Capítulo Dez

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*Gabriela Narrando*

A ligação foi desligada, me deitei e fiquei olhando para o teto, os poucos minutos que Éverton ficara no meu quarto, encostado na cama me abraçando enquanto eu chorava, foram suficientes, para seu cheiro se impregnar na roupa de cama. Sua gostosa fragrância exalava em minhas narinas me acalmando. Lembrei-me do momento em que ele me defendeu de Miguel. Soltei um sorriso bobo ao lembrar do episódio.

- Calma Gabi... Você acabou de conhecer ele. Ele é seu amigo. E só.

- Mas e o episódio da sala?... Nossa parece que tô falando de novela.-Rio - E por que estou conversando comigo mesma?

Olho o relógio do celular, 00:50. E nada de minha mãe aparecer. Desço, esquento a comida e deixo um bilhete em cima da mesa de centro da sala.

Oi, mãe.

A comida já está quente, está dentro do Micro-ondas. Fiquei sabendo que o homem que diz ser meu pai será solto... Bom, se cuida.

Beijos.
Gabriela.

Como alguns biscoitos recheados, bebo um copo de suco e subo a escada. Lembrar que meu pai será solto me incomoda, dói. Mas prefiro deixar que pelo menos uma vez, apenas as boas lembranças do dia me guiem. Escovo os dentes e me deito, rolo de um lado para outro durante um bom tempo, sem conseguir dormir. Abraço a colcha e respiro fundo o calmamente cheiro de meu novo amigo. Acabo me acalmando e pego no sono, lembrando do que nos ocorreu na sala. Durmo com um sorriso besta no rosto.

...

- Eu te amo... Desculpa por tudo. Nem sou capaz de te proteger. Nunca cuidei de você como merece. Só queria voltar no tempo, e concertar todos os erros que cometi.... - acordo com uma voz chorosa dizendo.

Sinto delicados dedos acariciando meu cabelo e minha testa, sinto algo pingar em mim. Abro os olhos lentamente e me deparo com minha mãe, ajoelhada ao lado da cama, seu rosto pouco acima do meu -A cama não é muito alta, então, como ela estava em cima de alguns travesseiros, mamãe ficou alta.- seu rosto inchado e os soluços mostravam o tempo que deveria estar guardando todas aquelas lágrimas. Meus olhos marejaram, fechei os olhos e tentei não chorar, mas uma lágrima quente insistiu em rolar.

- Óh meu Deus, guarde minha filha... Não permita que aquele monstro faça mau a ela novamente. Se ele quiser, pode até me matar, mas não permita que ele encoste nela. Por favor Senhor. Cuide dela. Como eu nunca cuidei. Me perdoe meu Pai, por nunca ter sido a mãe que ela precisava. Por nunca ter sido uma mãe de verdade para ela. Me perdoe por tudo Senhor. Eu não mereço seu perdão.... - Um grande espasmo percorreu seu corpo, seu choro se aprofundou, lágrimas escorriam por meu rosto. - Eu não mereço seu amor Pai. Mas sei que ainda sim estas aqui, e que me ouves. Toque ela Senhor, cumpra seus planos na vida dela. Eu nem mesmo sei se ela crê em você Pai, mas trabalhe na vida dela. Me leve, mas permita que ela viva, sem que Hugo a toque novamente. Ela não merece Senhor.... Guarde a vida dela Pai.

Deixei um soluço escapar, ela se assustou, e ameaçou se levantar, mas me joguei no chão, ao seu lado, e a abracei. Ela pareceu surpresa, mas me apertou em seus braços. Lágrimas quentes escorriam por minha face.

- Me desculpe filha. Por tudo... Nunca fui a mãe que você mereceu. Eu devia ter feito diferente. Eu errei. Me perdoa...

- Eu te perdoo mãe.

Espasmos percorreram nossos corpos.

- Ele não vai nos encontrar mãe. - Falo em meio ao choro depois de alguns minutos.

Estávamos sentadas no chão, abraçadas. Ela fazia carinho em meu cabelo.

- Assim espero, filha. Mas Deus é quem sabe.

- Mãe?

Ela respirou fundo, estávamos mais calmas.

- Sim?

- Não foi só ele que voltou.

- Quem mais voltou?

- Miguel.

- Ele te fez algum mau filha? Temos que denuncia-lo se vermos ele novamente então.

- Não. Ele tentou, mas um amigo me protegeu.

- Amigo?

- Sim. Conheci ele hoje. Ele mora na casa da frente, chegou ontem acho.

- Saíram juntos?

- Aula acabou mais cedo. Nos esbarramos por aqui e resolvemos sair.

- Mas o que aconteceu?

- Estávamos em um jardim a mais ou menos meia hora daqui, um ciclista me acertou, eu cai na água. Éverton me tirou de la, ai fui brigar com o ciclista. Dei de cara com o Miguel. A gente começou a discutir, ele apertou meu pulso.....

....

Contei os detalhes para ela, que ficou quieta ouvindo.

- Isso é perigoso. E se ele não estivesse junto?

- Eu nem sairia de casa. - olho para ela. - Foi ele quem fez a janta, e a sobremesa que está na geladeira.

- Sério? - Assinto. - Cozinha bem o garoto Eim?

- Ele disse que para mim não correr muitos riscos, com meu pai solto e Miguel aqui, que vou pro Colégio com ele, e volto com ele.

- Belo cavalheiro. Daria um bom genro para mim, não acha? - Diz brincando.

- Mãe, que isso?

- O que?

-Acabamos de nos conhecer.

                            
                                  _*_*_*_*_*_*_*_*_*

  E é isso por hoje. O que será que vai acontecer quanto ao pai dela? (Sim eu esperei dar 00:00 para publicar haha.)
Deixem suas teorias nos comentários, quero ver quem chega mais perto do que virá nos próximos Capítulos.

Beijos, que Deus abençoe vocês. ❤😙

Quando Deus Quer - Livro 1 da Série: O Querer De DeusOnde histórias criam vida. Descubra agora