XXVI

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As notícias chegaram no palácio rapidamente, deixando Adam completamente enlouquecido. De todas as coisas que poderia imaginar em sua vida, aquela, sem sombra de dúvidas era a mais surpreendente. Ter a sua antiga sogra e a madrasta da sua futura mulher presas era uma grande polêmica. Mas não passaria a mão na cabeça de nenhuma das duas, seriam julgadas. O único problema seria explicar para os filhos o que a avó tinha feito, encontraria uma explicação.

Enquanto não achava uma explicação para dar aos filhos, correu em direção ao palácio em que ela estava hospedada juntamente com a família real inglesa. Precisava urgentemente vê-la, saber como estava. Lamentou profundamente ela ter passado por aquilo, deveria estar em choque com toda aquela situação.

Quando ultrapassou o enorme portão de ferro do palácio, deu um impulso ainda maior no cavalo para ir mais rápido. Desceu do cavalo, e entregou as rédeas para um empregado que havia se aproximado. Uma mecha do seu cabelo caiu sobre seu rosto, que tirou com impaciência. Tamanha foi sua falta de atenção, que acabou esbarrando em alguém.

— Oh, acho que alguém está apressado em ver a noiva. — a rainha-mãe tinha um sorriso discreto nos lábios. — Como está Adam?

— Mil perdões, tia. — pegou a mão dela e deu um beijo. — Estarei bem quando eu puder vê-la com meus próprios olhos.

— Scarlett está um pouco ocupada no momento conversando com o pai. As coisas estão complicadas, instalou-se uma atmosfera pesada. Mas, com o tempo vai ser melhor para digerir tudo. Vamos caminhar por enquanto?

— Queria possuir a mesma calma que a senhora. — ofereceu o braço para ela, que aceitou. — Estou bastante agoniado.

— Como rei, aprendeu o ofício de esconder suas emoções muito bem. Não aparenta estar tão agoniado. Quando recebemos a notícia da morte do meu marido no meio do baile, George desabou no chão. Ele não aprendeu esse ofício muito bem. — deu um sorriso. — Fico orgulhosa.

— Acho que demonstrei tanto minhas emoções durante esses anos, que agora é mais fácil e conveniente escondê-las.

— Decisão acertada.

Adam olhou para a mulher ao seu lado, que mantinha um olhar distante.

— Sente falta do meu tio?

— Às vezes.

— Às vezes?

— William não me tratou bem. No começo as coisas eram até diferentes, mas, depois, muitas coisas aconteceram entre nós, das quais me arrependo amargamente. As discussões aumentaram, as agressões verbais, passou a não me respeitar mais, e isso foi o fim para nós. Aguentei tantas coisas por causa de George e Millie, eles são a minha vida. Fui privada de ficar com George por longos anos como uma forma de castigo, fiquei devastada. Meu pequeno menino foi criado por outras pessoas, sem o meu amor. Mas, graças ao bom Deus, nada disso afetou nossa relação. William nunca quis Millie, foi terrível ter que esconder isso dela durante anos. Até hoje ela não sabe de absolutamente nada, acho que morreria por dentro. Engraçado, ela tinha adoração por ele, a aparência completamente igual, mas ele não a amava. Era nítido o desprezo. — suspirou. — Talvez a morte de William tenha sido libertadora, porém, eu sofri muito. Apesar de tudo, eu o amava de alguma forma. Li em algum lugar que perdoar é libertador. Eu perdoava William todos os dias, assim minha alma ficaria mais em paz. Ele nunca me perdoou.

Adam não conhecia muito bem Lauren, mas passou admirá-la imediatamente depois daquelas palavras. Era uma grande mulher, George tinha sorte em tê-la como mãe.

— A senhora sabe minha história com Catherine?

— Nada além que era loucamente apaixonado por ela.

— Ela nunca foi loucamente apaixonada por mim.

— Não?

— Não. Passou a gostar, mas nada além disso.

— Que péssimo. Então amou pelos dois?

— Exatamente. — deu um pequeno sorriso. — E amar Scarlett agora está sendo diferente. Porque é algo recíproco, e muito bom. Muito bom mesmo. Catherine me enxergou como a melhor forma de fuga dela.

— Forma de fuga?

— Ela estava grávida de outro homem.

Lauren franziu o cenho e olhou para ele com curiosidade.

— Os gêmeos são filhos de outro homem?

— Sim.

— Sua atitude foi louvável.

— Foi a melhor decisão naquele momento.

A rainha-mãe deu um pequeno aperto no braço dele.

— Acho que somos parecidos de alguma forma.

— No altruísmo, no perdão, casamentos infelizes. — soltou uma risada amarga, mas tranquila.

— Exatamente. Sabe, Adam, essas coisas me fizeram ficar mais forte, como eu nunca fui antes. — soltou-se dele. — Sua noiva está se aproximando, vou deixá-los a sós. Seja feliz.

Lauren afagou sua mão e saiu.

A conversa com ela tinha sido tão calma e libertadora, que gostaria de passar uma tarde com aquela grande mulher. Mas, ficaria para depois, tudo que importava naquele momento era Scarlett.

Ela caminhava em sua direção com leveza, mas seu rosto estava transtornado. Seus olhos aparentavam estar felizes por vê-lo, mas sabia que tinha medo neles também. Quando Scarlett chegou perto o suficiente dele, a puxou para um abraço apertado. Abraçou com toda força que possuía, como se o mundo fosse acabar naquele mesmo instante. Ele poderia ter perdido ela naquele dia, poderia nunca mais ver aqueles belos olhos verdes, poderia não sentir mais o calor do seu corpo junto ao dele. E era doloroso imaginar sua vida sem ela. Depois de tantos sofrimentos, tantos erros, Scarlett tinha sido sua escolha mais acertada.

Passou a mão pelo rosto dela devagar, tocando em cada milímetro possível.

— Eu senti tanto medo hoje, Adam. — ela voltou a envolver seus braços nele. — Senti tantas coisas...

— Por favor, não fique pensando nessas coisas.

— Impossível, meu amor. Impossível. Ouvir minha madrasta falar aquelas coisas... — começou a chorar. — Ela queria me matar juntamente com Lexie. Ainda custo a acreditar que isso tenha acontecido comigo. Estou arrasada. Jane era mais ciúmes do que tudo, eu aprenderia gostar dela com um tempo, jamais manteria um clima insuportável para sempre. Agora, meu pai está sofrendo demais. Está se culpando, pedindo perdão, sendo que a culpa não é dele.

Adam ficou ouvindo Scarlett atentamente, sem interrompê-la um só segundo. Entendia que ela estava abalada, precisava colocar todos os seus sentimentos para fora da melhor maneira possível.

— Sua sogra matou o amante de Catherine.

— Como? — assustou-se.

— Ouvi ela dizendo que o tinha matado, e mataria quantas vezes fosse necessário.

— Isso é terrível. — Adam passou a mão pelo cabelo. — Mas, isso não importa agora. O que importa é você. Acho que depois de tudo que passou, seria melhor adiarmos nosso...

— Não, vamos continuar com os mesmos planos de antes.

— Realmente se sente bem para isso?

— Se eu me sinto bem para o dia mais feliz da minha vida? Sim. Estou esperando isso por um bom tempo, e não será aquelas mulheres que vão estragar nossos planos. — o puxou para mais perto e colou seus lábios no dele. — Eu amo você, Adam Crawford.

— Também amo você, Scarlett Harrison.

Pegou ela pela cintura e a beijou.

Apaixonados em EdimburgoOnde histórias criam vida. Descubra agora