Capítulo 8

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Eu estava em choque com sua reposta, mas era de se esperar, não é? Ele foi assim a viagem toda comigo, por que eu esperava algo diferente? Pelo menos não tinha tanto caminho pela frente, quando eu menos esperava, o cara que fazia papel de guia turístico – mas na verdade descobri que era um faz tudo do diretor do teatro – informou que tínhamos chegado ao local que seria o "acampamento". Lia me contou mais cedo, quando nos trombamos, que era uma pousada e eles reservaram todo o espaço, também tinha uma espécie de salão que serviria como teatro. Assim que o ônibus estacionou o guia, que não estava preparado, acabou se desequilibrando e caindo longe de onde estava, a risada foi geral, e admito que também ri, mas de tranquilidade, afinal eu não era a única a cometer micos e loucuras hoje. Ele segurava vários papéis no momento e agora estavam todos espalhados, seu rosto estava corado de vermelho e me senti péssima por ter rido, se não fosse pelo ogro eu teria levantado há muito tempo só que ele... Ué! Cadê ele? Eu nem o vi levantar. Pulei da minha poltrona para a dele e olhei no corredor, ele falava animadamente com o nosso guia e ajudava a pegar os papéis, poderia observar aquela cena por horas, então ele não era totalmente um ogro como eu achava. Reparei que havia muitos papéis ainda no chão, num impulso levantei e fui ajudá-los, o meu parceiro de fileira me encarou e estava surpreso, não sei o porquê, eu sempre aparentei ser uma pessoa legal, ele que me tratou grosseiramente, ora! Ele tinha aquela droga de meio sorriso em seus lábios, era estranhamente irresistível, sem pensar perguntei:

- O que foi? – Não consegui segurar o riso, no fim acabamos rindo juntos e fiquei sem resposta.

Balancei a cabeça, foquei e continuei pegando os papéis, que logo depois entreguei ao guia, que agradeceu enormemente e pediu desculpas pelo mico.

- Nem sei como agradecer, por incrível que pareça isso sempre acontece. Não é, Petros? Bom, queria papear mais só que o trabalho me chama e temos um ônibus inteiro nos encarando.– Ele gargalha olhando na direção do ogro, que finalmente tinha um nome, e que nome! Fazia jus a ele, tipo nome de um deus, de um herói. Até que estava divertido descobrir nomes por outras pessoas. William olhou curioso para mim. – Senhorita, percebo que é nova e se precisar de qualquer coisa não relute em procurar pelo destemido William! E quando me procurar como devo chamá-la?

- Senhorita Alana! Um prazer conhecê-lo senhor William. – Ergui minha mão para cumprimentá-lo, mas William despejou um beijo. Nesse momento olhei para Petros, imaginando o que estava pensando sobre descobrir meu nome. A cena toda estava com certeza muito engraçada, Petros apenas observava com graça em sua feição. – O senhor tem esse charme com todas as garotas ou é só uma impressão minha? Talvez por que tenha o mesmo nome do incrível Shakespeare? – William arregalou os olhos, que brilhavam como estrelas, estava encantado, mas um homem alto e com roupas finas o chamou na porta do ônibus deixando-o nervoso e desesperado, quase derrubando tudo de novo.

- Sim, sim! Grande Shakespeare, eterno Shakespeare! Eu tenho que ir, madame! Foi um prazer, te vejo por aí Petros.

William saiu porta a fora e foi retirando as malas com o motorista, enquanto isso eu e Petros voltávamos para nossa fileira, como ele estava na frente me ofereceu lugar para passar por estar na janela, como eu ainda não aprendi a não dizer nada a ele decidi comentar sobre seu nome assim que sentamos.

- Então... Petros, não é? - Ele olhou para mim meio desconfiado – É um nome muito raro, mas achei super bonito. Lembra nome de deuses, nem sei se existe, mas lembra.

- Muito obrigado! Alana, não é? – Ouvir meu nome sair de sua boca, com aquela voz grossa meio rouca fez me arrepiar, eu não podia estar pior na vida. – Que eu saiba não tem deus não, mas é Pedro em Latim. Minha mãe era chegada nessas coisas de antiguidade e a Aga... ahn esquece. – Petros de repente mudou seu semblante, ficou triste e seu olhar estava longe, eu não conseguia entender. Será que ele ia dizer um nome? Realmente acho que ele é bipolar.

- Aconteceu alguma coisa? Você não está se sentindo bem? – Perguntei rápido demais, não fazia ideia do que havia acontecido. – Eu tenho água se quiser, ou um saquinho caso queira, você sabe... pôr pra fora. – Sorri forçado, tentando melhorar a situação.

- Está tudo bem... - Ele não conseguia olhar para mim desde que terminou a frase abruptamente.

- Bom não é o que está parecendo, você ficou branco e nervoso. Deixa eu te ajudar. - Disse atenciosa, por mais que ele não merecesse.

- Já disse que estou bem. - Ele falou mais alto que o normal, pegou a mochila e se levantou. - A fila diminuiu, vou saindo. Nos vemos por aí, Alana.

E então, mais uma vez, ele me deixou inquieta. Meio desesperado e atrapalhado ele seguiu no corredor, me deixando sozinha naquela última fileira. Só pude ver seu corpo se mexer rápido e ouvir as botas pesadas no chão do ônibus até sumir pela porta do ônibus. Bufei de raiva e abaixei a cabeça, logo a apoiando nas minhas mãos, quando algo chamou minha atenção na poltrona ao lado, sendo iluminado pela luz solar ele reluzia dando um incômodo nos meus olhos. Quando olhei sabia de quem era, obviamente, e o que era, só não sabia o que faria com isso... ainda.




Ora, ora nosso ogro ganhou um nome e ainda tem mostrado que pode ter algo de príncipe

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Ora, ora nosso ogro ganhou um nome e ainda tem mostrado que pode ter algo de príncipe.

Talvez Lana descubra mais desse lado dele, vocês também querem?

E o que será essa coisa brilhante que ela achou? Segredo, só no próximo capítulo! Acompanhem <3

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Beijinhos 

V.N.

{13.02.18}

A Garota do FigurinoOnde histórias criam vida. Descubra agora