Capítulo 14

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Não consegui mais andar, minhas pernas falharam e todo meu corpo tremeu. Petros foi direto e disse sem pestanejar, como se pensasse mais um pouco não seria capaz de dizer mais nada. Sua afirmação me causou tantos sentimentos que eu não sabia o que dizer nem fazer. Fiquei me perguntando como ele podia namorar alguém tão amarga como ela e ainda por que teriam terminado o relacionamento. Eram tantos "porquês", que não conseguia decidir qual perguntar, o melhor a fazer era esperar. E foi o que fiz, olhei para ele com o coração pulsando desesperadamente, quase saindo do meu peito, ele agora me encarava e pude sentir em seus olhos que estava sendo totalmente sincero comigo.

– Nós não temos mais nada, mas eu não consegui me livrar desse colar. – Petros tentava escolher as palavras certas, dava para sentir que tudo tinha acontecido há pouco tempo. – Eu amei muito ela, nós nos conhecemos na faculdade e sempre viemos para o acampamento, eu não consegui deixar de vir mesmo depois de terminarmos por que o teatro é minha grande paixão. Mas ver ela aqui é muito difícil. Ainda mais ao lado dele.

- Yan. – Disse mais para mim do que para ele, mas ele confirmou com a cabeça. Tomei coragem e perguntei o que estava entalado na minha garganta. – Então ela deixou você para ficar com ele?

- Não, na verdade ela ficou com os dois. Ela me traiu desde sempre, Lana. – Meu coração se contraiu de dor por Petros, tanto que achei que iria começar a chorar na sua frente, mas segurei. – Quando começamos a namorar ela já tinha um ano com Yan, eles não consideram um relacionamento, mas eles fazem tudo que um casal faz, se é que me entende. – Sim, eu entendia.

- Meu Deus! Eu não acredito, eles são dois nojentos! Que ódio!! Como pude, por um segundo sequer, querer alguma coisa com Yan, ainda mais quando ele disse coisas horríveis sobre você e fez aquele escândalo. Que raiva, que raiva, que raiva! – Andava para um lado e para outro. Se meu desgosto com o Yan e a Agatha era grande antes, agora estava explodindo.

- Lana, eles não merecem nossa raiva. Eu já sofri muito por essa situação e a última pessoa do mundo que quero que sofra por isso é você. – Ele se aproximou de mim, perto o suficiente para sentir sua respiração se misturar com a minha totalmente descompassada, segurou minha mão e a apertou forte, desencadeando um arrepio profundo em mim. Seus olhos me encaravam tão serenamente que me senti frágil. – Promete para mim que ficará longe deles? Principalmente do Yan, Lana, por favor. Você não o conhece, e não sei do que ele é capaz de fazer, ainda mais quando ele deseja alguma coisa.

- Eu prometo, Petros. – Desviei meus olhos dos dele, eu mais do que tudo estava querendo ficar longe deles, mas eu sentia que não seria fácil.

- Mas...? – Ele inclinou a cabeça tentando alcançar meus olhos.

- Eu não queria que existisse esse "mas", só que eu sei que Yan não se distanciará fácil de mim, ainda mais quando tínhamos marcado esse encontro hoje e eu disse que falaria com ele amanhã.

- Infelizmente ele não desiste fácil, mas sempre que preciso estarei ao seu lado para te defender. – Desde que começamos esse assunto, Petros não tinha sorrido para mim, mas valeu a pena esperar. Ele estava mais lindo do que nunca, iluminado pela lua e as lamparinas espalhadas pelo acampamento.

Não consegui evitar pensar que aquele seria o melhor momento daquela viagem, Petros estava me olhando com tanto carinho, que jamais outro homem tinha feito antes comigo. Não conseguia tirar os olhos de seus lábios, queria ter eles nos meus, seria um toque macio e apaixonante, que se eternizaria em minha mente, em minha boca e em meu coração.

Alana, acorda!

