Capítulo Seis

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Continuamos andando, admirando o lugar, em completo silêncio.

...

Estávamos voltando para almoçar, ainda faltava uma hora para os restaurantes e lanchonetes fecharem, então estávamos tranquilos. Andávamos lentamente em um pequeno caminho feito de paralelepípedos, um pequeno espaço de grama nos separava de um lago artificial.

*Gabriela narrando*

Estávamos em total silêncio, tudo que se podia ouvir era o som de nossas respirações e o bater de meu coração nunca foi tão audível. Pássaros cantavam, já estávamos a mais de 30 minutos em silêncio e aquilo me incomodava.
Do nada, ouvi um barulho diferente, parecia uma bicicleta, meus olhos se levantaram do chão para a frente do caminho, ouvi o Éverton gritar um "Gabi, cuidado" e tentar me tirar do caminho, mas não adiantou. Quando abri os olhos eu estava dentro do lago artificial com alguns peixes me mordiscando.

- Tá bem? - Falou Éverton me ajudando a sair da água.

- Acho que sim. - Respondi aceitando sua mão para sair de lá.

- Me... desculpem. Bicicleta ta sem freio. Se machucou?

- Cuidado por onde anda. Estou bem. Tchau, toma mais cuidado sua besta. Podia ser uma criança e... - Perdi completamente a fala quando vi de quem se tratava.

- Gabi? - disse o ciclista me olhando.

- Miguel? - Falei com os olhos marejados.

- Namorado novo?

- Não. E... - Uma lágrima teimosa escorregou por meu rosto. - O que faz aqui?

- Hã? - Éverton resmungou sem entender nada.

- Só passeando. Então é pra ca que se mudou? Bom saber...

Começo a andar rapidamente e Éverton vem atrás de mim. Lágrimas quentes enchem meus olhos embaçando minha vista. Ouço Miguel levantar e vir atrás de nós.

-Ei, vai nem se despedir de mim gatinha?

Olho para ele, vermelha de raiva, uma lágrima ameaça escorrer mas engulo o choro.

- Tchau QUERIDO. Espero nunca mais te ver na minha frente seu canalha.

- O que eu fiz para você eim? -Fala com tom de deboche e o olhar desafiador.

- Ainda pergunta? Não sei nem o que estou fazendo aqui perdendo meu tempo com você. Some da minha frente seu desgraçado. - Falei rápido contendo o choro, Éverton observava meio distante.

- Você -Fala firme mas baixo enquanto aperta meu pulso.- Não fale assim comigo.

- Aé? E por que?

Ele torce um pouco meu pulso, causando bastante dor, mas não me deixo abalar.

- Você vai se arrepender.

- Me larga Miguel.

Ele aumenta a pressão em meu pulso, que a esta autura estava prestes a quebrar. Miguel fecha a outra mão e se prepara para me bater.

- Não ouviu oque ela disse? Solta ela. - Fala Éverton se metendo na cena, em seu tom de voz tinha raiva.

Miguel se vira lentamente para Éverton e afrouxa meu pulso. Pela raiva em seus olhos e o modo sorrateiro de se mover, lembrei de uma cobra preparando o bote.

- O que você disse? - Desafia Miguel sarcástico.

- Solta ela.

- E quem você acha que é para querer mandar em mim?

- Não te interessa. Eu vou falar só mais uma vez, - Ele respira fundo- Solta ela - falou de forma lenta mas rígida.

Miguel pula para cima de Éverton com os punhos cerrados e acerta um soco no rosto do mesmo. Apenas fiquei quieta, sabia que não ia adiantar mandar parar. Éverton acerta um soco no nariz de Miguel e pude ouvir o estalo quando o nariz quebrou. Mas ele não se abalou, partiu para cima de meu defensor e o atacou com socos em diversas partes do corpo, Éverton também o acertava, mas não estava com vantagem, Miguel acertou um soco em seu estômago, o que o fez perder as forças. Enquanto Éverton se recuperava Miguel partiu em minha direção, nessa autura eu ja estava consideravelmente longe, poderia correr, mas não iria deixar Éverton lá. Mais alguns passos e Miguel estaria me batendo, me mantive lá, parada. Desvio meu olhar para o chão esperando os socos que viriam. Mas ao invés de ser acertada, ouvi alguém apanhar, e como não sentira nada ergui novamente meu olhar. Miguel estava deitado no chão com Éverton por cima dele, os dois estavam em uma intensa troca de socos. Até que Éverton o atingiu em uma parte sensível e Miguel desmaiou.

- Você tá bem? - perguntamos juntos. Acabei deixando um sorriso escapar.

- Tirando que to toda molhada e com o pulso um pouco dolorido, to bem.

- Também. Tô meio doido mas não é nada sério. 

Dou um abraço molhado nele, o qual ele retribui.

- Obrigada.

- Pelo que?

- Não sei o que ele teria feito se você não tivesse se metido.

- Não foi nada. Agora vamos, eu faço almoço pra nós enquanto você toma banho e vemos seu pulso.

- Almoço?  Já que não vai dar de sair, não precisa se incomodar...

- Precisa sim, prometi almoço, um almoço teremos. Na minha casa ou na sua?

- Se não se importar, na minha.

-Ok.

- Você sabe cozinhar?

- Sei ué.

- Certesa?

- Depois que mamãe morreu, meu pai só fazia comida para ele. Como não queria ficar com fome ou comer só besteira, tive que me virar e aprender a cozinhar.

- Estou confiando meu estômago a você eim.

- Não vai se arrepender.

Rimos e carregamos o Miguel e a bicicleta pra de baixo de uma árvore, pra não deixar ele no meio do caminho. Saímos de la e seguimos para minha casa.

Quando Deus Quer - Livro 1 da Série: O Querer De DeusOnde histórias criam vida. Descubra agora