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Depois de discutir com Sofi, voltei para a minha casa. Meus irmãozinhos queriam brincar comigo mas não me apetecia brincar com eles agora então caminhei para a gruta e encolhi me num canto apoiando a cabeça nos meus braços.

Eu não entendia porquê que ela gostava assim tanto de alguém que raramente estava com ela. Eu sei que eles são os progenitores dela e que perto deles, eu não significo nada para ela mas eu realmente pensei que ela me considerasse como família. Eu não passo de um brinquedo com que ela brinca quando não tem mais ninguém ou está entediada.

Levantei me quando ouvi minha mama chamar para comer. Hoje seria coelho, meu alimento favorito.

Comi tudo e em seguida fui brincar com os meus irmãos. Nós corriamos para ver quem era mais rápido, eu perdia sempre mas não me importava. Depois de corrermos durante horas voltámos e fomos dormir. Eu dormia com todos encostados a mim, para me manterem quente, e com a cabeça em cima da minha mama. Ali era a minha casa e eles eram a minha família, ninguém tinha o direito de dizer o contrário nem mesmo Sofi.

....

Acordei mais cedo que o habitual e decidi ir dar uma volta.

Eu caminhava sem preocupações, apesar de ainda precisar de me apoiar para conseguir andar em pé pois só quando tinha 6 anos é que Sofi me ensinou a andar sobre duas patas. Era estranho mas surpreendentemente mais fácil.

Sofi ensinou me muita coisa. Ela ensinou me a falar "normal", segundo ela eu só fazia barulhos, bem pelo menos era o que ela pensava porque eu falava com ela. Ensinou me a andar e agora estava a ensinar me a esconder as minhas orelhas, eu não gostava porque era assim que eu era e não havia porque ter vergonha ou esconder me das pessoas. Ela disse que havia um homem mau a tentar apanhar todos os que são iguais a nós mas eu não tinha medo, eu sabia que minha família me protegeria. Eles sempre me protegem desde que me lembro, até o rabugento alfa já me salvou então eu não tinha o que temer. Eu era um deles.

Depois da longa caminhada e de sentir os meus pés doerem, cheguei ao rio onde Sofi me encontrou.

Lembro desse dia como se fosse ontem.

Eu estava a beber água e ouvi um barulho estranho mas não liguei, continuei a beber e lavar me. De repente algo, naquele caso alguém apareceu e quando eu olhei para ela foi um misto de tristeza, surpresa, pânico e admiração. Era alguém igual a mim. Lembro me de ela tentar falar comigo mas eu simplesmente não entendia nada e quando ela se aproximou, eu chorei e logo minha mama chegou. Rosnou para ela enquanto eu me segurava a ela com toda a minha força e Sofia foi embora.

Uns dias depois eu voltei a encontrá la e dessa vez foi diferente. Eu e ela brincámos e ela pegou me no colo me fazendo dormir. Minha mama disse que ela tinha me ido pôr à alcateia e depois tinha ido embora.

Depois disso fomos ficando mais próximas. Aprendiamos uma com a outra, ela ensinava me como viviam as pessoas "normais" e eu ensinava-a a sobreviver na floresta.

O dia do rio foi o dia em que ela decidiu que seria o meu aniversário. 27/07. Era hoje. Ela não estava aqui pela primeira vez.

Eu fazia 14 anos. Sofi é mais velha que eu 5 anos. Ela é metade raposa, simplesmente perfeita.(mídia)

My wolf girlOnde histórias criam vida. Descubra agora