Estava claro que Petros era tudo o que eu nunca imaginei encontrar nesse acampamento e se me contassem isso algumas horas antes eu riria com toda a vontade na cara da pessoa. Mas tínhamos acabado de nos conhecer, claramente ele ainda sentia algo pela Agatha, só que também sabia que ele tinha um sentimento por mim. Mas nos conhecemos por algumas horas só, não era o momento. Eu sorri de volta e apertei sua mão, soltando-a com o susto que levei.

- BOA NOITE SENHORAS E SENHORES! SEJAM BEM-VINDOS A NOSSA NOITE DA FOGUEIRA!

Ele deu risada e me puxou para o pátio, assim que chegamos não conseguia ver nada além de pessoas e mais pessoas, aplaudindo e gritando. Tinha mais gente do que no aviso inicial, talvez os funcionários tivessem se juntado também nessa noite. Tentei achar Brenda e Clara, mas estava bem impossível. Petros encontrou os meninos e elas não estavam junto, então passei a andar pelo pátio olhando para todos os lados, tentando ver algum sinal delas, quando meu braço foi segurado fortemente por uma grande mão, pensei que fosse Petros, mas ele não me seguraria dessa forma. Então meu corpo gelou quando imaginei quem faria dessa exata forma.

- Oi, minha gatinha! – Yan. Ele tinha o mesmo olhar da primeira vez que o vi, estava tão lindo. Mas Petros acabou de me dizer uma história horrível, eu tinha que manter ele longe. – Pensei que não ia te encontrar hoje, mas adorei a surpresa. E fico feliz que não esteja com aquele cara.

- Oi, Yan. Eu estou procurando as meninas, elas vieram na frente. – Tentei soltar lentamente meu braço, mas não consegui, ele era muito forte, então decidi ignorar isso. Mesmo estando nervosa pensava no que iria dizer a ele, principalmente em não mencionar Petros. – Tem tanta gente aqui, que acabei me perdendo delas.

- É tem muita gente mesmo, mas agora que me achou podia ficar aqui comigo, até a fogueira acalmar e você encontrar com elas. – Ele disse enquanto acariciou meu braço, chegando até minha mão.

- É acho melhor esperar um pouco, depois acho elas. – Não tinha certeza do que estava fazendo, mas pelo menos ele parecia calmo.

– Lana, eu preciso me desculpar pelo que aconteceu mais cedo. Eu não sei o que deu em mim, mas esse não sou eu. Se você me der uma chance para te mostrar, vai ver que sou bem diferente disso.

- Yan... – O que eu falo? O que eu falo? Ele parecia tão diferente, estava calmo, olhava dentro dos meus olhos e estava sendo atencioso e carinho. Talvez ele não gostasse de Petros, mas não significasse que não gostasse de mim. – Eu fiquei tão surpresa com sua atitude, não esperava isso de você, não posso negar que isso não me deixou mal, mas se você se arrepende e está pedindo desculpas, eu aceito, desde que não se repita mais.

- Não irá, você tem minha palavra. – Ele sorriu. Acho que foi seu primeiro sorriso sincero desde que o conheci. – O que acha de irmos mais perto da fogueira? Podemos sentar e ouvir melhor a música.

Yan segurou minha mão e me deixei ser guiada até a fogueira já que seu corpo grande e musculoso desviava as pessoas com facilidade. Existia realmente uma fogueira e marshmallows, eu fiquei tão animada, nunca tinha feito isso na vida, só via em filmes ou séries, soltei a mão de Yan e corri até os gravetos para encaixar os doces. Pude o ouvir rindo de mim e o encarei, parecia tão mais leve, de um jeito que ainda não tinha visto e que desejei ver mais.

Até que Agatha apareceu atrás dele. E toda a história voltou à minha cabeça.





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Eita, que a fogueira tá queimando até nos nossos personagens! Quer dizer que nosso ogro já teve um relacionamento e com a Barbie Loira? (Que agora sabemos ser Agatha!) 

Muitos babados, será que Lana está se metendo em confusão com Yan? Ou ele só é raivoso com Petros? Vamos descobrir juntos <3


Beijinhos,

V.N.

{22.03.18}

A Garota do FigurinoOnde histórias criam vida. Descubra agora