Capítulo V

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Alexandra não conseguiu pregar os olhos e por mais que se esforçasse a dormir, não conseguiu. Aguardou ansiosamente o amanhecer.
Ao primeiro raio de sol, se levantou, banhou-se e colocou um vestido Verde  de tecido acetinado, que deixava seu colo completamente nu. Olhou-se no espelho e abriu uma gaveta, pegou um colar que Otávio havia lhe presenteado, colocou no pescoço, perfumou-se e saiu, antes mesmo de Cristina acordar.
Chegou a cidade, as ruas ainda ganhavam movimento, os camponeses e comerciantes começavam a se agitar, nada era muito organizado e limpo, coisa que a fazia lembrar dos seus tempos como camponesa. A imundice da Praça, o cheiro podrido a enjoou.
Parou por um momento tentando recordar o que ali fazia. Ao lembrar comprou o que precisava para dar início ao seu plano e foi embora.
Chegando no casarão, Cristina a surpreendeu.

- Senhora, já acordada? Venha comer algo, não tens se alimentado nos últimos dias.

- Não tenho fome Cristina, talvez no almoço. Agora preciso sair.

- Novamente? Onde vai?

- Sabe exatamente onde vou! Se alguém aparecer, diga que fui visitar um parente.

- A senhora vai a floresta? Cuidado senhora! Padre Jean tem a observado.

Alexandra soltou uma gargalhada.

- Não tenho medo de Padre nenhum. Agora não me amole. Já lhe avisei.

- Sim senhora.

Alexandra subiu para seu quarto, trocou suas vestes, agora pôs um vestido leve, quase transparente, deixava suas curvas expostas.
Jogou uma capa negra por cima e saiu para seu lugar sagrado.

Chegando lá, aos pés da árvore, amarrou um animal e com palavra desconhecidas chamava os espíritos das trevas para aquele local, então ergueu um punhal e com um gesto preciso cortou a garganta do bode, ergueu as mãos e começou a proferir as palavras em latim, como se estivesse em transe, recitava os olhos, despejou o sangue do animal em uma bacia e ofereceu aos espíritos que ali estavam. Pediu ajuda para atormentar Otávio, tornando-o sedento só por ela e por mais ninguém. Tomou um gole satisfeita e após recolheu os seus pertences, desamarrou o bicho a fim de ninguém perceber que foi usado em um ritual, mais sim morto por outro animal qualquer.

Alexandra conheceu a cultura pagã com sua mãe que era descendente de Druidas, uma tradição passada por gerações. Porém sua mãe nunca a instruiu ao lado negro da magia. Este lado Alexandra conheceu com Ramão o espírito que aparecia sempre para ela em seus cultos em noites de lua negra, ficava de longe a observando sem nada dizer. Seus olhos eram negros assim como suas vestes, aparentava ter meia idade. Certa vez, quando sua mãe faleceu e Otávio estava de partida para tomar um novo território e provavelmente iria deixa-la, Ramão falou pela primeira vez.

Pediu um pequeno sacrifício e em troca deixaria Otávio completamente louco por ela. Ramão em sonho lhe avisava que sem ele, ela morreria de fome, e que tinha planos melhores para Otávio e ela. Sem exitar muito Alexandra fez o que Ramão propôs.
Naquela mesma noite Otávio apareceu e se amaram loucamente. Após o ato, Otávio disse que partiria no dia seguinte mas que Fernando, a levaria para uma de suas terras na Itália e assim que pudesse a mandaria buscar para ficar junto dele.
Alexandra estava radiante e em seus braços amou o corpo de Otávio como nunca o fez.

No casarão Cristina rezava pedindo aos céus para que sua Senhora não fosse descoberta. Ouviu batidas na porta e correu para abrir.

- Bom dia senhor Fernando, em que posso ser útil?

- Alexandra está?

- Não meu senhor, ela viajou, foi visitar um parente doente.

Fernando então olhou firme em seus olhos e sabia que criada estava mentindo. Alexandra não tinha família.

Empurrou a porta e entrou no casarão, olhou os cômodos e voltou-se a Cristina.

- Não minta, sei que ela esta aqui, diga de uma vez, não a farei mal.

- Perdoe-me senhor, ela foi pegar um pouco de ar na floresta ao lado.

- Obrigado, passar bem.

Fernando saiu e caminhou até a floresta.

Nem o Tempo Pode ApagarOnde histórias criam vida. Descubra agora