Capítulo 1- Início

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    Se passaram 16 anos desde que viemos para Zarmillion, não sei o motivo, mas a magia desse país é estranha para mim. Lembro como se fosse ontem, eu e minha irmã chegando em um barco minúsculo, atracando no pequeno porto que havia lá. Cambaleando sem vigor nenhum, com fome e sede. Achávamos que íamos morrer, afinal, uma criança de 3 anos e outra de 5 anos... Não tinham muitas opções.

    Quando chegamos aqui era só eu e Elena, dois órfãos contra o mundo. Minha irmã e eu pedíamos, esmola nas ruas, sobrevivendo do que nos era dado. É difícil ser órfão, as pessoas olham para você com cara de pena... Mas não ajudam. A fome que passávamos era horrível, as vezes Elena deixava de comer para eu poder me alimentar. Uma vez quase fomos pegos tentando roubar comida, mas um dos empregados fingiu que não tinha visto. Foi lá que conhecemos a mulher que mudou nossas vidas.

    No meio de um beco escuro, onde eu e minha irmã passávamos nossas noites, uma mulher apareceu, ela tinha cabelos dourados que brilhavam em meio aquele beco, nunca vou esquecer daqueles lindos olhos castanhos. Estávamos doentes naquela noite, aquela mulher apareceu do nada:

    - O que aconteceu com vocês ? Venham comigo e eu lhes ajudo.

    - Quem é você? – Perguntou minha irmã com lágrimas nos olhos.

    - Sou a 3° Progenitora. – Disse com uma voz doce que nunca tinha ouvido em minha vida miserável. Progenitores... Um grupo de sete magos, eles são capazes de invocar criaturas lendárias chamados de Familiares. Os progenitores invocam e usam os poderes de familiares para se defenderem, mas eles não dependem deles, ou seja, podemos pegar o poder emprestado do Familiar invocado.

    Progenitores, são os magos do reino, cada um deles ricos, com suas salas de experimentos tão grandes quanto a maior das casas de Zarmillion. Essas salas servem como campo de treinamento, além de seus dormitórios, possuem tronos no centro da sala com seu símbolo representando sua melhor qualidade. E para aguentar o poder deles as salas tem que ser enormes, com paredes grossas para suprir seu poder.

Se passaram vários meses desde que Jessica nos resgatou, nós treinamos todos os dias, pode parecer difícil, mas ela era como se fosse uma mãe para nós. Sempre andava com um sorriso no rosto, nos dava presentes e roupas... Nós a amávamos. Um dia eu e minha irmã estávamos treinando o combate corpo a corpo por que estranhamente não tínhamos afinidades com nenhuma magia. Jessica só ficava nos observando com um sorriso no rosto, então Elena decidiu sair um pouco e ela estava demorando bastante, eu fui atrás dela para ver se estava tudo bem. De repente encontro minha irmã desmaiada no chão:

    - ELENA??? VOCÊ ESTÁ BEM? – Gritei desesperadamente.

    Elena acorda desnorteada pressionando a têmpora, buscando alívio de uma massiva dor de cabeça:

    - Pare de gritar seu doido.... Eu estou bem!

    - Você passou mal? – Perguntei.

    Elena olha para mim confusa e responde:

    - Eu... acho... que sim. – Respondeu Elena.

    Depois de um tempo decidimos voltar e contar para Jessica o que houve com Elena, porém, nós ouvimos uma explosão e uma presença de magia muito alta e escura. A presença me deixou nervoso, não com medo... Mas nervoso; também me deixou preocupado e por um breve momento vi uma aura negra. O barulho fez doer nossos ouvidos:

    - Essa sensação não me é estranha! – Disse Elena ainda confusa.

    - Concordo, esse cheiro é familiar... Precisamos ir até lá rápido!!

