Nada será como antes

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"Assim como existem dois lados de cada história,

Existem dois lados de toda pessoa.

Um lado que revelamos ao mundo

E outro que mantemos escondido."

(Revenge)


— É assim que você quer se passar por um turista normal? – perguntei o olhando de cima a baixo. Ele vestia um caríssimo terno, parecia um executivo pronto para uma importante reunião e não um cara que iria comer algumas tapas em um bar do centro da cidade. Se eu meu trabalho era fazê-lo passar despercebido, deveria dar um jeito nisso.

— Não estou bem? – Ele perguntou levantando uma das sobrancelhas. Ei, eu que tinha essa mania!

— Não se você quer passar despercebido. Deixa eu te ajudar – Eu disse enquanto o ajudava a retirar o terno. Desatei o nó de sua gravata a deixando junto com o paletó, em cima da mesa do Hall. Desabotoei os primeiros botões de sua blusa social e depois de olhar para ele por um tempo, pensando no que mais podia fazer para aliviar aquele visual, passei a mão em seus cabelos negros perfeitamente arrumados, bagunçando-os.

— Se você queria tirar minha roupa era só ter falado, faria de um jeito mais romântico – Ele disse depois que eu terminei de modificar a forma como ele aparentava. Ainda não estava vestido para a ocasião, mas com certeza chamaria bem menos atenção. Eu apenas sorri com o seu comentário, revirando os olhos em seguida.

— Você vem ou não? – Eu perguntei caminhando para os fundos do palácio. Ele estranhou a situação, mas começou a me seguir.

— Para onde está indo? Já não estávamos na saída? – Ele disse intrigado por estarmos indo cada vez mais para dentro do palácio. Acredito que ele deve ter ficado ainda mais assustado quando entramos na área dos empregados, passando pela cozinha. Imagino que o poderoso príncipe da Dinamarca nunca tenha entrado em lugares como esse.

— Você viu a quantidade de pessoas acampadas lá fora? Seria quase impossível sair sem ser notado. Vamos sair pelos fundos – Eu disse e ele não contestou. Eu realmente esperava que o príncipe fosse mais difícil de lidar, imaginava alguém um pouco mais irritante, cheio de si. Mas, Nicholas quase não falava e parecia aceitar de bom grado todas as minhas ideias. Achei aquela atitude muito suspeita.

Assim que saímos por uma das portas nos fundos do palácio, eu disse ao guarda que retornaríamos o mais rápido o possível. O homem assentiu, dizendo que a Rainha já havia comunicado sobre a nossa saída. Que responsabilidade estava em minhas mãos, a Espanha não era um país muito violento, mas se alguma coisa acontecesse com o herdeiro de mais tronos do que eu posso citar, eu estaria em uma baita encrenca.

Acho melhor voltar e pedir que algum guarda armado nos acompanhe. Não por Nicholas, mas por mim. Sou muito nova para ir presa por ter sido responsável pela morte, ou algo assim, do príncipe de metade da Europa – de acordo com Lis. Chega, Luíza, pare de paranoia. Nada vai acontecer!

Depois de ter ido para o meio da rua em uma tentativa arriscada de conseguir um táxi, era necessário por já ser quase meia noite e estarmos na capital, conseguimos chegar ao nosso destino da noite.

Calle Cava Baja é uma rua em um bairro boêmio de Madrid. No início, era uma região alternativa demais, atraindo somente os jovens locais atrás de comida e bebida barata. Hoje em dia, a rua se tornou uma atração turística sendo cenário para uma orquestra de sotaques e línguas distintas que pode ser escutada enquanto você atravessa o local. O preço dos produtos também foi modificado e agora o bolso fica um pouco mais dolorido. Entretanto, hoje era uma data especial na Espanha: No dia seguinte era feriado, tinha um dos jogos mais esperados da temporada e era sexta feira. Em resumo, a rua estava lotada.

Por trás de uma Rainha |DEGUSTAÇÃO|Onde histórias criam vida. Descubra agora