O lobo esquecido de Konoha

Lembranças

Itachi estava encrencado e sabia disso, os olhos sangrando não seriam impedimento nenhum para que sua mãe o deformasse. Ele provavelmente estaria morto antes mesmo de entrar em Konoha.

— Idiota, por que fez isso? Podia ter matado o kazekage e Shinki! — pensou consigo. — Tudo por causa de um homem que apesar de sua mãe ter lhe dito milhares de vezes que está morto você não consegue acreditar e jura de morte. Ai ai Itachi, o que há com você?

— Falando sozinho de novo? — Kanako pronuncia quando adentra o quarto do filho. Apenas o tom de sua voz, mesmo que calmo, faz com que o jovem se arrepie pelo medo. — Gaara me disse o que aconteceu na sala de reuniões.

— O papai exagerou. Foi só uma mesa. — respondeu direto.

— Só uma mesa? — Kanako estala os dedos quando amassa um punho no outro e encara o filho seriamente. — Você poderia ter matado seu pai e seu irmão. É isso que você quer? Perder sua família por causa do ódio que sente por uma pessoa que nem sequer está entre nós?

— Esses olhos... Eles... Eu não pensei que pudesse fazer isso de novo, só estava com raiva e de repente as palavras saíram da minha boca e as chamas... Elas, aquelas chamas negras, nunca vi algo assim, não nessa intensidade.

Kanako se acalmou ao ver a confusão mental na qual o filho se encontrava. Sentou ao lado dele no chão próximos a porta e colocou sua mão sob os cabelos dele, fazendo um leve cafuné.

— A culpa é minha. Não sabia que você conseguiria desenvolver seu sharingan tão rapidamente e voltar a fazer algo assim... Ainda mais uma técnica dessas com 13 anos de idade e depois de tanto tempo. Como estão os seus olhos? — perguntou, analisando o rosto do filho com ambas as mãos, preocupada.

— Estou bem, só com dores. Acho melhor ficar longe das luzes por hoje. O papai e o Shinki estão bem? — perguntou, secando o sangue no rosto com a manga do casaco.

— Sim, eles estão bem mas preocupados com você. Sabe como o Gaara é, ele não gosta de confusão então deveria tentar ser pacífico por ele. Você não vê o quanto eu me esforço todos os dias?

— Mas com você é diferente, mãe. Você é doce e gentil, as pessoas gostam de você. Eu sempre te vejo arrancar sorrisos do papai e isso é mais difícil do que ganhar uma guerra. Você consegue superar sua dor, eu não. Sinto rancor, ódio, tristeza. Qual é, a Guren-chan precisou te aprisionar em um cristal para que não saísse por aí sujando as suas mãos de sangue. Tudo por causa dele.

— Mesmo aprisionado, assim que o cristal foi quebrando você tratou de nascer né. Já estaria bem mais velho se tivesse nascido na época que foi concebido.

— Ou estaria morto. Graças a essa proteção da Guren-chan, ficamos longe da guerra e seguros. Claro que eu não iria reclamar de ter a mesma idade do Shinki ao invés de ter nascido um ano antes dele.

— Ficamos presos por muito tempo, mais um ano e quando o cristal da Guren se quebrasse estaríamos mortos.

— Eu sou bem estranho só por ter passado anos "congelado" mesmo já estando com nove meses de gestação. Aí agora me vem esses olhos me incomodando novamente. Eles doem. Por que eu não nasci com olhos como os seus?

— Bom... Eu não sei te dizer isso. Pelo que me lembro, meus pais também não tinham os mesmos olhos que eu. É difícil dizer porque sou assim, nem o Kagura sabe a resposta.

— Ser jinchuuriki de um animal desses não deve ser fácil.

— O Kagura me escolheu. Se não fosse pela técnica de selamento, eu provavelmente estaria morta. Agora ele e eu somos um só. Foi difícil, houveram momentos em que pensei que o odiaria sempre. Acho que sou a única jinchuuriki que precisou ser domada pelo bijuu. — acabou rindo quando se deu conta de que parecia que ela tinha sido selada no Kagura e não o contrário.