Capítulo 5

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Acomodei-me na poltrona e tentei o máximo não encostar no meu amigo mau humorado, o que foi bem impossível já que ele era alto e podemos dizer largo, mas não era gordo, era até malhado, por que normalmente os caras roqueiros não ligam muito para isso, mas ele era e eu não podia reclamar disso, deixava ele mais interessante ainda e claro trazia aquela masculinidade que estava em toda parte nele. Depois de um tempo peguei meu celular e meus fones, coloquei minhas músicas, que se dividiam entre pop e MPB, e então relaxei meu corpo e encostei minha cabeça, olhei para a paisagem, o Rio é tão lindo, eu amo essa cidade e sentia muita falta desde que mudei por conta da faculdade. Já estávamos na ponte Rio-Niterói e decidi fechar os olhos, quando de repente, em menos de três minutos, sinto algo perto da minha orelha e quando olho pro lado eu não acredito.

Ele não fez isso! Não, eu não acredito! Só consegui olhar pra ele com o máximo de ódio que estava sentindo. Mas quando parei e prestei atenção nele, não podia ser verdade, ele estava totalmente relaxado na poltrona e com um sorriso enorme no rosto, e quando olhou pra mim soltou aquela gargalhada gostosa de se ouvir seja de quem for, com certeza era da minha cara de surpresa. E quando eu não podia ser mais idiota comecei a rir com ele, eu sei podem me chamar do que quiser, mas como não iria rir junto com aquele cara de belos pares de olhos verdes com um sorriso encantador? Na hora eu achei que ele pararia, mas como acontece quando estamos com melhores amigos a risada só aumenta e foi o que aconteceu, quando começamos a nos recuperar ele decidiu falar.

- Agora você sabe a sensação de alguém tirando o seu fone na melhor música da sua playlist. - Ao terminar lançou um meio sorriso no canto dos lábios, e eu senti algo dentro de mim. Só pude me sentir pior ainda, eu não podia e nem queria sentir algo por esse "lindogro" que conheci em alguns minutos, mas admito que crushei desde o primeiro momento.

- Ei! Como sabe se era a minha melhor música?- o olhei desconfiada e com um meio sorriso, ele não pensou muito e logo respondeu.

- Você fechou os olhos ao ouvi-la e depois formou um pequeno sorriso nos lábios. Isso prova que era uma boa música pra você. – Ele estava me observando, ele estava me observando! Ah, meu Deus!

- Então quer dizer que você estava me observando?- Sua cara mudou na mesma hora, os olhos ficaram mais escuros e ele ficou claramente sem resposta.

- Estava olhando para a janela, e já que você está na direção dela é meio impossível não notar você aí.- Aham, sei!

- Hum, entendi.- Estava segurando com muita dificuldade uma risada. Mas dessa vez ele não riria comigo então consegui me distrair desse pensamento.

O colega do meu lado decidiu encerrar o assunto e voltou a encostar na poltrona. Fiquei na dúvida se devia falar alguma coisa ou apenas fazer o mesmo que ele, mas como estava sem controle das minhas ações comecei a falar novamente, sem muita certeza de que ele estava me ouvindo.

- Qual é a melhor música?- Ele olhou rapidamente pra mim e pareceu meio confuso, decidi continuar. – Digo, da sua playlist! Você devia estar ouvindo ela quando puxei seu fone, já que parecia estar em outro mundo.

- Ah... Sim, é uma das melhores pra mim, mas eu não sei por que deveria te dizer, nem te conheço. – Ele parou de falar e percebi que ele não queria falar sobre a tal música e talvez sobre mais nada. E no fundo aquele "nem te conheço" foi uma boa indireta pra eu desistir de tentar. Então me recostei na poltrona como ele fez antes, para evitar mais perguntas e situações estranhas. Mas não fazia sentido, nós tínhamos acabado de morrer de rir juntos e ele decidi fechar a cara do nada, será que ele é bipolar?

Assim que ajeitei meu fone e dei play na música tive a sensação de que tinha ouvido a voz abafada do mau humorado do meu lado, mas como estava virada pra janela decidi não arriscar e dar de cara com ele e ainda mais sem ele ter me chamado. Alguns segundos depois senti ele se ajeitando na poltrona, talvez ele realmente tenha falado alguma coisa, mas eu estava levemente magoada, como ele disse não nos conhecíamos e não precisávamos ter uma conversa, e agora eu concordava.

Meu celular vibrou e vi uma mensagem da Lia, a raiva subiu por todo meu corpo e quis levantar na mesma hora e dar uns tapas nela, mas só pude suspirar e então li o que estava na tela do meu celular:

"Lana sua sortuda! Olha esse gato do seu lado!!!! Vocês já conversaram? Trocaram número? Facebook? Twitter? Sei lá alguma coisa???"

Ainda não sabia por que era amiga de Lia, tudo aquilo era culpa dela e ainda queria que eu arranjasse um caso nesse mês de férias! Ela que me aguarde quando finalmente pudermos descer daquele ônibus. Respondi de forma curta e grossa, e um pouco mentirosa, eu admito.

"A única que parece achar alguém gato aqui é você. Tchau que eu vou dormir. E você me paga, garota."

Nem quis ter o prazer de esperar pela resposta da Lia, apenas coloquei o celular em modo silencioso e voltei a minha cabeça pro encosto pra tentar dormir, mas antes disso acontecer minha curiosidade precisava ser matada, não aguentei e olhei pro cara do meu lado, ele estava completamente largado na poltrona e dormia, sua cabeça pendia pro lado do corredor então não pude ver se ele estava babando ou algo do tipo. Eu podia tirar uma foto e ter em caso de vingança, vai saber. Só sei que não conseguia parar de olhar pra ele, ele estava tão sereno dormindo, nem parecia aquele protótipo de ogro que falou mais cedo comigo. Assim que lembrei do ocorrido virei e tentei dormir, mais uma vez.




Gente, deu dó da Lana :(

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Gente, deu da Lana :(

Vocês fariam uma cena ou deixariam para lá igual ela?

Deixem sua estrelinha e comentem!

Beijinhos, 

V.N.

{01.02.18}

A Garota do FigurinoOnde histórias criam vida. Descubra agora