1.Toc Toc

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  Estava chegando em casa. Hoje depois da aula, iria com o pessoal da escola para Port Angeles assistir a um filme. Jake iria também, é claro. Estava dirigindo quando notei uma coisa que me deixou intrigada. Eu sempre sentia o buraco no peito quando eu pensava nele, e eu estava pensando nisso agora, mas ao que parece a dor não veio. Já estava chegando quando vi um carro estacionado e Jake estava sentado no capô, ah então foi isso. Nós estávamos tão conectados que foi como se eu soubesse que ele estaria ali me esperando, entendi a falta da dor, eu nunca sentia o buraco perto do Jake, como se, de alguma forma, ele me preenchesse. Eu sabia que não podia ser outra coisa, afinal eu pertencia a ele, ainda, mas no fundo uma vozinha queria dizer que não.

    Não dei atenção, eu não tinha mais conserto. Sorri para o Jake e sai da picape.

—Não acredito, você terminou. — Ele sorriu como sempre para mim.

—Ontem, hoje é a viagem de inauguração.—ele me disse. Levantei a mão para ele bater na minha.

—Eu vou poder dirigir hoje? —Ele perguntou, e sua mão ficou segurando a minha.

—Claro. Jake, isso é fantástico, eu não conseguiria superar isso. Eu desisto você é mais velho. —Eu disse rindo para ele, ele continuou sorrindo e deu de ombros.

—Eu já sabia. —Mike chegou nesse momento e eu me afastei do Jake, ele comentou que se lembrava do Mike. Mike saiu do carro e eu apresentei os dois, senti um clima, mas tinha Ângela e Ben, eles iriam também. O telefone tocou e eu entrei para atender. Era Ben, Ângela e ele não poderiam vir, ela estava doente.

    Depois de informar que o grupo fora reduzido, fomos para o cinema no carro do Jake. Jake conversou o tempo todo, ele estava feliz, eu até me esqueci do Mike rabugento no banco traseiro. Depois de um tempo Mike chegou perto de mim e disse:

—O som não funciona?—Ele tinha um toque de petulância.

—É claro que sim, mas a Bella não gosta.— Jake disse. Como ele podia saber? Ele me conhecia melhor do que eu mesma, eu nunca disse isso para ele. Mike interrompeu meus devaneios.

—Bella?—Mike aborrecido.

—Jake está certo. —Continuei encarando ele de perfil, tinha um clique vindo, mas eu não estava conectando os cabos certos do meu pensamento. Mike, de novo, interrompeu meu raciocínio. Eu olhei pra ele, mas por dentro eu estava com raiva.

—Como não pode gostar de musica?— Eu já estava irritada, foi fácil ser honesta.

—Eu não sei, só me irrita.— Mas minha linha de raciocínio foi perdida.

    Chegamos ao cinema e comecei a me arrepender de ter chamado Mike, ele estava tentando estragar a festa. Eu fiquei no meio, Mike de um lado e Jake do outro. Reparei que Mike nem via o filme, mas depois de um tempo, Jake começou a rir bem baixinho. Só eu escutei.

—O que foi?

—Ah, esse filme é uma piada. Como sangue pode voar metros?— Jake disse rindo baixo.

    Depois disso, eu comecei a me divertir mesmo. Como eu colocaria limites na minha relação com Jake se eu mesma não queria isso? Com esse pensamento eu senti o toc toc no meu cérebro do mesmo modo que no carro. Tinha alguma coisa que estava passando despercebida, que eu não estava pegando, mas eu não sabia o que era e continuei com o filme, estava engraçado mesmo. Depois de meio filme, Mike passou mal e saiu da sala, eu fui atrás dele e Jake me seguiu. Pedi pro Jake ficar, mas ele veio comigo do mesmo jeito.

    Jake me falou que Mike estava passando mal no banheiro. E fez piadas do Mike. Eu não liguei. Jake se sentou num banco do cinema e pediu pra eu me sentar ao seu lado. Eu me sentei, mas sabia que ele iria cruzar linhas, pude perceber pelo seu olhar. Jake colocou a mão no meu ombro. Eu me afastei.

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