Nem o Tempo Pode Apagar

Capítulo III

Já servido o banquete, Alexandra observava tudo e no fundo começava a entender do que se tratava aquele ridículo banquete. Era de se esperar, Otávio teria que se casar, a ideia de ter outra nos seus braços e possuir o titulo que ela nunca poderia ter a enjoou. De repente seu estômago se revirou e por um milagre não desmaiou, respirou fundo, tinha que ser forte, mesmo Otávio casando com outra, certamente não seria por amor rcontinuaria a procurar em seus braços o que nunca encontrou em nenhuma mulher. 

-Atenção Senhores, peço por gentileza a atenção de todos, o Príncipe Otávio dará sua palavra.

-Boa noite senhores, senhoras. Hoje será um marco não somente em minha vida, mas certamente para esta província e para a grande França. Formalizo hoje o meu noivado com a Duquesa Cecília, filha do Duque José Francisco da França!

Um burburinho se fez, e em aplausos, deram sequência a grande festa daquela noite.

Alexandra deixava o salão, partindo desnorteada para o lavabo, de repente sentiu alguém segurar seu braço.

-Contenha-se Alexandra, Otávio, mandou-me avisar que a espera no lugar de sempre.

Alexandra ouviu em silêncio, entrou no lavabo, tentou inutilmente se recompor e deixou escapar algumas lágrimas, não pretendia se apaixonar por Otávio, na época em que era pobre, era ingênua e após o ato em que Otávio a atacou no lago, fugiu amedrontada, mal sabia o que seria de sua vida depois daquele ato, cultivava sua castidade por amor a Deusa que a protegia. Jurou nunca se deitar com homem algum, e agora? chorou copiosamente enquanto lembrava.

Recobrou a consciência e saiu do lavabo a fim de seguir para o local determinado por Fernando a mando de Otávio.

Em um casebre afastado do palacio, Alexandra entrou.

-Que demora! Não posso me ausentar por muito tempo. Resmungou Otávio.

Num impulso Alexandra saltou em sua direção e começou a esmurrar seu peito.

-Desgraçado! Como pode fazer isto comigo!

Otávio segurou firme seus pulsos e a afastou friamente, jogando-a no chão.

-Controle-se, não seja tola, pensou que eu nunca me casaria? Ou melhor, que eu casaria com você?! Isso é pelo bem desta província e pela honra de minha família.
 Agora levante-se. A partir de hoje não teremos mais nada, pelo menos por enquanto. Não posso me dar ao luxo dos franceses descobrirem. Quero que suma por um tempo, já lhe dei bastante dinheiro, terras, posses... Não me procures e se faça o mais invisível possível, principalmente a corte. Caso eu queria vê-la, Fernando irá chama-la.

-Não me abandones Otávio! Eu lhe dei minha vida, minha juventude, abandonei tudo por você. Alexandra dizia aos prantos.

-Deixe de bobagens, que vida tinha? Era uma pobre camponesa, sua única família era sua mãe, uma cega doente.

Eu dei tudo a você, terras, dinheiro, um nome! Eu nunca lhe prometi nada a não ser sexo! Ironizava.

-Estúpido! Nojento! Você me usou! Tirou de mim a minha reputação! Te segui porque não tive escolha, após a morte de mamãe o único que me restava era você! Aprendi a ama-lo, não me deixes Otávio! Você não será feliz ao lado dela, só eu sei satisfaze-lo como homem!

-Deixe-me, está acabado, por hora não me procure. Está avisada, se tentares fazer algo, irá se arrepender.

Deixando Alexandra aos prantos, Otávio saiu do casebre, voltando para o Palácio com a imagem pedante de Alexandra. Até que sentia pena dela, depois do ato brutal naquele algo, ela havia se tornado uma mulher desonrada e naquela época só o que restava era a prostituição. Ele como era orgulhoso, não queria dividi-la com mais ninguém, então, a tornou sua exclusiva. Quando dominou aquela província, ordenou que buscassem Alexandra que estava residindo na Itália. Somente Fernando, tinha total conhecimento de seu relacionamento com ela.

-Otávio, os convidados estão partindo,  você demorou disse Fernando.

- Perdoe-me, conheces o temperamento de Alexandra.

-Como ela recebeu a notícia?

- O que achas? Quero que a partir de hoje fique de olho nela e certifique que ela nao fará nenhuma besteira.

-Sim, senhor.

- Onde esta Cecília? Não tive o prazer de dizer que está encantadora está noite.

- Está no salão, senhor.

- Com sua licença.

Fernando então foi ter com os convidados que já estavam partindo a fim de recolher informações sobre como haviam recebido a notícia do noivado de Otávio e Cecília.

Otávio, caminhou a passos largos para o salão, avistou Cecília e a convidou para dançar.
Pegou em sua mão e a beijou.

Enquanto dançavam Cecília estava apreensiva, não conhecia Otávio.

-Está linda Cecília, perdoe-me a  ausência, tive que resolver assuntos sérios. Mas não pude deixar de observar, você está realmente linda esta noite.

- Obrigada, meu senhor. O Senhor também está muito elegante.

Otávio sorriu.

- Espero que sejamos felizes, o que acha meu príncipe?

- Farei de tudo para que a França fique satisfeita com este casamento e torne-se minha aliada. Felicidade maior que esta desconheço, disse Otávio.

Cecília enrigeceu o rosto e sentiu um desejo de não estar ali.

Ao terminar a dança, Otávio esperou todos irem embora, para enfim se recolher. Estava satisfeito, havia dado um importante passo é e Cecília não era nada mal, era jovem, casta, tinha uma pele macia, cabelos negros, olhos azuis, grandes e tristes. Isso para Otávio era sinônimo de mulher fria, detestava isso.
Depois de oficializar essa baboseira, poderia voltar a se encontrar com Alexandra. Tinha que romper com ela naquele momento, pois caso o Duque José Francisco suspeitasse de seus flertes, findaria o acordo é isso seria terrível para sua familia, uma vez que, sem aliados, não demoraria para que um país forte tomasse por meio da guerra a província que conquistou.
Quando menos esperou adormeceu.

-Ele me paga, disse Alexandra.

Tentou se levantar do chão, mas logo se desequilibrou, sentiu um grande mau estar e colocou todo o banquete para fora.
Quando se recompôs, lavou o rosto e saiu do casebre apressada não podia ser vista ali. Entrou na carruagem e sumiu por dentro da estrada.

Lorena mal podia acreditar no que acabará de ver. Correu de volta ao palácio para poder contar o que descobriu para sua Senhora.