Aquela foi uma das piores decisões de nossas vidas, quando chegamos vimos destruição no lugar inteiro e mais para frente vimos fumaça e com o corpo de Jessica ensanguentado pelo chão, ao seu lado estava uma sombra enorme. Naquele momento a raiva dominou completamente o meu corpo e fui para cima com tudo para dar um soco naquela figura estranha, porém, a sombra sumiu em um piscar de olhos. O jeito que a sombra desapareceu foi esquisita, era como se fosse uma miragem, eu consegui sentir o meu soco o acertando, mas não surtiu efeito nenhum. Ver aquela sombra desaparecer me fez sentir desesperado.

    Quando eu me virei, deparei com minha irmã, ela tinha lágrimas nos seus olhos, e soluçava em dor. Eu tomei a imagem para chegar a realização de que minha irmã estava chorando. Durante todos os anos, que estivemos na rua, nunca tinha visto ela ao menos derramar uma lágrima. Fui o mais rápido possível e me juntei a Elena, Jessica parecia querer falar alguma coisa. Encontrei ela com um corte profundo em seu estômago:

    - Me desculpem... Não consegui pará-lo... – Da boca de Jessica a cada suspiro, ela exalava sangue que escorria por entre seus lábios.

    - Pare de falar sua velha gagá! – Retruquei. – GUARDAS, PRECISAMOS DE AJUDA!

    - Mesmo morrendo você não me respeita de jeito nenhum não é ? Para sua informação só tenho 38 anos... Ainda sou jovem e os homens correm atrás de mim! – Disse ela com um sorriso no rosto.

    - Por favor mestra, não fale. – Pediu Elena com lágrimas nos olhos.

A Elena sempre foi muito formal mesmo em situações ruins como essa. Lembro quando eu tinha 10 anos e Jessica vivia me comparando com minha irmã... Bom, quem não compararia? Ela sempre foi melhor do que eu em tudo.

    - A ajuda já está chegando Jessica, aguenta firme! Eles daqui a pouco entrarão pela porta com uma maca para te levar pro hospital. – Disse desesperadamente.

    - Já não da mais tempo, querido... – Retrucou Jessica.

    - Não fale uma coisa dessas. – Suplicou Elena.

    - Zack... Escute com atenção, eu não vou aguentar por muito mais tempo... Então é melhor fazer isso rápido. – Disse Jessica. Ela sempre foi enigmática, mas era a pessoa mais amável que eu conheci.

    - Sabe o motivo de ter resgatado vocês da rua ? ... Por que vi potencial em vocês dois, principalmente em você... Zack. Não contei antes para vocês sobre isso, mas acho que é um bom momento. Os Progenitores conseguem passar os poderes para seus pupilos... – Informou Jessica suspirando de dor.

    - Do que você está falando sua louca... Pare de falar!! – Retruquei.

    - Zack... Por favor... Seja meu sucessor! Torne-se o 3° Progenitor. – Disse ela.

    - Eu?? Eu não consigo... Eu não posso... Por que a Elena não pode te suceder? – Perguntei.

    - Falei com ela sobre isso antes meu querido... Concordamos em ser você. – Respondeu Jessica. Sem aviso, faixas de luz saem de Jessica e atravessam meu corpo. Surpreendente comecei a me sentir bem, como se a alma dela fizesse parte de mim e quando me dou conta.

    - Amo vocês dois... Meus filhos. – Disse Jessica.

    Quando eu olho para Jessica, ela estava sorrindo. Minha irmã chorando desesperada em seu peito, eu chorando e gritando de raiva apenas desejando vingança contra o maldito que fez isso com ela. De repente vejo memórias passando pela minha cabeça... Percebi que eram as memórias de Jessica e minha irmã preocupada pergunta:

    - Meu irmão, está tudo bem?
    Eu concentrado no que estava acontecendo não respondi à pergunta. E finalmente vejo o assassino... Foi o 4° Progenitor.

    - Zack... O que nós vamos fazer? – Perguntou minha irmã.

    - NÓS VAMOS MATAR O BARTOLOMEU.

As Crônicas De Línis - O Progenitor (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora