O príncipe e a princesa do Reino Escandinavo

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"Tenho mais medo de três jornais

do que de cem baionetas"

(Napoleão Bonaparte)

— Está parecendo uma verdadeira princesa de contos de fadas, Vossa Alteza - Ingrid disse quando entrou no meu quarto, no exato momento em que o estilista fechava o zíper do meu vestido. Naquele momento, eu realmente me sentia como uma princesa. O vestido era de um belo tom de azul marinho, com um tecido fluido e as costas eram cobertas somente por uma renda na mesma tonalidade. O fino cinto que marcava a cintura era responsável pelo brilho do visual. 

Entretanto, Ingrid não estava satisfeita com aquela quantidade de brilho, queria mais. Com essa intenção, ela abriu uma caixa que carregava. Dentro dela, havia um belíssimo colar prata, coberto de diamantes em formato de lágrimas. No centro, uma das pedras era bem maior que as outras, mais brilhante, mas com o mesmo formato. Não era espalhafatoso, era suave, mas muito bonito e imponente.

— É legitimo Tiffany – Ingrid dizia enquanto prendia o colar com delicadeza no meu pescoço. Ele era bem mais pesado do que eu imaginava, não duvidava que pudesse ficar com um torcicolo até o fim da noite.

— Por que eu acho que tenho no meu pescoço mais dinheiro do que um PIB de um país subdesenvolvido? – perguntei analisando a joia. Quando minha mente começara a pensar com clareza, percebi a insanidade daquilo, não podia usar algo que deveria ser tão valioso. Não me sentia bem.

— Porque é! – O meu estilista disse mudando de lugar para ver melhor o colar – A última vez que vi essa preciosidade da Tiffany, ela não custava menos de meio milhão de dólares!

— Como? Estão loucos! Como podem querer que eu use uma coisa assim? Quem autorizou essa compra? – Aquele valor era algo que eu não havia cogitado, era mais do que muitos ganhavam em uma vida inteira. Como alguém seria capaz de gastar aquilo em uma joia? Sei que queriam que eu parecesse uma importante princesa, mas para isso ser considerado um escândalo de corrupção era um pulo.

— Não fomos nós, querida, não temos toda essa verba disponível. Foi um presente – Ingrid dizia enquanto me dava sua mão para que eu pudesse calçar o salto alto preto de solas avermelhadas.

— Um presente? – perguntei curiosa. Aquilo ficava cada vez mais estranho.

— Isso. Recebemos essa manhã, parece que alguém quer causar uma boa impressão na nova princesa. Mas, não temos o nome. Vamos chama-lo de admirador secreto? – Ela dizia enquanto ajeitava um fio solto do meu cabelo e abria um sorriso – Está maravilhosa. Vamos, todos estão a nosso aguardo.

Admirador secreto? Desde que não fosse um corrupto querendo beneficio... Me preocuparia com isso depois.

Caminhamos pelos corredores do hotel, enquanto eu sentia os cachos do meu cabelo tocando as minhas costas. Eu nunca havia usado tanto produto no cabelo para fazer com que esses cachos ficassem no lugar, era o lado ruim de ter fios tão finos.

Quando saí do elevador, encontrei com Nicholas rodeado de alguns seguranças. Ele também fazia de tudo para manter sua pose de príncipe, como no dia que o conheci e precisei desarrumá-lo. Mas, dessa vez ele estava perfeito para a ocasião: com seu terno cor de grafite, seus cabelos negros bem penteados e seus olhos turquesa me encarando.

E quando pisamos para fora do prédio, eu só via luzes prontas para cegar. Eram flashes, muitos flashes. E perguntas, muitas perguntas misturadas em uma orquestra ensurdecedoras de idiomas distintos. Foi o inicio de uma chuva torrencial não esperada, típica de um país tropical, que nos salvou. Por causa delas, saímos da mira dos reportes para entrar no carro.

Por trás de uma Rainha |DEGUSTAÇÃO|Onde histórias criam vida. Descubra agora