vaga memória que poderia ter de Castiel.

— Preciso ir agora, minha missão ainda não foi cumprida. Aqui está a sua flor, guarde-a para para quando tiver certeza que encontrou a garota ou garoto da sua vida.

— Ela não vai durar até la, mas obrigado, Castiel.

Ele o entregou a rosa e se levantou.

— E Dean, hoje é dia 24 de Janeiro. Sinto muito que seu aniversário tenha sido marcado com essa infelicidade. Prometo que na próxima lhe trago um presente.

— Não sou de comemorar aniversário, mas...

Antes que terminasse a frase, sentiu um vento forte em suas costas, em seguida um barulho estranho, como um bater de asas.

A brisa da noite não soprava mais, o balanço parou de ranger, as folhas não dançavam no ar. A respiração do homem sentado num banco daquela praça poderia ser ouvida, mas por um momento, ela parou. Ele havia percebido o que Castiel tinha dito.

— Espere! — Levantou-se num pulo —  Como sabe que hoje é...

E novamente ele estava sozinho naquela praça.



Antes Que Termine o DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora