Capítulo Três

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*Éverton Narrando*

-Então quer dizer que você é minha vizinha? -Falei sorrindo.

- É, pelo visto vou ter que te aturar não só no Colégio né? -Falou com tom brincalhão e me dirigiu um pequeno sorriso.

- Como estão os braços?

- Joguei papel-toalha em cima, tá estancado, mas vou ter que dar um jeito nisso... Na verdade eu ia agora mesmo limpar isso aqui...

- Ah, vou indo então.

-Não, quer dizer... Não quer entrar?

Analisei ela pensativo. Parecia não ter nenhuma intenção por trás disso. Seus olhos transmitiam uma certa melancolia.

-Se não for incômodo.

Ela se levantou, e abriu a porta.

- Vamos entre.

Entrei e ela veio logo atrás. Ela chaveou a porta e subiu as escadas, parei analizando-a e fui convidado a subir. Encontrei-a no banheiro. Sem o moletom, com uma regata branca, de Uniforme do Colégio, arrancando o papel toalha já endurecido de cima dos cortes. Fiquei em silêncio a observando.

-Por que você faz isso?

- Talvez um dia eu te responda essa pergunta. Mas, por enquanto, prefiro não falar a respeito se não for incômodo.

-Está bem.

Gabriela jogou um pouco de álcool em cima dos cortes e estremeceu, pude ouvir seu baixo gemido de dor ao repetir o processo com o outro braço.

-Quer ajuda? -Ela me observou por um instante, e assentiu.

Peguei um rolo de ataduras que tinha dentro da caixa de primeiros socorros que ela tinha feito e pedi que segurasse. Achei uma pomada cicatrizante e antibiotica na pequena caixa. Gabi protestou mas deixou que eu passasse. Espalhei cuidadosamente a pomada sobre os cortes de ambos os braços e fiz um curativo em volta. Ela me olhou agradecida e sorrio. Seu sorriso fez meu coração disparar.

-Obrigada.

-Não foi nada... - Um sorriso bobo acaba aparecendo em meus lábios, mas tão rápido quanto chegou, o desfaço.

Seus olhos cor de esmeralda esquadrinham meu rosto, e me vejo perdido em seu olhar. De repente, como se saissemos de um transe, voltamos a realidade.

- É... Eu vou trocar de roupa, já volto. - Fala Grabriela rapidamente, estava rubra, tão vermelha quanto um tomate.

- Ok... Vou passar em casa, se quiser que eu volte...

- Se quiser voltar, ando meio sozinha ultimamente. - Diz ela me interrompendo, mas quando se toca no que falou fica ainda mais vermelha.

- Está bem. - Falo e enquanto ela vai ao seu quarto se trocar vou para minha casa.

...

Depois de me trocar e comer alguma coisa, resolvi esperar um pouco antes de voltar na casa dela. Estava deitado lendo um livro de A.W. Tozer.

"Espero que o Senhor me proteja [...]  Se ele me quiser no céu mais do que na terra, responderá não a essa oração, e pronto. - Mas seja lá o que acontecer, estarei com Ele. Enquanto ele me quiser aqui, vou agradecer-lhe a cada hora e a cada dia por tudo."

Finalizei nesse tema do capítulo e me levantei. Pensei em sair com a Gabriela pra nos conhecermos, já que além de colega de classe é minha vizinha. Acabei de me arrumar e fui.

- Gabriela? - Bati na porta e entrei.

Ouvi alguém chorando e subi as escadas. Achei ela no chão de seu quarto, seu rosto marcado por lágrimas. Estava sentada no chão, encostada na cama. Sem pensar duas vezes me sentei ao seu lado e a abracei. Lágrimas quentes caíam em minha camisa e molhavam meu peito. Acariciei seus cabelos e esperei um pouco.

Quando Deus Quer - Livro 1 da Série: O Querer De DeusOnde histórias criam vida. Descubra agora